Há mais de duas semanas a região serrana do Rio de Janeiro vem sendo castigada por fortes chuvas, que alagaram cidades, destruindo casas e deixando milhares de pessoas desabrigadas. Os municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, os mais atingidos, já somam mais de 770 mortes. E o número ainda pode subir, pois a Defesa Civil estadual calcula que existam cerca de 330 desaparecidos entre os escombros.
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As fortes chuvas começaram em 11 de janeiro, mas foi na madrugada do dia 12 que a região sofreu a maior delas. Em Nova Friburgo, o município mais atingido, o temporal foi o maior registrado desde 1964. Informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revelaram que, em menos de 24 horas, 182,8 milímetros de chuva haviam caído na cidade – o volume máximo anotado até então era de 113 milímetros, em 24 de janeiro de 1964.
Enquanto a tempestade caía na cidade, até mesmo um dos locais considerados seguros por moradores foi atingido. Instalado desde 1993 em Nova Friburgo, o Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), campus regional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), se situa no meio de duas montanhas, mas nunca foi visto como uma área de risco.
“Fomos pegos totalmente de surpresa, até a madrugada de 12 de janeiro achávamos que estávamos em um lugar seguro. Já aconteceu de desmoronar a estrada de acesso do instituto em outras chuvas, mas nunca tinha afetado a estrutura da universidade”, lamenta Hélio Pedro Amaral Souto, diretor do IPRJ.
Segundo o diretor, a força da água fez rolar pedras de cima das montanhas e arrastou árvores, que acabaram destruindo cinco casas e dois laboratórios da universidade. Mas o principal problema é a dificuldade do acesso, que foi totalmente bloqueado. “Para conseguirmos chegar até o instituto é preciso pegar uma estrada, que foi totalmente destruída. Só é possível passar a pé. Até por isso estamos com dificuldade de saber se há mais estragos dentro do campus”, afirma Souto.
No momento da tragédia, alguns estudantes de pós-graduação e funcionários, que moram no campus, estavam dentro da universidade. “Tivemos alguns feridos que foram resgatados, mas não constatamos nenhum óbito. Aos poucos conseguimos retirar todas as pessoas que estavam lá. Só ficaram na IPRJ o prefeito do campus e alguns vigilantes”, diz o diretor.
Futuro incerto
As aulas no IPRJ estavam previstas para iniciarem em 1º de março, mas depois dos impactos das chuvas não há mais certeza de nada. “Ainda não sabemos se teremos que adiar o começo do ano letivo. Entretanto, uma coisa é quase certa: não haverá aula no campus por um bom tempo, por causa da impossibilidade de chegar até o instituto. Teremos que reiniciar o ano em um lugar improvisado, só não sabemos onde, não será fácil ter um local adequado, que comporte os alunos do instituto”, explica Souto.
A universidade possui hoje cerca de 500 estudantes de graduação e 60 de pós-graduação.
Além do possível adiamento do início das aulas, a Uerj já informou, através de nota em seu site, que, com base no decreto de calamidade pública divulgado pelo prefeito de Nova Friburgo, está suspensa temporariamente a pré-matrícula dos candidatos classificados nos cursos de Engenharia de Computação e de Engenharia Mecânica do IPRJ. A medida também vale para os aprovados no curso de Turismo, do campus de Teresópolis.
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