Depois da forte repercussão gerada pelo bloqueio de 30% das verbas destinadas à Universidade de Brasília (UnB), à Universidade Federal Fluminense (UFF) e à Universidade Federal da Bahia (Ufba), o MEC anunciou na noite de terça-feira (30) que o corte seria, na verdade, para todas as universidades e institutos federais do Brasil.
O ministro Abraham Weintraub afirmou que o corte era “preventivo” e válido apenas para o segundo semestre. De acordo com nota do MEC, a medida poder ser revista caso o cenário econômico do país melhore e a reforma da previdência seja aprovada.
Em vídeo nas redes sociais, no entanto, Weintraub disse que a medida vai de encontro ao plano de governo de Jair Bolsonaro que pretende priorizar o ensino básico. “Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade, eu poderia trazer dez crianças para uma creche”, afirmou ao comparar os gastos dos dois casos sem citar a fonte dos números.
Repercussão e ações na justiça
Os reitores da UnB e da Ufba já haviam se manifestado em reação à declaração de Weintraub ao jornal O Estado de S.Paulo, de que essas instituições eram palco de balbúrdia e não apresentavam resultados acadêmicos satisfatórios. Em entrevista ao jornal O Globo, o reitor da UFF, Antonio Claudio da Nóbrega, declarou que o risco de não conseguir manter a universidade aberta se tornou real.
Depois que o corte foi anunciado para todas as instituições federais, outras universidades também começaram a se manifestar apontando os riscos. Paulo Burmann, reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) disse em entrevista que a medida vai “levar à insustentabilidade da instituição”.
Desde o anúncio na terça-feira, diversas pessoas e entidades entraram na Justiça pedindo a reversão do corte. No Distrito Federal, o advogado e ex-aluno da UnB Jean Raphael Silva, ajuizou uma ação popular pedindo a suspensão da medida nas três universidades citadas a princípio. O Diretório Central dos Estudantes da UnB também entrou com uma ação pública.
Na Bahia, o deputado Jorge Solla (PT-BA) entrou com uma ação popular alegando desvio de finalidade e inexistência de motivos para o corte. Ainda na terça, quando a redução ainda não havia sido estendido para todas as universidades, o Ministério Público Federal na Bahia abriu um inquérito para apurar quais teriam sido os critérios usados para o corte de verbas.
O presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil), Reinaldo Centoducatte, afirmou que o corte representará o caos para as universidades “Aquilo que era um equívoco para três universidades, tornou-se um equívoco maior, agora envolvendo todas as universidades, Será um caos se 30% do orçamento for retirado”.