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‘Não me sinto universitária ainda’: como é começar um curso na pandemia

Calouros contam como está sendo começar as aulas de dentro de casa

Por Giulia Gianolla
Atualizado em 26 fev 2021, 11h23 - Publicado em 26 fev 2021, 07h44

O ano de 2020 foi conturbado e todos já sabemos disso. Mas era quase um pesadelo na cabeça dos vestibulandos imaginar que 2021 continuaria do mesmo jeito. Entrar numa faculdade depois de tanta expectativa deveria ser um sonho, cheio de integrações e festas, como é de costume.

Mas este ano, os semáforos não tiveram malucos pintados dos pés à cabeça. Os vizinhos das repúblicas puderam ir dormir cedo, sem ouvir a gritaria dos universitários aglomerados na casa ao lado. E tudo se transferiu para a tela de um computador.

Um caderno com anotações de Anatomia, em frente ao computador, que mostra parte da aula
A rotina de uma caloura de Medicina: na frente de uma tela. (Carolina Moreira/Arquivo pessoal)

A aprovação

Depois de três anos de cursinho, Carolina Moreira, hoje com 20 anos, finalmente passou na Faculdade de Medicina de Jundiái (FMJ) Ela conta que, quando descobriu que tinha sido aprovada, ficou muito feliz. “Mas, depois, caiu a ficha de que iria ser online. Fiquei meio nervosa, ansiosa e com muito medo de não conseguir fazer amigos”, diz.

Para quem fez vestibular durante o terceiro ano, no entanto, até o modo online é motivo de alegria.

Sofia Zrycki, 17, agora cursa Artes Cênicas no Célia Helena Centro de Artes e Educação, em São Paulo. Ela comemorou, mesmo sabendo que não seria como o esperado: “Foi uma sensação de orgulho e leveza, mesmo sabendo que as aulas seriam em EAD no começo. Querendo ou não, quem fez vestibular ou foi terceiranista no ano passado sofreu bastante porque era tudo tão incerto… E ver que, no fim, deu tudo certo foi um grande alívio.”

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Também do time das aliviadas, Bruna Eremita Di Celio, 17, ficou emocionada ao ser aprovada em Relações Públicas na Faculdade Cásper Líbero. “Quando descobri que passei foi uma festa lá em casa. Chorei e contei pra todo mundo”, diz. “Porque foi um ano muito sofrido pra estudar pra vestibular, mesmo eu tendo estrutura em casa, porque é mais ‘você por você mesmo’.”

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“Não é a mesma coisa”

O mais difícil nesse caso é acreditar que o ciclo mudou. Para quem deixa a rotina do Ensino Médio, pode parecer que não houve um encerramento, de fato. Sem formatura, colação de grau ou viagens, o fim da vida escolar parece não ter acontecido. E o trote, que marcaria um novo começo, ficou pra depois. “Fiquei bastante na vontade de ter um trote, a gente espera muito por isso, né? Mas acho que vai acontecer mais para frente”, diz Sofia.

E para quem, como Carolina, esperou três anos por isso, a expectativa era bem diferente da realidade. “Não me sinto universitária ainda, parece que nada mudou”, conta. “Normalmente dizem que o primeiro ano é o que as pessoas mais aproveitam, mas já sei que, infelizmente, isso não vai acontecer comigo.”

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Primeiros contatos

Apesar da vontade de se aglomerar para pintar a cara e pedir moedas no sinal, o começo do curso no modo online não foi tão desanimador quanto se esperava. Carolina conta que ficou feliz com a recepção: “quando as aulas começaram, minha turma já ficou muito unida. Fizemos vários grupos nas redes sociais e todo mundo está se ajudando muito!”

Ela, que tinha medo de ficar sozinha, acabou nem pensando nisso. “Em nenhum momento fiquei me sentindo sozinha como achei que iria, até porque os professores estão incentivando várias atividades em grupo pra gente se conhecer mais”, conta, animada.

Na faculdade de comunicação onde Bruna foi aceita “todo mundo é bem comunicativo, simpático e querem sempre ajudar”, diz. “Nesse momento, é disso que a gente precisa”. Segundo ela, a faculdade também está unindo esforços com os veteranos para inovar e auxiliar os novatos na integração, mesmo no modo online.

Já para Sofia, que faz Artes Cênicas, a interação física e o contato eram grande parte da expectativa para o curso. Mas a recepção não deixou a desejar: “Fui super bem acolhida. A faculdade fez uma semana de introdução e manteve todas as tradições de recepção de calouros, o que é muito legal”, conta ela. “Tivemos um espaço pra conversar com os veteranos, eles acolheram muito a gente, apadrinharam os alunos novos, então me senti muito bem.”

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E dá pra fazer amigos?

Sofia garantiu que sim. Mas… de um jeito diferente: “É muito doido, porque a gente conhece pessoas de outro jeito. Com a câmera aberta em todas as aulas, vou vendo as pessoas e me identificando sem nem conhecer, só pelos gestos, pelas falas.”

Por um lado, entrar numa faculdade sem o primeiro contato cara a cara com os colegas pode parecer assustador. A dúvida sobre como se apresentar ou a dificuldade de não ter como “pedir uma borracha” na aula pode assustar, mas existem vantagens. A caloura de Artes Cênicas explica: “Uma das coisas que mais estou gostando é que, em alguns momentos, o grupo é separado em pequenas partes e a gente tem mais oportunidade de se conhecer melhor. Não tem aquela coisa de: ‘ai, estou com vergonha de ir até lá e falar com ela’. Está todo mundo lá pra se conhecer!”

Mesmo de um jeito novo, os novos universitários estão conseguindo fazer festa com o que têm. Que 2021 seja um ano de muito aprendizado e diversão para os que começam este ciclo. Aos ‘bixos’, parabéns pela aprovação e sejam bem-vindos! E aos vestibulandos, boa sorte e muita força, que a aprovação vem!  😉

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