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Bancar o rebelde para ser popular na escola pode ser prejudicial, afirma psicóloga

Agir impulsivamente e enfrentar autoridades, como fez o atacante santista Neymar recentemente, até pode trazer popularidade, mas prejudica relações de confiança

Por por Mariana Nadai
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h30 - Publicado em 28 set 2010, 12h18

Nas últimas semanas, o Brasil acompanhou os desfechos da falta de disciplina do jogador de futebol Neymar, atacante do Santos. Tudo começou no jogo contra o Atlético Goianiense, em 15 de setembro, pela 23º rodada do Campeonato Brasileiro, quando o atacante sofreu um pênalti. Impedido de cobrar a infração pelo então técnico Dorival Júnior, Neymar xingou o treinador. Ainda no jogo, o atacante foi repreendido pelo companheiro de equipe e capitão Edu Dracena e ouviu os gritos de apoio da torcida a Dorival Júnior.

Fora de campo, a atitude desrespeitosa do jogador também teve um preço. No dia seguinte ao episódio, o clube santista aplicou uma multa a Neymar, que veio a público pedir desculpas pelo mau comportamento. Não satisfeito, Dorival Júnior insistiu por uma punição maior, e a diretoria do clube afastou o jogador (atitude que posteriormente custou o cargo do treinador, às vésperas do clássico contra o Corinthians, semana passada)

Eles são “os caras”
O comportamento de Neymar, 18 anos, não é incomum entre pessoas da idade ele. Gente impulsiva, que não se importa em desrespeitar autoridades, existe aos montes. Nos corredores da escola, por exemplo, essas pessoas estão sempre marcando presença.

Muita gente apela para um comportamento semelhante ao de Neymar para ser popular na escola. O jeito impulsivo, o desrespeito a colegas e professores é admirado por grande parte dos estudantes. Mas por que isso acontece?

Segundo Yara Sayão, psicóloga do Serviço de Psicologia Escolar da Universidade de São Paulo, esse tipo de adolescente é considerado corajoso e ganha a atenção dos colegas por expressar o que muitos sentem. “A maioria das pessoas canaliza esses sentimentos impulsivos, quando na verdade gostariam de xingar os professores, bater de frente com os diretores. Por isso, quando alguém faz isso por eles, acaba sendo admirado”, explica.

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Ser o popular pode ser bacana, mas tem o seu preço. Muitas vezes, ao assumir essa postura, o jovem acaba sendo pressionado a sempre agir desta forma, não conseguindo mudar de comportamento. Segundo a psicóloga, “os adolescentes costumam delegar papéis uns aos outros. Quando a pessoa se mostra explosiva uma ou outra vez, é enquadrada pelo grupo como aquele que sempre enfrentará os outros. Ou seja, não consegue ser diferente porque o grupo não deixa”.

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O mais perigoso para Yara, entretanto, é o que esses adolescentes acabam perdendo nas relações humanas. Muitas vezes o comportamento explosivo pode levar ao fim uma amizade verdadeira e até um namoro. Atitudes como esses impedem relações de confiança. E, ao mesmo tempo em que se perde nas relações verdadeiras, ganha-se nas amizades por interesse. “As pessoas se aproximam do adolescente impulsivo por ele ser o porta-voz e não por gostarem de verdade dele”, afirma.

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É possível mudar!
“Todo mundo já viveu uma situação como a de Neymar. O importante é pensar em o que você fará para ser diferente”, diz Yara, que afirma que pensar antes de agir é a primeira medida para tentar mudar uma personalidade explosiva e impulsiva.

Outra importante dica é fazer amigos e conversar bastante com eles. “As relações de amizade na adolescência são fundamentais. Nessa fase, o jovem ouve mais as opiniões dos amigos dos que dos pais, por exemplo, que são sempre vistos como autoritários”, explica a psicóloga.

Mudar não é tão difícil quanto parece, mas pede um pouco de esforço. Compreender quando erramos e assumir o erro é o mais importante. Para isso, nada melhor do que um bom bate-papo com um amigo de confiança, que além de ajudar a ver nossos erros é um bom suporte na hora de assumir nossos deslizes.

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