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8 cientistas brasileiras que estão trabalhando em projetos incríveis

Muitas cientistas brasileiras estão ajudando a mudar o mundo, mas nem todas têm seus feitos noticiados

Por Redação do Guia do Estudante
16 mar 2020, 17h08
8 CIENTISTAS
 (Pixabay/Lucas Silva/Guia do Estudante/Reprodução)
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No dia 28 de fevereiro deste ano, o Brasil testemunhou um feito admirável: em apenas 24 horas, um grupo de pesquisa liderado por mulheres sequenciou o genoma do coronavírus. Tempo recorde, já que até então a média dos outros países era de 15 dias. A descoberta, por sua vez, essencial para que se detectem mutações e para o desenvolvimento de vacina ou outras curas.

A verdade é que há muitas cientistas brasileiras trabalhando para melhorar o mundo, e nem todas elas têm seus feitos noticiados. Pensando nisso, selecionamos oito delas; em diversos campos de estudo, estas mulheres procuram e criam soluções com potencial de grandes transformações.

Sabe o que elas têm em comum? Além de estarem tentando salvar o planeta – de uma forma ou de outra -, todas são parte da rede de alto impacto do programa Líderes Estudar, da Fundação Estudar. Além de bolsa de estudos, essencial para que conseguissem o embasamento necessário para tais feitos, a iniciativa dá acesso à rede, mentoria e oferece outras oportunidades de desenvolvimento. As inscrições estão abertas para a edição de 2020.

Confira as oito cientistas brasileiras da rede Líderes Estudar que estão trabalhando em projetos incríveis!

Na Bioengenharia…

Nadia Ayad, a jovem que criou um sistema inovador de dessalinização da água

Nadia Ayad é uma carioca formada em Engenharia de Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Em 2017, estampou manchetes ao vencer um concurso mundial organizado pela companhia sueca Sandvik sobre aplicação de grafeno. À base de carbono, o grafeno é o material mais fino e mais forte já criado, além de ser transparente e um excelente condutor de calor.

Quando estava na faculdade, Nadia pesquisou suas propriedades e avanços recentes relacionados, até ter a ideia de usá-lo em um sistema de filtragem e dessalinização de água para reciclá-la e assim, combater, a escassez em regiões necessitadas, como as semiáridas e áridas. Ou seja, sua descoberta tinha potencial de tornar potável a água desses locais.

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Entre trabalhos voluntários, estágios de pesquisa e iniciações científicas no Brasil e no exterior – ela passou um ano na Universidade de Manchester, onde o grafeno foi criado, e estagiou na Imperial College London – Nadia decidiu seguir carreira em Bioengenharia, que trata do desenvolvimento de novas tecnologias do ponto de vista da engenharia para resolver problemas da ciência da vida, tema do doutorado que realizou na Universidade da Califórnia, em Berkeley. “[A bioengenharia] vai desde a criação de próteses e novos equipamentos médicos até o estudo de criação de tecidos e órgãos sintéticos e engenharia genética”, explica.

Sayuri Magnabosco, a jovem que criou embalagem sustentável que substitui isopor

Sayuri Magnabosco nasceu em Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina. Ainda no ensino médio, no qual se formou com o 2º melhor desempenho acadêmico dentre 334 formandos, desenvolveu uma embalagem biodegradável de cana-de-açúcar para substituir bandejas de isopor, material que não é reciclável.

Na Febrace, feira de ciências da USP, ganhou medalha de prata em Ciências Biológicas, mérito da Sociedade Brasileira de Microbiologia, e reconhecimento da ASM Materials pela exibição destaque em material sciences. Na Genius Olympiad, NY, foi medalhista de bronze em Design. Com esse projeto, Sayuri também ganhou o concurso Village to Raise a Child de Harvard, o Prêmio Jovens Inventores do programa Caldeirão do Huck, o Prêmio Jovens Fora de Série da Fundação Estudar, e foi nomeada “uma das 14 mulheres incríveis para ficar de olho” pela Editora Abril.

Hoje ela faz graduação em Engenharia com major em Engenharia Biomédica na Dartmouth College, nos Estados Unidos, onde atua também como assistente de pesquisa. Entre os projetos a que tem se dedicado estão a produção de anticorpos monoclonais para criar a primeira vacina contra o citomegalovírus (CMV) e avaliações de um novo dispositivo usado em estudos sobre diagnóstico não invasivo de doenças infecciosas.

Na Ciência da Computação…

Carolina Guimarães, a jovem que criou sua própria plataforma de ensino

Desde os 8 anos, Carolina Guimarães participa de olimpíadas científicas. No ensino médio, representou o Brasil em competições internacionais de astronomia no Uruguai e na Indonésia, trazendo para o país muitas medalhas e menções honrosas. 

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Na mesma época, criou sua própria plataforma de ensino, chamada Cálculo Zero. Disponível na internet, a iniciativa despertou o interesse de 20 mil estudantes pelo Brasil. Ainda no ensino médio, a jovem também desenvolveu um software didático para uma bicicleta ergométrica geradora de energia. Em outro projeto, fez experimentos em túnel de vento e simulações digitais. Pelo desempenho na equipe, foi convidada a apresentar um artigo seu em uma conferência focada em engenharia mecânica na Argentina. 

Carolina estuda Ciência da Computação e Matemática na Universidade Yale, nos Estados Unidos. Quando voltar ao Brasil, quer usar a tecnologia para trabalhar com educação de impacto.

Na Eletrônica…

Isabela Rodrigues, a jovem que quer criar um robô para explorar o espaço

A estudante cearense Isabela Rodrigues interessou-se desde cedo por robótica. Graças à dedicação à área, conquistou oito prêmios e mais três classificações para a RoboCup, competição renomada de robótica, em sua fase internacional. Também coleciona medalhas na Olimpíada Brasileira de Astronomia e na Olimpíada Brasileira de Física.

Durante a graduação em Engenharia Elétrica e Eletrônica na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, a que se dedica hoje, pretende aprender mais a fundo sobre os temas e criar um robô que possa ser usado para explorar o espaço. Em meio a isso, também quer servir de exemplo a outras jovens. “Quero elas saibam que podem chegar lá”. Para ficar de olho!

Na Engenharia Biomédica…

Georgia Sampaio, a jovem que descobriu como diagnosticar a endometriose de forma mais barata

Georgia Sampaio nasceu em uma comunidade de Feira de Santana, na Bahia. Vinda de uma família humilde – seus pais não têm curso superior -, sempre buscou estudar nos melhores colégios do estado, por meio de bolsas de estudo conquistadas por conta de seu desempenho acadêmico. Aos 12 anos, começou a aprender inglês sozinha. “Tive minha vida completamente mudada pela educação”, conta.

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Quando estava no ensino médio, sua tia foi diagnosticada com endometriose – doença crônica que atinge milhões de mulheres no mundo – e teve que retirar o útero. Georgia testemunhou seu sofrimento e começou a pesquisar formas de tornar o diagnóstico mais rápido e acessível financeiramente. Com o avanço do projeto, conseguiu provar sua importância. Em 2014, teve sua iniciativa premiada pela Harvard Social Innovation Collaborative.

Com o sonho de estudar fora, ela se aplicou à universidades americanas – e foi aceita em nove. Dentre as instituições, Yale, Columbia, Duke, Dartmouth e Stanford. Escolheu a última, onde fez sua graduação.

Na Física…

Bárbara Cruvinel, a jovem que desenvolve instrumentos para o estudo das galáxias

A produção de conhecimento foi o que atraiu Bárbara Cruvinel Santiago desde cedo, quando ela participava de olimpíadas científicas. “Sabia que queria seguir carreira acadêmica e produzir conhecimento em vez de só aplicá-lo.”

Para isso, fez a graduação em física em Yale. Passou dois meses, suas férias de verão do seu primeiro ano, no CERN – o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado em Genebra, na Suíça.

Seu dois últimos anos foram dedicados aos estudos em um laboratório de física atômica em Yale. Logo após se formar, ficou um ano trabalhando no LIGO, laboratório de ondas gravitacionais do MIT, que, em 2017, ganharia o prêmio Nobel da Física. “Meu trabalho por lá ainda envolvia muito do que eu fazia em Yale, trabalhando com lasers, equipamentos eletrônicos e programação, porém o objetivo final seria usar o que a gente desenvolvesse com aplicação em astrofísica.”

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Como próximo passo, resolveu fazer PhD em Física na Universidade de Columbia. Atualmente, Bárbara atua como pesquisadora em astrofísica na instituição. “Basicamente, meu trabalho é tentar desenvolver instrumentos que possam ser mais eficientes para estudar a interação entre galáxias com o universo ao redor delas”, explica.

Na Química…

Ligia Melo, a jovem medalhista em olimpíadas internacionais de química

A aptidão para as áreas Exatas vem de berço, no caso de Ligia Melo. Ela é filha de um professor universitário de matemática e de uma analista de sistemas. Ligia já conquistou medalhas na Olimpíada Brasileira de Física, na Olimpíada de Química em São Paulo e primeiro lugar geral na Olimpíada Brasileira de Química. Os resultados atraíram olhares do colégio Ari de Sá, em Fortaleza, que lhe ofereceu uma bolsa integral.

A partir daí, frequentou as aulas da turma ITA/IME, enquanto treinava para as olimpíadas internacionais. Com tanto preparo, recebeu mais premiações: prata na International Chemistry Olympiad e ouro na Olimpíada Iberoamericana de Química.

Ao mesmo tempo em que competia, Ligia dava aulas e gravava vídeo-aulas. “Eu sou apaixonada por ciência e quero ser cientista, mas também quero que mais pessoas tenham acesso a isso”. Hoje, ela se dedica à graduação em Engenharia Química na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Para ficar de olho!

Na Neurociência…

Giovanna Ribeiro, a jovem que criou um projeto de interface cérebro-máquina

Nascida em Itajubá, em Minas Gerais, Giovanna destacou-se não só pelo bom histórico escolar, também por sua paixão pela neurociência. Com sua dedicação à uma rotina de estudos em casa, ela obteve o primeiro lugar na Olimpíada Brasileira de Neurociências.

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No ensino médio e em seu gap year, estagiou em laboratórios da área na Universidade de São Paulo e na Universidade Estadual de Campinas. Nessa última, conduziu um projeto próprio de interface cérebro-máquina (ou cérebro-computador), caminho comunicativo direto entre cérebro e um dispositivo externo.

A nível internacional, embarcou para o Instituto Weizmann, em Israel, para trabalhar com eletrofisiologia. Atualmente, conduz sua graduação em Neurociência e Ciência da Computação na Universidade Johns Hopkins. Ela planeja elaborar projetos que coloquem mais jovens em contato com o campo. “É importante desenvolver o pensamento científico e aprender a lidar com a diversidade, o que é a base da ciência”, afirma. Para ficar de olho!

Este texto foi originalmente publicado no portal Na Prática, parceiro do Guia do Estudante.

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