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Cotas em Harvard? Entenda a briga entre asiáticos e a universidade

Desde 2014, estudantes asiáticos brigam na Justiça para ter mais espaço na instituição. Mas isso vai contra as regras de diversidade

Por Taís Ilhéu
8 out 2019, 17h40

Nesta semana, a briga do movimento “Students for Fair Admissions” (“estudantes pela aprovação justa”, em tradução livre) contra a Universidade Harvard, nos EUA, ganhou um novo capítulo. A justiça federal americana considerou que as acusações do grupo de estudantes de que a universidade discrimina asiáticos em seu processo seletivo não procede e que a admissão de novos alunos atende “preceitos constitucionais”. O grupo já afirmou, no entanto, que vai recorrer, dando indícios de que a disputa que se arrasta desde 2014 está longe de acabar. 

Edward Blum, presidente do “Students for Fair Admissions”, afirmou em nota que está frustrado, pois acredita que os documentos, e-mails e outros dados apresentados durante o julgamento eram convincentes e “revelaram que Harvard sistematicamente discrimina candidatos de origem asiática”. As acusações de discriminação se dão em um contexto em que Harvard e outras universidades americanas passam a considerar o fator racial em seus processos de admissão, de forma a aumentar a diversidade entre os ingressantes. 

Como os asiáticos são afetados

Além de uma das melhores universidades do mundo, ocupando o terceiro lugar no último Qs World University Rankings, Harvard é também uma das mais seletivas e elitistas instituições de Ensino Superior. Mesmo com as mensalidades caras, a taxa de inscritos é sempre grande e poucos passam pela seleção rigorosa, que considera histórico escolar, entrevistas, cartas de recomendação, trabalhos voluntários e outras variáveis. 

Em 2017, 42.749 candidatos se inscreveram e apenas 1.962 foram aprovados. Destes, 23% eram asiáticos, 15% eram negros e 12%, latinos. Esses dois últimos grupos são o principal alvo do “Students for Fair Admissions”, já que são acusados de “roubarem” as vagas dos estudantes asiáticos por supostamente apresentarem menos competências no processo seletivo. 

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Um relatório de Harvard, publicado em 2013, concluiu que se apenas critérios acadêmicos fossem considerados, 43% dos alunos que hoje estudam na universidade seriam asiáticos, contra os 19% de atualmente. A universidade reforça, no entanto, que por ser um processo extremamente concorrido e com candidatos muito qualificados é preciso considerar outros critérios mais subjetivos. Harvard, assim como outras universidades americanas, admite que considera a raça durante a seleção, mas sempre da perspectiva de inclusão de diferentes grupos étnicos e não de exclusão, como acusa o “Students for Fair Admissions”. 

Harvard tem cotas?

É importante ressaltar, no entanto, que as universidades americanas não possuem um sistema de cotas como as brasileiras. A reserva de vagas, por sinal, é proibida por lei no país desde 1978, o que favorece a argumentação de grupos como o “Students for Fair Admissions”. A justiça permite, no entanto, que a raça seja um dos critérios de admissão, contanto que não seja o decisivo. 

A juíza que decidiu em favor de Harvard essa semana, Allison D. Burroughs, afirmou em sua decisão que “As admissões que levam em conta a raça vão sempre penalizar, em alguma medida, os grupos que não são auxiliados pelo processo, mas isso é justificado pelo interesse na diversidade e pelos benefícios de uma população universitária diversa.”

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Desde 2014, estudantes asiáticos brigam na Justiça para ter mais espaço na instituição. Mas isso vai contra as regras de diversidade

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