Com mistura de inglês e biologia, Fuvest 2026 tem primeira fase muito interdisciplinar
Professores destacaram a presença de temas atuais na prova e aplicação prática de conceitos
Neste domingo (23), foi aplicada a primeira fase da Fuvest 2026, principal porta de entrada da Universidade de São Paulo (USP). Foram 90 questões objetivas de todas as disciplinas que, segundo professores, estavam bem contextualizadas.
“Mesmo nas questões mais técnicas e diretas, havia uma preocupação clara em apresentar situações reais e aplicações práticas dos conceitos. Isso fez com que o exame valorizasse o domínio teórico e a capacidade do estudante de relacionar conteúdos e perceber conexões entre diferentes áreas”, explicou Luiz Otávio Ciurcio Neto, Diretor das unidades do Poliedro Curso.
+ Gabarito Fuvest 2026: veja as respostas oficiais da primeira fase
Outro destaque foi a interdisciplinaridade. Os especialistas consultados pelo GUIA DO ESTUDANTE afirmaram que raramente era possível resolver uma questão usando apenas um conteúdo isolado, ou seja, em quase toda a prova, era necessário articular temas distintos para chegar à resposta.
Além disso, a prova trouxe temas atuais e relevantes, como sustentabilidade e questões geopolíticas globais. Assim, manteve seu nível tradicional de exigência, mas agora ainda mais alinhada às discussões contemporâneas.
Confira abaixo a análise dos professores por disciplina.
+ Primeira fase da Fuvest 2026 aborda ‘demonização’ da CLT, lobos-terríveis e carnaval politizado
Química
Houve uma mudança de perfil na prova e isso ficou evidente em Química, de acordo com os especialistas.
A parte de cálculos químicos esteve muito mais presente do que em outras primeiras fases. Apareceram cálculos simples, que o vestibulando está acostumado a fazer, mas muitos por questão — o que tornou, de certa forma, a prova trabalhosa e difícil para quem não se identifica muito bem com o lado quantitativo da Química.
Um destaque dos professores foi a ausência de um tema tradicional: Química Orgânica. Não apareceram questões de reações orgânicas ou de isomeria, que normalmente aparecem na primeira fase.
História
A prova estava bem contextualizada, com excertos ou imagens em todas as questões, e o nível estava médio, exigindo atenção na interpretação, pois os textos estavam mais longos.
O destaque vai para duas questões que tratavam de questões indígenas. Também houve a presença de uma questão sobre escravidão, uma sobre islamismo e uma sobre democracia ateniense. Ou seja, temas clássicos e cobrados com bom nível de exigência.
+ O Enem vai ser cancelado? Veja o que diz o ministro da Educação
Matemática
Com um nível de médio para difícil, foram abordados diversos temas clássicos, como análise de gráficos, geometria plana com semelhança de triângulos, geometria espacial, pirâmides, cilindros, geometria analítica com equação de circunferência, razões trigonométricas, trigonometria em geral e gráfico de funções trigonométricas.
As questões estavam mais técnicas, mas sem perder a interdisciplinaridade, incluindo uma pergunta que misturava Matemática e Geografia.
Física
A prova estava equilibrada em relação aos assuntos e à dificuldade. Abordou temas como gravitação, física moderna por meio do efeito fotoelétrico, mecânica em exercícios de queda livre, equilíbrio e análise gráfica, por exemplo, de problemas de cinemática. Trouxe também questões de calorimetria e ondulatória.
Alguns temas que os professores sentiram falta foram magnetismo, circuitos elétricos e questões que envolvessem leis de Newton.
No geral, a prova se mostrou bem redigida. Quando era necessária uma expressão matemática que ajudasse a entender, ela era dada, como por exemplo na pergunta que falava sobre nível sonoro.
Geografia
Foram questões do nível médio para difícil, e bem mescladas, com muita interdisciplinaridade.
Em relação aos temas, trabalhou muito a questão ambiental, como desmatamento da Mata Atlântica, mercado de carbono, impactos ambientais no setor têxtil e práticas na Antártida. Apareceram também, como segundo ponto, importantes questões sobre o mercado de trabalho.
Com muitos gráficos, mapas e charge, foi uma prova bastante ilustrada.
Inglês
Entre os temas abordados, considerando a interdisciplinaridade, o foco foi a área de biologia. Havia fisiologia humana, biologia vegetal e ecologia. Caiu um pouco de astronomia também, então foi possível relacionar basicamente as áreas de biologia, física e química.
Já o vocabulário estava bem contextualizado, com algumas palavras-chave que, apesar de serem muito específicas, permitia ao candidato responder bem a partir da interpretação de texto
Ou seja, assim, como esperado, a prova de inglês da Fuvest foi extremamente multidisciplinar. As questões realmente exigiram que o candidato fizesse uma leitura instrumental: a língua como ferramenta para acessar e até interpretar conteúdo de outras áreas.
Biologia
A prova foi marcada por uma abrangência de assuntos, como biotecnologia, vacina, vírus, ecologia, botânica e zoologia. Algo que também chamou a atenção foi a presença de três questões interdisciplinares com o inglês. Isso marca uma diferença em relação aos outros anos.
Não teve, mais uma vez, as questões de genética clássica, Mendel, o heredograma, que eram uma marca da Fuvest. Nos últimos anos, elas foram diminuindo e, neste ano, não houve nenhuma.
Em nível de dificuldade, foi uma prova mediana.
Língua Portuguesa
A prova não apresentou um grau de dificuldade elevado para os estudantes. As questões de linguagem estavam tranquilas e, muitas vezes, poderiam ser solucionadas com conhecimentos básicos da disciplina ou com uma boa leitura do enunciado.
Já as questões de literatura exigiam que o estudante tivesse lido a obra e entendesse os enredos, mas, ainda assim, com um nível de dificuldade baixo. Foi uma prova bem feita, pouco diferente das edições anteriores. Vale destacar que o único livro que não foi cobrado na primeira fase foi o livro Nebulosas, de Narcisa Amália.
+ Fuvest 2026: veja nova lista de livros obrigatórios só com mulheres
Filosofia e sociologia
Ao todo foram sete questões de humanidades com temas variados, mas principalmente sociologia, Durkheim, a questão da CLT dos direitos trabalhistas e uberização. Assim, a Fuvest trouxe diversas questões do mundo de hoje.
Contribuíram
- Eduardo da Silva Machado, professor de química do Colégio Oficina do Estudante
- Felipe Mello, professor de história do Colégio Oficina do Estudante
- Eduardo Camolese, professor de matemática do Colégio Oficina do Estudante
- Márcio Miranda, professor de física do Colégio Oficina do Estudante
- Rafaela Locali, professora de geografia do colégio Oficina do Estudante
- Felipe Carneiro, professor de Inglês do Colégio Oficina do Estudante
- Silvio Sawaya, professor de humanidades do Colégio Oficina do Estudante
- Luciano Libardi, professor de biologia do Colégio Oficina do Estudante
- Liliane Negrão, professora de Gramática do Colégio Oficina do Estudante
- Vera Ramalho, professora de literatura do Colégio Oficina do Estudante
- Luiz Otávio Ciurcio Neto, Diretor das unidades do Poliedro Curso
- Viktor Lemos, diretor geral do Curso Anglo
Confira o calendário do Pé-de-Meia em novembro
Fuvest anula questão de Matemática da primeira fase; saiba o que acontece com a nota
Fuvest 2026: as questões mais difíceis da primeira fase do vestibular da USP
Outras duas questões do Enem 2025 podem ter vazado antes da prova; veja quais são
Inep reafirma que nenhuma outra questão do Enem 2025 será anulada





