Leia 3 redações nota máxima da Unicamp e inspire-se para a Fuvest 2026
A partir desta edição, redação do vestibular da USP cobrará diferentes gêneros textuais
Quem vai fazer a segunda fase da Fuvest 2026 neste próximo domingo (14) já está cansado de saber que o modelo de redação mudou. Pois é, esqueça aquele texto dissertativo-argumentativo sobre temas filosóficos que o vestibular da USP (Universidade de São Paulo) cobrava até o ano passado! Nesta edição, os candidatos encontrarão propostas muito mais parecidas com as da Unicamp, que oferece ao candidato a chance de escolher entre dois gêneros de texto com temas pré-definidos. Ou seja, você poderá escrever uma carta, um manifesto, um discurso, um roteiro e por aí vai.
A surpresa pode gerar certa apreensão, mas o lado bom é que a própria Universidade Estadual de Campinas serve de referencial! Para te ajudar a chegar preparado na Fuvest, selecionamos três textos exemplares do vestibular da Unicamp, que receberam nota máxima ou muito perto disso. Leia abaixo e inspire-se!
+ 6 possíveis temas de redação da Fuvest 2026
Beatriz Zanardo Brandolise
Carta denúncia sobre o trabalho análogo à escravidão
Venho, por meio desta carta, denunciar ao Ministério Público do Trabalho um caso de trabalho análogo à escravidão.
Na casa de minha colega conheci Dona Benedita, a qual fazia todos os serviços da casa. Até flagrei a mãe da minha colega dando uma bronca na “Dita” porque o arroz passou do ponto.
Perguntei à colega quem era aquela criatura infeliz, ao que ela respondeu: “E a nossa doméstica, é como se ela fosse da família, sabe?!”.
Aquela resposta me angustiou e revoltou. Isto porque era recheada de um afeto que tenta ocultar a perversidade e esclarecia tudo. A trabalhadora é “nossa”, revelando um sentimento de posse que permanece na elite brasileira mais de 100 anos após a Lei Áurea. Contudo, ela é como se fosse da família, mostrando que a exploração do trabalho doméstico é eufemizada. São várias as telenovelas que mostram a doméstica fiel e carinhosa, que nada faz além de servir. Talvez a personagem mais emblemática nessa condição seja Tia Nastácia do Sítio do Picapau Amarelo, mulher preta que oscila entre ser quase-vo e quase-escrava.
Além disso, é importante ressaltar as consequências dessa situação. Se não há tempo para descanso, o empregado está mais suscetível a danos à saúde. Porém, por outro lado, sobra tempo para os patrões investirem em atividades mais lucrativas.
Logo, consolida-se o antagonismo de classe. Também, dificilmente há carteira assinada. Em que condições essa empregada – que não sabe se é doméstica ou domesticada – vai conseguir a aposentadoria pelo INSS? Muitas vezes, a única opção é trabalhar até morrer, como nos tempos da senzala.
Por fim, espero que minha denúncia seja efetiva e resgate não apenas Dona Benedita, mas também contribua para a promoção da dignidade de todos os trabalhadores e trabalhadoras domésticos. Categoria que é historicamente oprimida e explorada e, mesmo com a PEC das domésticas a qual regularizou a profissão, continua tendo seus direitos sistematicamente violados.
Leia a redação do Enem que citou Torto Arado
Marcelo Rigo dos Santos
Discurso sobre situação dos refugiados
A delegação brasileira compreende ser fundamental responder ao lamentável discurso proferido pelo delegado húngaro. As defender uma política de rejeição aos refugiados, suas palavras foram de encontro ao que deve ser defendido nesse plenário. Como sabemos, a definição da ACNUR explicita que os refugiados são pessoas em situação de extrema vulnerabilidade devido a diversas razões, como perseguição étnica e guerra. Conceder-lhes asilo é, sobretudo, um dever humanitário que deve estar acima de ideologias – ainda mais daquelas que tentam camuflar o preconceito e xenofobia.
Esse discurso se fundamenta na percepção, amplamente difundida pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de que os refugiados são uma ameaça cultural aos europeus. Além disso, Orbán também afirma não querer que o povo húngaro, nas suas palavras, se torne “mestiço”, associando a identidade coletivo à pureza racial – que é tão abjeta quanto é abominável. Apesar de parecer valorizar sua comunidade, essas afirmações, para além de seu caráter preconceituoso, são um modo de inflar, nas massas, um nacionalismo que enxergue no refugiado um inimigo a ser combatido, e não um ser humano a ser acolhido.
É importante ressaltar que ninguém arriscaria sua vida em uma travessia pelo Mar Mediterrâneo, por exemplo, se não estivesse absolutamente desesperado. Quem morre no barco dos imigrantes que afunda não é um número, mas um lembrete de que os países estão fracassando na tarefa de oferecer ajuda humanitária. A comoção gerada pela notícia de imigrantes afogados não é suficiente – é crucial acolher, visando evitar novas tragédias como essas.
À vista disso, reitero a posição assumida pelo Brasil de receber refugiados. A Constituição brasileira prevê a concessão de asilo político como um direito, pressupondo que isso é essencial às relações internacionais. Ademais, em consonância com a Carta Magna, pesquisas sugerem que a população brasileira possui, em relação à média global, maiores índices de preocupação com essa causa. Isso reforça que nossa posição é reflexo do sentimento comunitário, servindo de exemplo para as nações.
É claro que o acolhimento implica gastos públicos para a adaptação dos que chegam. Porém, no longo prazo, as custas se transformam em investimento, já que a inserção dos refugiados, na sociedade e no mercado de trabalho, caso seja bem realizada, retorna, por meio de impostos e contribuições na economia, para o Estado o que teve de ser custeado. Em um mundo onde cada vez mais se fala em muros, é função dos países abrir as portas da solidariedade e da empatia.
Gabriela Fernandes Lima
Carta denúncia sobre o trabalho análogo à escravidão
Carta-denúncia ao Ministério Público do Trabalho
Redijo este documento com o intuito de denunciar a situação de uma empregada doméstica em condições de trabalho análogo à escravidão às autoridades públicas. A trabalhadora está sendo mantida desde seus 18 anos na casa de seus patrões, o casal Henrique e Jennifer Ebberheart, nos limites de Búzios, Rio de Janeiro.
Tive conhecimento da conjuntura degradante de exploração de Lúcia Gimenes da Silva, de 39 anos, trabalhadora doméstica negra, após visitar uma colega de classe durante o fim de semana – para fins acadêmicos -, em sua casa, residência na qual Lúcia mora e trabalha. Considerada “parte da família” pelos residentes – em uma clara explicitação de violências simbólicas amaciadas sendo acobertadas por relações afetivas falsas -, a trabaIhadora sobrevive diariamente há décadas em meio a diversas violações da lei por parte de seus patrões – cuja família é pertencente a um núcleo branco de classe média-alta carioca.
Durante a minha breve presença na residência dos Ebberheart, testemunhei ao adentrar a “área de serviço” da casa, enquanto procurava por um banheiro, a patroa Jennifer da Costa Ebberheart ameaçando retirar integralmente o salário da empregada e, acima de tudo, proferindo xingamentos racistas e outras falas desumanizantes contra Lúcia. Frente a tais crimes, imediatamente saí da residência e busquei por meios legais para denunciar a conjuntura e a família Ebberheart, evidentemente criminosa, aos órgãos públicos.
Exigi respostas à minha colega sobre Lúcia e, em face de mais exemplos de explorações – como o miserável “salário” de 500 reais mensais recebido pela empregada, mantida trabalhando o dia e a noite, impedida de visitar sua família e restrita a morar em um cubículo sujo nos fundos da casa -, demando que as autoridades libertem a trabalhadora das referidas condições, tão espantosamente similares ao cotidiano da sociedade oitocentista escravocrata brasileira. Lúcia, um ser humano, está, neste exato momento, tendo sua humanidade negada, submetida às vontades de seus patrões, em um perfeito retrato da realidade violenta do Brasil em relação às empregadas domésticas, com seus direitos humanos e trabalhistas violados diariamente.
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