A fama de país de inovação e de tecnologia é merecida. A terra dos samurais se destaca em ramos como a informática, e contabiliza um PIB de mais de 4 trilhões de dólares ao ano – dos quais, investe 3,8% em educação. Não faltam motivos para querer estudar no Japão.
Em território japonês, é possível encontrar universidades que aliam um perfil tradicional às iniciativas de internacionalização, para atrair mais estudantes estrangeiros. Entre os principais centros educacionais do país, se destacam as universidades de Tóquio, Quioto e Osaka.
Universidade de Tóquio
A universidade mais antiga do Japão conta com três campi (Hongo, Komaba e Kashiwa) e é conhecida pela excelência acadêmica em múltiplas áreas de estudo. Para ter uma ideia, entre os 23 japoneses que receberam o Prêmio Nobel até hoje, nove estudaram na UTokyo.
Como conta a gaúcha Adriana Piccinini Higashino, não faltam professores famosos por lá. “Lembro que, logo que comecei o mestrado, cheguei com dez minutos de antecedência a uma aula. Simplesmente não consegui entrar na sala, porque estava lotada, e tive de assistir pela janela. Como o professor era muito famoso e a aula era excelente, tinha de chegar uma hora antes”, diz Adriana, que cursou mestrado e doutorado na Todai.
Os cursos de mestrado duram, em média, dois anos e o doutorado, três – só que algumas faculdades exigem um ano a mais, como no Departamento de Medicina Veterinária. “No caso das bolsas de pós-graduação, o aluno entra como pesquisador e pode ficar até dois anos no Japão, para então se candidatar ao mestrado”, explica Adriana, que passou por esse processo antes de ser admitida.
O nome da UTokyo pesa no currículo, ainda mais para quem pretende viver no Japão. No caso de Adriana, o nome da universidade valeu pontos extras na hora de ser chamada para o posto de professora universitária em arquitetura, no Akashi College do National Institute of Technology.
Para os que não falam japonês, é possível participar de cursos do idioma ou optar por um dos programas oferecidos em inglês. Dá para escolher os multidisciplinares, como o de “Informação, Tecnologia e Sociedade na Ásia (ITASIA, na sigla em inglês)” ou seguir para as pesquisas em Bioengenharia.
Entre as bolsas mais comuns entre estudantes de Tóquio está a oferecida pelo governo do Japão, a Monbukagakusho (MEXT).
Universidade de Quioto
Se a paisagem de megalópole de Tóquio não faz bem o seu estilo, a de uma cidade como Quioto pode ser a alternativa. A cidade, que por mais de um milênio foi capital do Japão, serviu de palco para marcos históricos como o Protocolo de Quioto. Um lugar tão diverso abriga cerca de dois mil templos budistas e xintoístas, e sedia empresas como a Nintendo.
A Universidade de Quioto, por sua vez, também ganha fama pelos programas voltados a inovação. Graças aos programas de incentivo para a vinda de estrangeiros, assim como ocorre em Tóquio, a universidade recebe muitos brasileiros através de bolsas como a MEXT. Mesmo anos atrás, Quioto já atraía jovens interessados, também através de associações de descendentes de japoneses.
Foi o caso da engenheira ambiental Jenny Komatsu, que embarcou para Quioto graças ao apoio da Aichi, uma dessas associações, no final da década de 90. Ela destaca os recursos da universidade em sua área de atuação, voltada ao meio ambiente. “No Brasil, a cada projeto, a cada equipamento que você quer comprar, é necessário realizar pedidos de financiamento para os órgãos de fomento, e fazer concorrência/leilão. Nesse processo, o que ganha é o mais barato, e não o melhor. No Japão, nunca precisei me preocupar com dinheiro”, diz Jenny, que hoje cursa o doutorado na Ufabc.
Os programas disponíveis em inglês incluem desde engenharias até cursos de outros campos do conhecimento, como o de estudos da paz. Para os que já falam bem, ou que já tem alguma base do japonês, dá para recorrer aos cursos de apoio a estrangeiros ou optar pelos cursos na língua nativa.
“No Japão, temos a oportunidade de conhecer várias pessoas da Ásia, cada uma com culturas completamente diferentes das outras. A vivência é riquíssima”, explica Jenny, que hoje trabalha na Aichi, levando estudantes brasileiros para estudar no Japão.
Universidade de Osaka
A fundação desse centro de ensino data de 1868, ano em que Osaka se tornou uma das universidades imperiais. Chamada de Handai, é uma bela opção para quem se interessa por robótica e ramos de pesquisa como da inteligência artificial.
Para ter uma ideia, quem comanda o departamento de inovação e inteligência artificial em Osaka é o próprio Hiroshi Ishiguro, que elaborou a Geminoid F — o robô mais parecido com um ser humano que existe, com 65 expressões faciais. Empreitadas como as de Ishiguro têm espaço na universidade, que se torna cada vez mais aberta aos alunos estrangeiros.
Um dos marcos dessa abertura foi o Global 30, iniciativa com o MEXT para garantir o ensino de cursos em inglês para os estrangeiros. O objetivo é tornar a instituição ainda mais universal e estimular a cooperação entre países. Graças ao fortalecimento desse projeto, quem está a fim de ir para Osaka, mas ainda não sabe falar japonês, tem à disposição uma lista de quase 400 disciplinas em inglês.