O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) divulgou, nesta quinta-feira (29), os resultados do exame para os recém-formados em Medicina no estado paulista. Os resultados foram classificados pelo órgão como "alarmantes". Do total de participantes, mais de metade (55%), foram reprovados. Quando analisados apenas os estudantes formados em cursos privados, o percentual é maior, de 65%. Entre os oriundos de escolas públicas, cerca de 33% não foram aprovados.
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A avaliação do Cremesp foi instituida em 2005, mas até 2011 a participação dos recém-formados na prova não estava condicionada à concessão de registro profissional. A partir de 2012, por meio da Resolução do Cremesp nº 239, institui-se a obrigatoriedade de realização do Exame para obtenção de registro de médico no Estado de São Paulo, independentemente do resultado obtido na prova. Nesta edição, 2.981 egressos foram testados.
Aplicado em outubro de 2014, o exame contou com 120 questões objetivas de múltipla escolha, abrangendo problemas comuns da prática médica em nove áreas básicas: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Saúde Mental, epidemiologia, Ciências Básicas e Bioética. De acordo com o índice da Fundação Carlos Chagas, responsável pela prova, as questões são classificadas como de nível fácil (33%), muito fácil (4,6%), médio (32,4%) e difícil (29,6%). Por causa dessa distribuição, comum a outros concursos, Bráulio Luna, presidente do Cremesp, afirma que a prova não pode ser considerada difícil.
De acordo Luna, que coordena o exame, os piores resultados foram registrados em áreas básicas da prática médica. Apresentaram percentual de acerto abaixo de 60% (ponto de corte) áreas de conteúdo como clínica médica (52,1%), ciências básicas (54,9%), pediatria (55,9%), clínica cirúrgica (57,2%) e saúde pública (57,4%). Tiveram resultados entre 60% e 70% as áreas de ginecologia, saúde mental, bioética e obstetrícia.
Obrigatoriedade do exame
Para o Conselho, a obtenção do registro deveria estar condicionada a um bom desempenho no exame. “Se existe [exame] para advogado e contador, por que não para o profissional de saúde?”, questionou o presidente do Cremesp. De acordo com Renato Azevedo, diretor do Cremesp, o exame evidencia o problema da má formação dos médicos de São Paulo e também do Brasil. “Comprovamos isso. Agora, impedir que esses indivíduos exerçam a Medicina e coloquem população em risco cabe à sociedade brasileira." Segundo Azevedo, as leis que existem hoje "cerceiam o Conselho", que não tem como fazer isso.
Desde que se tornou obrigatório, o índice de reprovação não tem diminuído. Em 2012, foram mal avaliados 54,5% dos alunos e, no ano seguinte, 59,2%. O Cremesp avalia uma proposta de monitoramento da vida profissional dos reprovados. Outra medida que deve ser intensificada é a discussão com as escolas com desempenho ruim em uma câmara técnica do conselho. “Esse debate sensibiliza alguns diretores, que pressionam mantenedores desses faculdades para que façam melhorias”, afirmou Luna.
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