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EaD: como funciona uma graduação a distância

Das atividades virtuais às mais práticas, conheça a rotina e os recursos oferecidos por um curso EAD

Por da redação
17 jan 2018, 10h46
Estudante escrevendo com um lápis em um livro. Em cima da mesa, ao lado, estão um computador, materiais escolares e copos com água e café
 (SamuelBrownNG/iStock)
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Antes de decidir fazer uma graduação a distância, é preciso conhecer todos os detalhes do funcionamento de um curso EAD para saber se o seu perfil se adequar à rotina e à proposta de ensino dessa modalidade.

De modo geral, a estrutura de um curso superior a distância apresenta pequenas variações, que dependem das instituições que o oferecem e do tipo de curso – graduações como as Engenharias, por exemplo, dispõem de mais atividades práticas do que um curso de Administração. Assim, os cursos EAD costumam ter uma estrutura básica comum, tanto do ponto de vista tecnológico como humano.

O ambiente virtual

O Ministério da Educação define a EAD como uma “modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados, física ou temporalmente, e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação”. Nas graduações a distância, essa separação física entre aluno e professor é suprida pelo chamado ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Trata-se de uma plataforma digital, na qual o aluno a acessa com login e senha, que funciona como se fosse a sala de aula na EAD, permitindo a professores e tutores gerenciar as atividades.

A plataforma mais utilizada é a Moodle, por ser gratuita e de software aberto, mas há outras, como Blackboard e TelEduc. Cabe à instituição de ensino customizar a plataforma e agregar os recursos necessários. Ela traz seções para o material pedagógico (como os textos e exercícios), para videoaulas, para transmitir aulas ao vivo, para acessar as notas de trabalhos e provas, área de suporte técnico e de apoio pedagógico, além de outras áreas que a instituição pode criar.

Cursos com conteúdos técnicos ou práticos utilizam no AVA laboratórios virtuais, que incluem simuladores de máquinas e atividades. Um estudante de Engenharia pode, por exemplo, construir uma casa virtual e verificar se os cálculos estão corretos, ou se a casa desaba. “A adaptação ao ambiente virtual é um dos principais desafios enfrentados pelos alunos. Muitos usuários leigos em necessidades e recursos básicos de informática se perdem no manuseio e uso dos softwares”, explica Marcelo Milan Gil, coordenador de relacionamento com os polos da Universidade Metodista de São Paulo.

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Material didático e videoaulas

Por meio do AVA, os alunos têm acesso a todo o conteúdo e aos recursos pedagógicos, que podem ser disponibilizados de diversas formas. O material didático, por exemplo, pode ser acompanhado no próprio ambiente virtual, a partir de textos interativos, ou baixado em formato PDF – formato ideal para os alunos que preferem imprimir o material. Pelo AVA, o aluno também tem acesso às bibliotecas virtuais que muitos cursos disponibilizam, permitindo o estudo a partir dos ebooks indicados pelos professores.

A maioria dos cursos tem como espinha dorsal as videoaulas pré-gravadas, nas quais os professores apresentam o conteúdo conceitual básico da disciplina. Pelo AVA, o aluno acompanha as videoaulas quando e onde lhe for mais conveniente, podendo assistir quantas vezes quiser, desde que acompanhe o calendário de atividades. Geralmente, os cursos oferecem a transmissão formatada para desktops, tablets e smartphones.

Professores e tutores

O fato de a EAD prescindir da presença física do professor e de presumir uma maior autonomia e autodisciplina por parte do aluno para lidar com as atividades acadêmicas não diminui a responsabilidade do corpo docente para o andamento do curso. Pelo contrário: justamente por não haver o espaço presencial, os professores devem prever que os estudantes tirem o máximo proveito das atividades de interação virtual e dos momentos em que eles estiverem aprendendo por conta própria.

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Nos cursos a distância, o papel do docente é realizado pela dupla professor e tutor. Cabe ao professor a concepção geral do curso. É ele que vai produzir o material de aprendizagem e indicar as leituras necessárias para a aprendizagem. O professor irá desenvolver as atividades da disciplina e prever as situações de interação nos ambientes virtuais. Também será responsável por estabelecer as formas de avaliação e gerenciar a execução do planejamento. São os professores que ministram as aulas virtuais e estão disponíveis para interação direta com os estudantes nas já mencionadas aulas ao vivo ou nos polos presenciais.

Já o tutor é responsável pelo contato direto com o aluno – ainda que de forma virtual. “Além de ser um professor sempre disponível, o tutor faz uma ponte entre o aluno e o professor de cada disciplina do curso. Ele é fundamental para um bom resultado”, explica Klaus Schlünzen Junior, coordenador de gestão do núcleo EAD na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Enquanto os professores são especialistas nas disciplinas, o tutor é treinado para atuar no conjunto do curso. Seu papel é orientar e acompanhar as atividades virtuais. É ele o mediador do processo de aprendizagem, identificando as dificuldades dos alunos e fornecendo um feedback sobre seu desempenho. Os tutores são responsáveis por tirar as dúvidas dos alunos, sejam elas de caráter pedagógico, sejam sobre o uso do AVA.

A interação com a tecnologia

Essa nova dinâmica que a EAD propõe na relação entre docentes e discentes exige que tanto professores e tutores como os alunos saibam explorar o potencial das interações virtuais.

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Para isso, eles utilizam as diversas ferramentas disponíveis no AVA que facilitam a interação e o compartilhamento de ideias. Nos fóruns, por exemplo, o tutor lança um tema para discussão, em que os alunos podem deixar suas reflexões durante determinado período sem a necessidade de todos estarem online. Já os chats permitem a troca de informações em tempo real e são mais utilizados para o tutor esclarecer dúvidas. A interatividade também é estimulada por outros mecanismos de comunicação como e-mail, skype e WhatsApp.

Muitos cursos ainda transmitem aulas ao vivo, em dias e horários que costumam ser fixos, geralmente nas noites da semana ou aos sábados. O aluno pode assistir à transmissão em casa ou onde estiver ou acompanhar a aula no polo presencial, como em uma sala de aula.

Mesmo com todos os recursos de interação disponíveis, Carlos Henrique Horta de Souza, 39 anos, estudante do curso EAD de Letras da Unicesumar, reconhece que a troca de experiências nos cursos presenciais costuma ser mais intensa. Mas acredita que o curso a distância possui ferramentas eficientes para consultar os professores. “Nas aulas ao vivo podemos interagir com o professor e temos um canal direto para esclarecer as dúvidas. A equipe está sempre presente, o tutor resolve qualquer problema rapidamente por e-mail ou chat”, conta o aluno.

Para benefício dos professores, a plataforma virtual oferece mecanismos para acompanhar a atividade dos estudantes e avaliar a sua performance. “Como as atividades online realizadas pelo aluno ficam registradas no sistema, as instituições têm como saber como essa interação está sendo realizada e monitorar a qualidade do aprendizado”, explica Janes Fidélis Tomelin, conselheiro da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

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As atividades presenciais

Uma das percepções mais equivocadas acerca das graduações a distância é a de que o curso seja totalmente virtual, sem nenhuma atividade prática. Apenas em junho deste ano, o MEC autorizou o funcionamento de cursos 100% virtuais, mas esse modelo ainda não foi implementado e só deve ser adotado em graduações mais baseadas na leitura e na reflexão teórica.

Todas as graduações EAD em vigor atualmente são obrigadas a realizar atividades que exigem a presença física do aluno. Essas ações podem acontecer na sede central da instituição de ensino, mas grande parte dos cursos conta com os chamados polos de apoio presencial. Em alguns casos, a escola pode fechar parcerias com outras instituições que disponham da infraestrutura necessária para a realização das atividades presenciais.

A carga horária e o tipo de atividade prática que é realizada nos polos irão depender muito da natureza do curso. Alguns deles exigem do aluno a presença no polo apenas para a realização das provas, que, geralmente, ocorrem ao final de cada módulo. No entanto, muitos cursos se encaixam na categoria semipresencial, que demandam ao estudante a frequência mais constante aos polos, ao menos uma vez por semana.

Nessas graduações, os polos não são utilizados somente para fazer as provas. Os tutores estão sempre disponíveis para tirar dúvidas, e também podem ser realizadas aulas com a presença física do professor ou transmitidas ao vivo. Nessas oportunidades, os professores costumam aproveitar para fazer debates e organizar dinâmicas em grupo com os estudantes, fortalecendo o compartilhamento de ideias entre os alunos.

Busca de Cursos

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As atividades práticas acontecem nos laboratórios de informática e nos específicos, de acordo com o tipo de tarefa que o curso demanda. Os estudantes também têm à disposição bibliotecas para a consulta de livros e outros materiais acadêmicos.

Credenciamento e preparação do curso

Para oferecer um curso de graduação a distância, a instituição deve ser credenciada no MEC para atuar nessa modalidade de ensino. O planejamento para montar um bom curso envolve a formação de professores e tutores para trabalhar especificamente com a EAD. A elaboração dos materiais exige um esforço coletivo de professores, coordenadores, designers, webdesigners e projetistas gráficos. Também é importante uma infraestrutura adequada nos polos de apoio presencial.

A seguir, veja alguns passos fundamentais dessa modalidade de ensino:

  1. Processo Seletivo: O processo de seleção é bastante semelhante ao dos cursos presenciais. A maioria das escolas realiza uma prova escrita, feita presencialmente, que pode incluir questões objetivas, questões discursivas e redação. Muitas levam em conta também as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
  2. Conteúdo Pela Internet: A “sala de aula” é o ambiente virtual de aprendizagem (AVA), on-line, no qual é cumprida a maior parte da carga horária. É por meio do AVA que o estudante assiste às videoaulas, acessa o material didático e realiza simulações em laboratórios virtuais, dependendo do curso. O ambiente também possui ferramentas de suporte pedagógico, para consulta aos tutores.
  3. Atividades Presenciais: No Brasil, apenas em junho deste ano o MEC autorizou a abertura de cursos 100% virtuais. Mas, por enquanto, não existe nenhum curso de graduação totalmente a distância. Parte das atividades é feita na sede ou em um polo de apoio presencial – ao menos a realização das provas. O número desses encontros pessoais varia de acordo com a escola e o curso. Os encontros permitem maior interação entre os alunos e os professores e a realização de tarefas práticas nos laboratórios.
  4. Avaliações: São feitas por provas obrigatoriamente presenciais e realizadas na sede ou nos polos. Em algumas escolas, é possível marcar um horário de acordo com a conveniência do aluno. Contam nota, também, exercícios e atividades coletivas e individuais, realizadas na sede, nos polos ou on-line.
  5. Diploma: Ao concluir um bacharelado, uma licenciatura ou um curso tecnológico a distância, o estudante recebe um diploma exatamente igual àquele do aluno presencial, com a mesma validade, sem discriminar a modalidade em que o curso foi feito. Apenas pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), cujas graduações são exclusivamente na modalidade EAD, é possível identificar que o curso foi feito a distância.

Novidades que fazem a diferença

Confira as novas tendências de recursos tecnológicos que estão se consolidando no ensino a distância:

  • Realidade aumentada – Elementos reais e virtuais são integrados, sobrepostos, de forma a acentuar uma experimentação, ampliar um conceito, entre outras possibilidades. aumenta o uso de ferramentas digitais, por exemplo, para dimensionar ou explorar espaços físicos utilizando softwares em smartphones. Em EaD, o uso cresce nos laboratórios virtuais.
  • Gamificação – Recursos que são usados nos jogos eletrônicos para prender a atenção do jogador e estimulá-lo a ter melhor desempenho são utilizados para conseguir esses mesmos efeitos no estudo. Por exemplo, dar ao aluno medalhas por sua capacidade de interação, cumprimento de prazos, assiduidade; um aluno pode dar medalha a outro que o ajudou, como forma de incentivar a interação e o companheirismo; construção de interfaces mais amigáveis.
  • Customização – Alguns recursos tecnológicos permitem a adoção de uma pedagogia chamada aprendizagem adaptativa. os sistemas processam todas as atividades e os desempenhos de alunos e turmas nos conteúdos das disciplinas. Com os resultados, os professores podem alterar estratégias de aprendizado e desenvolver planos de estudo personalizados para um aluno que revele difculdade de desempenho ou para aquele que já demonstra melhor desempenho em estratégias específicas.
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