Enade: veja a repercussão do exame e o que fazer para justificar a ausência
Prova ainda causa polêmica e pode até atrasar o diploma dos alunos. No entanto, ela é vista com bons olhos pelas universidades
Por Fábio Calvetti
O Exame Nacional de Desempenho de Estudante (Enade) foi realizado no último fim de semana para avaliar o desempenho dos alunos nos cursos de graduação do país. Cerca de 1,1 milhão de estudantes ingressantes ou concluintes da universidade tiveram de responder 40 questões discursivas e de múltipla escolha. Mas qual a função prática da avaliação? Será que ela traz riscos ou benefícios para os alunos?
Segundo o Ministério da Educação (MEC), apenas o comparecimento ao Enade estará no histórico escolar do aluno. Ou seja, se o estudante deixou a prova em branco ou a fez de qualquer jeito, ele não será prejudicado. Por isso, o boicote ao exame foi grande. O Centro Acadêmico de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, orientou os alunos a entregarem a prova sem responder uma única pergunta.
BOICOTE
“No Enade, há um choque entre o que o aluno pode fazer e o que a instituição espera dele”, afirma o pró-reitor acadêmico da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ademar Pereira. “O grande problema é que, embora o exame seja obrigatório, o aluno não tem comprometimento porque a nota de avaliação não figura em seu histórico escolar. Lamentavelmente, se para o aluno não existe esse compromisso, para o curso existe. Com as notas obtidas dos alunos é que a instituição é avaliada pelo MEC.”
Mas nem todos pensaram em boicotar a prova. Eric Heibel, estudante de Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) decidiu se esforçar para ir “razoavelmente bem” no exame.
Para ele, um bom desempenho pode ajudar em seu futuro profissional. “Tirar uma boa nota vai trazer uma melhor avaliação para a faculdade e isso vai contar no meu currículo. Todos sabem que um curso bem avaliado abre muitas portas na hora de encontrar um bom emprego”, afirma Heibel.
Não só isso. Segundo o pró-reitor do Mackenzie, a nota também é importante para a universidade melhorar possíveis deficiências em cada curso. “Os resultados do Enade nos servem como instrumentos internos de avaliação. São distribuídos para os cursos para que seus núcleos docentes possam examiná-lo e com isso tomar providências.”
COMO JUSTIFICAR
Quem perdeu o Enade tem que correr até 23 de novembro para justificar a ausência. O aluno deve enviar por correio uma cópia autenticada de documento que comprove o impedimento de participar do exame. Além disso, ele deve anexar o requerimento de dispensa e a declaração de aluno regular e habilitado no Enade 2009. Mais informações podem ser encontradas no site do Enade
Uma comissão do Ministério da Educação terá até 26 de março de 2010 para avaliar todas as justificativas. Caso a ausência não seja justificada, o aluno não poderá receber o diploma. Além disso, ele estará incapacitado de iniciar uma pós-graduação.
DISTRIBUIÇÃO DA PROVAAssim como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Enade também causou confusão nos locais da prova. Alguns estudantes tiveram de realizar o exame bem longe de suas casas. É o caso da estudante de Publicidade da Cásper Líbero P.M. Ela não quis se identificar, pois está preocupada se sua justificativa será aceita pelo Ministério da Educação. A aluna dirigiu mais de 30 quilômetros para chegar ao local do exame, com 20 minutos de atraso.
“Passei quatro anos me esforçando, trabalhando e estudando para depois não me formar por causa de uma prova que não é preciso ser respondida. Só a presença é obrigatória. É revoltante”, afirma P.M.
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