Como vai funcionar o Enamed, e por que ele é diferente do ‘OAB da Medicina’
Nova avaliação anunciada pelo MEC será aplicada pela primeira vez este ano e poderá ser usada para ingresso na residência médica

Os resultados do Enade 2023, divulgados na última semana pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), acenderam um alerta sobre os cursos de Medicina do país. Das 309 graduações avaliadas, 20% não atingiram resultados satisfatórios, uma piora de 7% em relação à avaliação anterior. Apenas 6 cursos de Medicina do país alcançaram a nota máxima. Neste cenário, o MEC (Ministério da Educação) anunciou nesta quarta-feira (23) a criação do Enamed, o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica.
A ideia é que a prova funcione como o Enade, porém específico para os cursos de Medicina. Atualmente, o Exame Nacional de Desempenho Estudantil é composto por 40 questões, independentemente do curso avaliado. Já o Enamed terá 100 questões, contemplando todas as áreas de referência da matriz curricular de Medicina.
A frequência também muda: o novo exame será realizado todos os anos com os concluintes do curso, e não mais a cada três anos como ocorre com o Enade. A primeira edição está prevista para outubro deste ano.
Enamed + Enare
Com a criação do Enamed, uma outra avaliação também será impactada, o Enare (Exame Nacional de Residência). Aplicada atualmente pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Esberh), a prova é um dos principais caminhos para ingresso na residência médica em todo o país. No ano passado foram ofertadas 8,8 mil vagas.
Com a nova política do MEC, os resultados do Enamed poderão ser utilizados no âmbito do Enare, dispensando a necessidade de uma segunda prova e otimizando a entrada na residência. Essa também é uma forma de incentivar a participação e empenho dos estudantes na avaliação.
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O estudante terá que pagar?
Depende. Os estudantes do último ano que não pretendem utilizar a nota do exame para ingresso na residência médica estão isentos do pagamento.
Já aqueles que optarem pela unificação entre Enamed e Enare – incluindo os médicos já formados que se inscreverem no exame – terão que pagar uma taxa.
Por que ele é diferente da ‘OAB da Medicina’, discutida no Congresso?
Antes mesmo do anúncio da nova política pelo MEC, uma outra avaliação voltada aos médicos recém-formados já estava em discussão no Congresso. O ENPM (Exame Nacional de Proficiência em Medicina), apelidado de ‘OAB da Medicina’, é defendido por parte dos congressistas e pelo CFM, o Conselho Federal de Medicina.
A ideia é que a prova de proficiência funcione de maneira similar ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil, medindo os conhecimentos destes médicos e conferindo ou não a autorização para que atuem na área. Ou seja, caso o exame seja implementado, quem não tiver resultado satisfatório não poderá atuar como médico.
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A proposta é diferente do Enamed, já que o exame do MEC tem como objetivo avaliar a qualidade dos cursos e os conhecimentos dos recém-formados, mas não impedirá o exercício da profissão.
Alcindo Cerci, conselheiro federal e coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM, afirmou em entrevista ao jornal O Globo nesta quarta-feira (23) que o ENPM e o Enamed podem coexistir. “O trabalho do MEC é avaliar, abrir e fechar cursos de Medicina. O nosso é dar o registro para o profissional poder atuar. São dois objetivos diferentes que são contemplados cada um por uma prova”, analisa.
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