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O que rolou na 1ª fase da Unicamp 2025? Professores avaliam a prova

Com uma prova atual, Unicamp mesclou questões fáceis, médias e difíceis. Confira análise por disciplina

Por Luccas Diaz, Taís Ilhéu
21 out 2024, 14h29

A primeira fase da Unicamp 2025 foi aplicada no último domingo (20) para cerca de 58 mil candidatos. Apresentando uma abordagem equilibrada entre atualidades e conhecimento teórico, a prova foi avaliada por professores de cursinho como de nível médio para difícil. Ao longo das 72 questões, os candidatos foram testados em perguntas envolvendo as quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.

Um destaque foram os temas ambientais, abordados em Geografia, Biologia e até nas áreas de Linguagens, com questões que discutiam mudanças climáticas, energias renováveis e poluentes. Perguntas envolvendo conceitos de política, democracia e cidadania também marcaram presença, dando sequência ao já conhecido caráter político da prova. Os conflitos entre Israel e Palestina, e Venezuela e Essequibo exigiram dos candidatos uma boa compreensão de atualidades e geopolítica.

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A interpretação de textos foi outro aspecto central, especialmente em Língua Portuguesa e nas disciplinas de Ciências Humanas. Os candidatos precisaram relacionar diferentes gêneros textuais, como crônicas e grafites, além de demonstrar familiaridade com as obras literárias obrigatórias – nesta primeira fase, foram cobradas sete das oito obras da lista. Em Inglês, Física e Química, houve uma boa pedida por leitura atenta de textos e gráficos, elevando o nível de dificuldade em algumas questões.

Apesar da forte contextualização, em Matemática e Ciências da Natureza se manteve a abordagem mais tradicional, com foco em conteúdos específicos e exigência de domínio técnico – como nas perguntas de probabilidade, função e inequação. Assim, a Unicamp 2025 conseguiu combinar uma visão moderna e interdisciplinar (forte tendência já vista na última edição da prova) com a tradição de explorar profundamente os conteúdos em diferentes áreas.

Veja a seguir uma breve análise de cada disciplina cobrada na prova.

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Matemática

A prova de Matemática da Unicamp 2025 apresentou um nível de dificuldade fácil a médio, com enunciados mais curtos e diretos, focando em conceitos tradicionais como funções, trigonometria, geometria e probabilidade. Embora tenha mantido uma abordagem técnica, algumas questões trouxeram contextualizações, incluindo uma análise do desempenho brasileiro no Pisa 2022 e temas ambientais.

Uma questão de geometria envolvendo triângulos e manipulação trigonométrica exigiu maior atenção, mas era resolvível com um pouco mais de calma e atenção do candidato. A principal ressalva foi a questão 53 (da prova QZ), que provavelmente será anulada devido à ausência de uma alternativa correta. No geral, a prova foi mais acessível em relação ao ano anterior, sem grandes surpresas ou pegadinhas.

História

Em História, a Unicamp manteve um bom equilíbrio entre História Geral e do Brasil, com destaque também para História da América. Os professores, no entanto, a consideraram mais trabalhosa do que ano passado, com um nível médio de dificuldade. Os textos longos e mais complexos exigiram maior tempo de leitura e atenção dos candidatos.

As questões, como de costume, abordaram temas sociais e culturais, como descolonização africana, escravidão na América Espanhola e memória histórica, demandando reflexões pertinentes. A questão 30 (da prova QZ), sobre descolonização, foi apontada por professores como a mais difícil, devido à proximidade das alternativas, em que um detalhe no texto definia a resposta correta. De forma geral, foi uma prova cansativa, mas que seguiu o estilo tradicional da Unicamp: conectando passado e presente.

Geografia

Em Ciências Humanas, as questões de Geografia foram consideradas mais acessíveis do que em anos anteriores, apesar de apresentarem questões desafiadoras, como a que tratava da Amazônia Azul. Temas atuais dominaram a prova, com foco em conflitos geopolíticos (Israel e Palestina, Venezuela e Essequibo, Rússia e Ucrânia) e eventos climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Aspectos de geografia física, como massas de ar e climatologia também marcaram presença, enquanto questões de cartografia e urbanização variaram em dificuldade.

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A prova apresentou um equilíbrio entre geografia física e humana, com boa contextualização e uma abordagem contemporânea dos principais acontecimentos do ano.

Química

Em Química, destaque para a presença de temas cotidianos e ambientais, com uma abordagem mais tranquila e contextualizada. Os conceitos de eletrólise, estequiometria, termoquímica e cinética foram abordados em questões. Tópicos relacionados à saúde, como remédios e repelentes, também estiveram presentes, exigindo interpretação de gráficos e figuras. As questões 60 e 63 (da prova QZ), que envolveram cálculos mais detalhados, foram consideradas as mais difíceis, enquanto o restante da prova foi avaliado como mais direta e menos densa em relação à edição anterior.

Língua Portuguesa

Os estudantes que não são muito chegados em Gramática tiveram, de certa forma, uma decepção com a primeira fase da  Unicamp 2025. Enquanto na edição passada havia apenas uma questão puramente gramatical, nesta apareceram pelo menos quatro. Semântica e sintaxe foram alguns dos assuntos abordados.

É claro que o DNA da prova, que é leitura e interpretação textual, também não ficou de lado, com questões envolvendo diferentes tipos de texto e exigindo conexões sofisticadas por parte dos estudantes. Como em outras disciplinas, a prova de Língua Portuguesa foi considerada muito atual. De forma geral, os professores a avaliaram como de nível médio para difícil.

Inglês

Em Inglês, os candidatos também encontraram uma prova mais exigente este ano. Ao longo das sete perguntas, foram pautados temas em alta na atualidade, como a questão da Palestina, a Inteligência Artificial e gírias utilizadas pela Geração Z. Para além da interpretação textual de diferentes gêneros, como posts nas redes sociais e notícias, os candidatos precisavam ter algum domínio gramatical, especialmente em semântica.

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Obras Literárias

Para os professores, quem leu as obras literárias indicadas pela banca e refletiu sobre elas, fez uma boa prova. Embora o enunciado ajudasse a encontrar uma alternativa, era preciso conhecer o enredo – as chamadas questões de verificação de leitura. Ao todo, dos oito livros obrigatórios desta edição, sete foram abordados logo na primeira fase – sendo parte das questões de nível médio e parte mais simples. Três dos quatro livros estreantes na lista apareceram, incluindo uma questão de comparação entre as obras Olhos d’Água e Niketche, algo incomum para a Unicamp.

Os cinco livros que estiveram na primeira fase foram:

Física

Uma tradicional prova de Física da Unicamp, com questões de nível médio e muita contextualização por meio de gráficos e imagens. Os assuntos também seguiram a toada de anos anteriores, com questões de mecânica, termofísica, ondulatória e eletricidade. Chamou a atenção a ausência de óptica e a presença de uma questão sobre dilatação térmica, incomum para a primeira fase.

As questões de exploração espacial chamam a atenção para o interesse da Unicamp por temáticas de inovação tecnológica. O Meio Ambiente, grande tema desta edição, também apareceu em Física.

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Biologia

Com questões de botânica, biomas, genética, cromossomos sexuais, citologia, fisiologia vegetal, evolução e zoologia, a prova de Biologia da Unicamp chamou a atenção pela distribuição equilibrada de muitos temas. Com uma boa base teórica e interpretação dos textos, era possível resolver sem grandes problemas a maior parte das questões, embora algumas fossem mais trabalhosas. No geral, classificada como de nível médio pelos professores.

Filosofia e Sociologia

As questões de Filosofia e Sociologia mantiveram a tradição da Unicamp enquanto uma prova bastante política. Apareceram temáticas mais tradicionais, como o mito da caverna, e outras mais modernas, como o pensamento decolonial e feminismo. Sérgio Buarque de Holanda e Chico Buarque apareceram juntos, em uma pergunta acerca do “homem cordial”, conceito cunhado pelo sociólogo.

Professores consultados: Viktor Jean Lemos, diretor geral do Curso Anglo; Sandro Vimer Valentini Junior, Coordenador Pedagógico do Poliedro Curso; Vinicius Beltrão, coordenador de Ensino e Inovações Educacionais Sênior do SAS Educação; Wander Azanha, Diretor do Curso Pré-Vestibular do Colégio Oficina do Estudante; Rafaela Locali, professora de Geografia do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Mário Fernandes e Rodrigo Serra, professores de Matemática do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Rodrigo Miranda, professor de História do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Rodrigo Araújo, professor de Física do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Fábio Vilar, professor de Biologia do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Walcyr Júnior, Professor de Química do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Liliane Negrão, professora de Gramática do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Marcelo Maluf, professor de Literatura do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Alexandre Torres, professor de Inglês do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante; Carlos Morele, professor de Filosofia e Sociologia do Colégio e Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante.

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