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Quem são os alunos da USP mortos pela ditadura que receberam diploma póstumo

Entre os homenageados está Frei Tito, estudante de Ciências Sociais preso e torturado no período

Por Redação
Atualizado em 27 ago 2024, 12h42 - Publicado em 27 ago 2024, 12h28

A USP (Universidade de São Paulo), que foi um dos polos de resistência contra a Ditadura Militar, homenageou nesta segunda-feira (27) 15 de seus alunos que foram torturados e mortos no período. Eles receberam o diploma da universidade postumamente, em um projeto nomeado “Diplomação da Resistência”. Na cerimônia, parentes dos estudantes receberam o certificado pelas mãos do reitor da universidade e do diretor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP).

+ 4 momentos em que estudantes ajudaram a mudar o rumo da História do Brasil

“Esses jovens perderam a oportunidade de poder modificar a sociedade através de suas atividades profissionais. Mas eles fizeram mudanças profundas em nossa sociedade através de suas ações. Eles deram suas vidas para que pudéssemos ter um futuro melhor”, afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Entre os homenageados, estavam nomes reconhecidos da luta contra a Ditadura, como Tito de Alencar Lima, conhecido como Frei Tito. Ele começou a cursar Ciências Sociais em 1969, mas foi preso e forçado a abandonar o curso. Tito era acusado de ligação com a ALN, a Ação Libertadora Nacional, liderada por Carlos Marighella.

Torturado brutalmente no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e na Operação Bandeirante (Oban), Frei Tito nunca recuperou-se dos danos psicológicos, e acabou suicidando-se em 7 de agosto de 1974, em um convento na França.

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A USP criou uma Comissão da Verdade própria para apurar quais pessoas ligadas à instituição foram vítimas da Ditadura Militar. Ao todo, pelo menos 47 entre funcionários, professores e estudantes foram assassinados.

Os outros alunos diplomados pela USP nesta semana foram:

  1. Antonio Benetazzo, do curso de Filosofia

    Foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (Molipo). Preso em 1972 no Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi/SP), foi torturado até a morte.

  2. Carlos Eduardo Pires Fleury, Filosofia

    Também militante da ALN, foi torturado e assassinado em 1971. Ele estava exilado fora do país, mas havia retornado clandestinamente.

  3. Catarina Helena Abi-Eçab, Filosofia

    Militante do movimento estudantil (UNE), foi presa e morta em 1968. Para encobrir seu assassinato, foi forjado um acidente de carro.

  4. Fernando Borges de Paula Ferreira, Ciências Sociais

    Militante do movimento estudantil e ativista sindical, foi morto em 1969 após uma emboscada planejada pela polícia. Sua morte também chegou a ser encoberta com uma versão sobre troca de tiros, que foi desmentida mais tarde.

  5. Francisco José de Oliveira, Ciências Sociais

    Conhecido como Chico Dialético, era militante da ALN e do Molipo. Foi morto com uma rajada de metralhadora, disparada contra suas costas.

  6. Helenira Resende de Souza Nazareth, Letras

    Foi vice-presidente da UNE, morta e torturada na Guerrilha do Araguaia em 1972. O corpo de Helenira nunca foi encontrado.

  7. Ísis Dias de Oliveira, Ciências Sociais

    Foi presa em 1972 e seu corpo nunca foi encontrado. Também era militante da ALN.

  8. Jane Vanini, Ciências Sociais

    Militante do MIR, o Movimiento de Izquierda Revolucionaria, foi presa e morta no Chile em 1974. É considerada uma desaparecida política, já que seu corpo nunca foi encontrado.

  9. João Antônio Santos Abi-Eçab, Filosofia

    Também teve a morte encoberta, com um falso acidente de carro. O militante estudantil foi preso junto com a esposa, Catarina Helena Abi-Eçab, em 1968, depois de ser submetido à tortura.

  10. Luiz Eduardo da Rocha Merlino, História

    Estudava História na USP. Foi preso e torturado até a morte no DOI-CODI/SP em 1971.

  11. Maria Regina Marcondes Pinto, Ciências Sociais

    Militante do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria) desapareceu em Buenos Aires em 1976. Seu corpo nunca foi encontrado.

  12. Ruy Carlos Vieira Berbert, Letras

    Militante do Molipo, foi torturado e morto em 1972. Também é considerado um desaparecido político.

  13. Sérgio Roberto Corrêa, Ciências Sociais

    Militante da Aliança Libertadora Nacional, morreu em uma explosão em 1969. Seu corpo não foi entregue para a família, e Corrêa acabou enterrado como indigente.

  14. Suely Yumiko Kanayama, Letras

    Militante da guerrilha do Araguaia, desapareceu em 1973. Em 2010, Brasil foi condenado por seu desaparecimento.

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