A atriz americana Angelina Jolie virou sinônimo de ativismo pelos direitos humanos. De milhões de dólares em doações às visitas a campos de refugiados, ela passou a dedicar seu trabalho a causas humanitárias, incluindo a direção de filmes sobre conflitos armados.
A nova ocupação de Angelina Jolie, entretanto, fica longe dos holofotes: ela assumiu o posto de professora visitante na London School of Economics and Political Science, instituição de ensino localizada no coração da capital inglesa. Suas aulas na LSE voltam-se ao um dos temas em que Jolie tem focado seu trabalho: o impacto dos conflitos armados na vida de meninas e mulheres.
O último discurso da atriz americana em Vancouver, como abertura da Peacekeeping Defence Ministerial Conference, das Nações Unidas, resume alguns dos problemas aos quais ela se dedica. Como Jolie explica, os conflitos armados em curso – em regiões como Síria, Iraque e Iêmen – afetam civis no mundo todo e causam milhares de deslocamentos forçados. Esse é o cenário que força tantas pessoas a cruzar fronteiras em busca de refúgio e que prejudica, em particular, as mulheres.
“Meninas e mulheres constituem a grande maioria das baixas de guerra atualmente”, sintetiza Angelina Jolie, em seu discurso. Em 2012, ela criou junto ao Secretário do Exterior do Reino Unido, William Hague, a iniciativa Preventing Sexual Violence, para eliminar a violência sexual e conscientizar governos e sociedade civil sobre crimes do tipo em situações de conflito armado.
Como foi a primeira aula de Angelina Jolie na LSE
A experiência da atriz americana em sala de aula começou com aulas na pós-graduação em “Women, Peace and Security”, e continuará com contribuições para o curso de mestrado de mesmo nome. Como explicou a diretora do Centro para Mulheres, Paz e Segurança, Christine Chinkin, essa foi a primeira oportunidade dos estudantes de ouvir “os insights, perspectivas e experiências” que Angelina Jolie traz. Vale lembrar que a atriz já trabalha há anos como enviada especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Com a “estreia” da americana nas salas de aula, a repercussão entre alunas da LSE foi positiva, e acabou chegando às redes sociais, com fotos das estudantes junto à professora. Ao assumir o cargo, Jolie havia declarado que era necessário formar jovens que “não só se sentem em sala de aula, mas que vão a campo e aos tribunais para fazer a diferença”.
Para formar bem as estudantes no primeiro centro especializado em questões de gênero e conflitos armados, a LSE chamou outros nomes conhecidos. No último ano, foram anunciados nomes como William Hague, que trabalhou para o governo britânico e conduziu a campanha sobre violência sexual junto à atriz, e Madeleine Rees, a secretária-geral da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e a Liberdade.
Como funciona o centro em que Angelina Jolie passou a dar aulas
Fundado em 2015, o Centre for Women, Peace and Security tornou-se logo referência no tema, que passou a ser mais discutido pela comunidade internacional nos últimos anos. O centro recebe profissionais que vêm backgrounds variados e forma os alunos em temáticas voltadas a missões de paz, conflitos armados e direitos humanos.
É uma demanda existente até mesmo nas missões das Nações Unidas em países onde há conflito armado. Entre os “peacekeepers” que trabalham hoje com a ONU, por exemplo, menos de 4% são mulheres. Em uma resolução do Conselho de Segurança, de número 1325, a entidade reconheceu a necessidade de incorporar uma perspectiva de gênero “aos esforços em paz e segurança” das Nações Unidas, além de empregar mais mulheres.
Este artigo foi originalmente publicado por Estudar Fora, portal da Fundação Estudar