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Como fazer uma boa redação da UERJ

Não adianta fazer uma redação no modelo Enem. A estadual carioca tem critérios próprios - e gosta de opinião, assuntos polêmicos e repertórios sólidos

Por Karin Hueck
Atualizado em 12 set 2023, 15h35 - Publicado em 12 set 2023, 15h32

O vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) é um pouco diferente dos demais testes de admissão para as universidades – incluindo a sua redação. Ele é composto por duas etapas: primeiro, um Exame de Qualificação, que acontece em duas datas ao longo do ano – em 2023, eles foram realizados em 04/06/2023 e em 03/09/2023. Esse teste, de múltipla escolha, e que avalia os alunos nas disciplinas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, é eliminatório: apenas quem for aprovado passa para a segunda etapa, chamada de Exame Discursivo.

Já o Exame Discursivo do vestibular da UERJ 2024 está marcado para o dia 3 de dezembro de 2023 – e esse, sim, exige uma redação. Essa redação é diferente dos moldes do Enem, por exemplo, e demanda uma preparação específica.

Para começo de história, o texto exige a leitura de uma obra literária, cujos conteúdo, assuntos e abordagem servirão de inspiração para a elaboração da proposta de tema, geralmente em formato de pergunta, a ser respondida na redação. Este ano, o livro exigido é “O menino do pijama listrado”, de John Boyne.

O GUIA DO ESTUDANTE conversou com a professora Milla Borges, especialista na redação da UERJ e do Enem, para elaborar umas dicas para quem está se preparando para a prova. “O texto modelo do Enem não funciona para a UERJ”, diz ela. Confira aqui.

1. Apesar de haver o livro, não se atrele ao livro

É essencial ter feito a leitura da obra exigida – mas isso não quer dizer que a redação vai cobrar detalhes do enredo ou do desfecho dos personagens para avaliar a sua escrita. Geralmente, a banca da UERJ parte do livro para discutir questões maiores e atuais. O livro se torna, assim, o ponto de reflexão da redação.

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No caso da obra deste ano, que fala sobre duas crianças – uma alemã e outra judia – que se conhecem na cerca de um campo de concentração nazista e acabam formando uma amizade, temas como intolerância, fascismo, perseguição religiosa, o olhar infantil, a banalização da barbárie, a perda da inocência da infância, entre muitos outros, poderão ser cobrados, por exemplo.

+ Ele sobreviveu a um campo de concentração nazista quando era criança – e desenhou tudo depois

2. Opinião é bom

Ao contrário da redação do Enem, que pede um texto dissertativo-argumentativo – que embora defenda um ponto de vista, deve ser menos pessoalizado – para a prova da UERJ, não pega mal emitir uma opinião clara. Pelo contrário: ela prioriza a construção da opinião dos alunos e espera que o aluno se exponha no texto. “A banca quer ver como o candidato constrói o seu ponto de vista”, diz Milla Borges. Por isso, admite-se até um texto elaborado em primeira pessoa, seja no singular ou no plural. Da mesma forma, a prova não exige uma conclusão em um modelo fechadinho, como o Enem, que pede uma proposta de intervenção. Para a UERJ, a conclusão pode ser mais livre.

3. Título vale ponto

Nada de ir direto à introdução. Espera-se que o aluno elabore um título curto, criativo, preferencialmente nominal, que tenha a ver com o tema, para acompanhar a redação.

4. A banca é de acadêmicos

Ao contrário do Enem, que é uma prova prestada por milhões de candidatos em todo o país e que, por isso, exige também um verdadeiro batalhão de corretores, o vestibular da UERJ é pequeno. São os próprios professores da instituição que corrigem os textos – de forma presencial ainda por cima. Por isso, é bom ter em mente que a banca de avaliadores é formada por acadêmicos.

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5. Repertório na ponta da língua

Como os corretores são acadêmicos, é de se esperar que eles gostem de avaliar as referências socioculturais dos candidatos. “Eu não aconselho aos alunos a citar uma frase qualquer de um filósofo, como se faz no Enem, sem que o candidato saiba de fato a teoria desse pensador. Pode pegar mal”, explica a professora Milla. A banca valoriza, por exemplo, quando se cita obras literárias, músicas, e outras referências que os estudantes de fato dominem, para então fazer um diálogo com acontecimentos atuais ou fenômenos da sociedade.

6. A UERJ não foge da polêmica

Prepare-se para debater assuntos da atualidade na redação. A frase-tema da redação do vestibular de 2022 foi “O princípio “certeza não é verdade” deve orientar as pessoas na condução de suas vidas públicas e privadas?”. A frase “certeza não é verdade” pode ser vista como uma referência direta a uma suposta citação feita por procuradores da Operação Lava-Jato em 2016, que viralizou nas redes: “Não temos provas, temos convicção”. Também pode ser lida como uma crítica à disseminação de fake news, fatos falsos usados para defender certos pontos de vista, mas que não são baseados em evidências reais.

+ Fake news: aprenda a identificar uma notícia falsa

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Redação, Universidades
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