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“ECA é conhecida pela diversidade”, diz vice-presidente da Atlética

Em entrevista para o Guia do Estudante, Rafael Kopko Oliveira, vice-presidente da Atlética da ECA-USP, fala sobre a agressão cometida a estudante gay em festa

Por por Mariana Nadai
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h58 - Publicado em 26 out 2010, 18h22
 

“ECA é conhecida pela diversidade”, diz vice-presidente da Atlética

Na última sexta-feira, 22 de outubro, Associação Atlética da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP), promoveu a tradicional festa “Outubro ou Nada”, que reuniu cerca de 800 pessoas em um casarão no Morumbi, zona sul de São Paulo. Sempre tão esperada pelos estudantes da faculdade, a balada surpreendeu pelas agressões sofridas por um casal homossexual que estava presente no local.

O estudante de Biologia da USP Henrique Andrade, de 21 anos, estava sentado ao lado do namorado, quando três rapazes chegaram perto e começaram a xingá-los, jogaram copos de bebida e deram chutes e socos no casal.

Os agressores foram expulsos da festa, mas continuaram com os xingamentos na rua. O casal de estudantes saiu escoltado do local. Nesta terça-feira, Henrique registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

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Em entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE, o vice-presidente da Atlética da ECA-USP, Rafael Kopko Oliveira, aluno do 2º ano da faculdade, diz estar surpreso com o “ato claro de homofobia” cometido na festa. Veja abaixo a entrevista:

GUIA DO ESTUDANTE – O que você achou das agressões cometidas ao casal durante a festa promovida pela Atlética da ECA?

Rafael Kopko Oliveira – Fiquei bastante surpreso com a agressão. A ECA é conhecida pela grande diversidade entre seus alunos e isso sempre foi aceito pelos estudantes da faculdade e da comunidade da USP em geral.

GUIA DO ESTUDANTE – Vocês sabem quem são os agressores?

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Rafael Kopko Oliveira – Não sabemos quem cometeu as agressões, mas tenho certeza que não são estudantes da ECA, nunca vi eles antes. Mas, estamos abertos para ajudar em qualquer tipo de investigação. Temos uma lista com o nome de todos os presentes na festa, com isso não é possível identificar o agressor, mas já é um começo.

GUIA DO ESTUDANTE – Em entrevista ao Estado de São Paulo, o estudante Henrique Andrade disse que os seguranças só tomaram uma atitude após uma movimentação das pessoas na festa. Como foi a ação dos seguranças?

Rafael Kopko Oliveira – Os seguranças realmente demoraram para agir. Quando eles chegaram, o casal já tinha sido agredido. Nós vamos apurar com a equipe de segurança para saber o motivo da demora.

GUIA DO ESTUDANTE – O que aconteceu após a chegada dos seguranças?

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Rafael Kopko Oliveira – Os seguranças tiraram os agressores de dentro do casarão, mas eles continuaram com os xingamentos do lado de fora, na rua. Infelizmente, ali nós não podíamos fazer nada, porque a rua é um lugar público. Por isso, achamos que o mais seguro seria escoltar o casal até um taxi, para que fossem embora em segurança.

GUIA DO ESTUDANTE – Você pretendem tomar alguma atitude para que situações como essa não aconteçam novamente?

Rafael Kopko Oliveira – Nós não podemos impedir a entrada de ninguém em uma festa, seria uma discriminação nossa dizer que fulano não entra porque não estuda na USP ou porque mora em um bairro diferente.

O que queremos fazer é divulgar a liberdade sexual, a diversidade existente dentro da faculdade, para que assim as pessoas que se sentirem incomodadas com isso deixem de ir nas nossas festas.

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GUIA DO ESTUDANTE – Como vocês pretendem fazer isso?

Rafael Kopko Oliveira – Estamos pensando em fazer ações com o Centro Acadêmico da ECA sobre a importância da liberdade sexual e da diversidade entre as pessoas. Já estamos preparando um manifesto sobre o tema. Também pensamos em fazer algum tipo de cartilha para ser entregue no kit-bicho, que distribuímos para os calouros da ECA todo começo de ano.

O primeiro passo para esclarecer, e tentar acabar com esse tipo de caso nas festas da faculdade, já foi dado pela A.A.A. Lupe Cotrim, a Atlética da ECA, com a divulgação, nesta terça-feira, 26 de outubro, de um comunicado oficial sobre o fato ocorrido. Leia o texto na íntegra:

“Ecanos, ecanas , uspianos e uspianas,

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Na noite da última sexta-feira, dia 22 de Outubro, a Ecatlética realizou a festa “Outubro ou Nada” numa locação no bairro do Morumbi. Durante a festa, um aluno do curso de Biologia e seu namorado foram agredidos verbal e fisicamente, num ato claro de homofobia. Quando um membro da Atlética foi informado, providenciou a retirada imediata dos agressores da festa e, em nome da entidade, se desculpou com vítimas do ataque – àquela altura, era tudo o que podia ser feito.

A Ecatlética lamenta muito o ocorrido e gostaria de manifestar que repudia tais atos e não compactua com esse tipo de opinião de forma alguma. Nós organizamos festas com o objetivo de promover diversão e a integração entre os alunos e somos contra qualquer discriminação. Nossas festas não costumam ter esse tipo de problema e sempre tiveram o diferencial de dar espaço à diversidade, a qual apoiamos, portanto faremos o possível para que assim continue.

Com relação à postura dos seguranças presentes e envolvidos que, de acordo com relatos, não tomaram nenhuma atitude na ocasião da agressão, entraremos em contato com a equipe para esclarecer os fatos e tomar as devidas providências.

Lamentamos mais uma vez o ocorrido e nos colocamos à disposição para qualquer tipo de suporte, esclarecimento ou ajuda que se faça necessário.
Atenciosamente,

A.A.A. Lupe Cotrim”

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