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Saiba como estudar em uma faculdade particular mesmo sem grana

Quem precisa estudar e não tem grana para pagar mensalidade não precisa desanimar: conheça as alternativas, como bolsas de estudo ou financiamento

Por Carolina Vellei
Atualizado em 31 mar 2017, 16h57 - Publicado em 30 mar 2017, 17h53
(kroach/iStock)

Estudar em uma universidade pública é o sonho de muita gente. No entanto, para que todos realizassem esse desejo, o número de vagas em instituições públicas brasileiras teria que ser praticamente quadruplicado. Em 2015, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mais de 8 milhões de estudantes estavam matriculados na educação superior, sendo que apenas 1,9 milhões deles estavam em universidades públicas. Enquanto o número de vagas públicas não cresce, quem precisa estudar e não tem grana para pagar mensalidade em uma instituição particular não precisa desanimar! Existem alternativas, como bolsas de estudo ou financiamento estudantil. Entre os principais, estão dois programas federais: o ProUni e o Fies. Mas eles não os únicos. Confira abaixo opções para entrar no ensino superior sem pagar nada.

ProUni

Por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), mais de 1,7 milhão de pessoas conseguiram acesso à graduação. Lançado em 2004, o programa é uma iniciativa federal que oferece bolsas de estudo integrais e parciais em instituições particulares de ensino superior para estudantes brasileiros de baixa renda.

Para participar da seleção de bolsas, é preciso ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter atingido uma nota mínima de 450 pontos na prova, considerando a média das quatro áreas do conhecimento, e não ter zerado na redação. O estudante pode escolher até dois cursos em uma ou mais faculdades cadastradas no programa, em duas modalidades de bolsa: 50% (necessário ter máximo de três salários mínimos per capita de renda familiar) ou 100% (necessário ter máximo de 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar). Além disso, é necessário atender a pelo menos um dos seguintes pré-requisitos:

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– Ter cursado o ensino médio em escola pública ou em escola privada como bolsista integral;
– Ser uma pessoa com deficiência física;
– Ser professor da rede pública de ensino básico concorrendo a cursos de licenciatura, normal superior ou Pedagogia.

Depois de conseguir uma bolsa, é preciso estudar firme para poder continuar com ela. Vicente Almeida Junior, diretor interino de Políticas e Programas de Graduação da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), explica que a manutenção da bolsa é condicionada ao bom desempenho acadêmico. “Os candidatos às bolsas são pré-selecionados pelas notas obtidas no Enem conjugando inclusão à qualidade e mérito dos estudantes com melhores desempenhos acadêmicos”, diz.

(Victhor Fabiano/Arquivo pessoal)

Na opinião de Victhor Fabiano, aluno bolsista de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), os bolsistas costumam apresentar os melhores rendimentos para manter um grau de excelência acadêmica, já que o MEC estipula um limite de dependências nas disciplinas e frequência mínima nas aulas para a permanência no programa. O estudante também acredita que o programa ajudou a democratizar mais o ensino superior. “O ProUni é um ótimo programa de bolsa, é a primeira tentativa de ocupar e dar espaço aos estudantes da periferia cuja tradição familiar não está nem próxima do costume de cursar uma graduação”, afirma.

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Uma das vantagens do ProUni é a possibilidade de estudar em universidades de ponta do Brasil. A estudante Rafaela Martins optou pelo ProUni e hoje cursa Relações Internacionais na PUC-SP, que tem quatro estrelas na avaliação do Guia do Estudante, mesma quantidade dada a este curso na Universidade de São Paulo (USP). “Decidi participar do ProUni pois para o meu curso as faculdades particulares são ótimas”, explica.

Outro ponto que vale destacar é a possibilidade de mobilidade por meio do programa. Caio Xavier, estudante bolsista de Publicidade e Propaganda na mesma universidade que Rafaela, nasceu em Barretos, no interior do estado, e mora atualmente na capital. “Trabalho para me manter na cidade, já que optei por sair de casa e vir estudar em São Paulo”, conta. Para Caio, não é muito difícil se manter na faculdade. “Pode ter um exagero em questão de xerox por parte dos professores, mas nada muito exorbitante, e a universidade ainda oferece uma bolsa alimentação, podendo almoçar ou jantar gratuitamente dentro da própria faculdade, o que ajuda muito”, elogia.

Os estudantes dão dicas para quem também deseja ingressar no ProUni. “Foque no Enem e valorize a possibilidade de conquistar a bolsa”, orienta Victhor. Para Rafaela, é importante não se subestimar: “Estude ao máximo e lembre-se que existem várias opções de cursos e universidades”. Caio aconselha a ficar atento às bolsas remanescentes do programa. “Sempre sobram bastantes vagas e é bom estar preparado e organizado, porque é tudo muito rápido e os prazos mais curtos”, explica.

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Fies

Para os estudantes que não conseguirem uma vaga no ProUni há também a opção de obter um empréstimo pelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Para conseguir o financiamento, o candidato deve ter prestado o Enem e ter tirado no mínimo 450 pontos na média das áreas e não ter zerado a redação. Além disso, é exigido que a renda familiar mensal por pessoa não ultrapasse três salários mínimos.

É possível financiar até 100% do curso. O cálculo do percentual varia de acordo com a renda familiar e o valor da mensalidade do curso. Vicente Almeida Junior, do MEC, explica que essa conta é feita para evitar o desequilíbrio das finanças do estudante. “O valor a ser pago pelo aluno será determinado respeitando a capacidade de pagamento de cada faixa salarial, ou seja, as famílias com nível de renda menor pagarão um valor menor, independente do curso financiado”, afirma.

O consultor financeiro Erasmo Vieira aconselha que o estudante tente primeiro o Fies antes de recorrer a outros financiamentos estudantis privados. “A taxa de juros do Fies é seu melhor benefício. Além disso, durante os estudos os pagamentos são baixos e o prazo para pagar o financiamento é de até três vezes o tempo do curso”, diz. Atualmente, a taxa de juros do Fies é fixada em 6,5% ao ano.

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(Isabelle Müller/Arquivo pessoal)

O Fies foi a saída que Isabelle Müller encontrou para conseguir continuar cursando Engenharia Civil na UNIP, em São Paulo. “Optei pelo Fies a partir do quinto semestre da faculdade porque meu pai ficou desempregado e não tinha mais condições de pagar as parcelas, que na época já estavam na casa dos R$ 1.000”, revela. Isabelle conseguiu 100% de financiamento para os cinco semestres restantes. Prestes a concluir o curso, ela está preocupada com o pagamento do financiamento, porque sua área foi bastante afetada pela crise econômica brasileira. “Às vezes me arrependo de ter escolhido esse curso, porém, quando a área de Engenharia Civil está em alta, é maravilhoso. Acredito que depois do período de carência, que será quando eu começo a pagar, estarei estabilizada para quitar as parcelas tranquilamente”, conclui.

O consultor financeiro Erasmo Vieira aconselha que o estudante planeje o pagamento das parcelas no orçamento para que a dívida não se transforme em um grande peso, principalmente por conta dos juros. “Quem se formou e tem financiamento a pagar deve estabelecer a liquidação deste como prioridade antes de assumir novos compromissos como carro, imóveis ou viagens”, orienta.

Outras opções

Busca de Cursos

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Existem também outras formas de estudar em uma universidade privada sem pagar mensalidade. Uma delas é o programa Escola da Família, criado pelo Governo do Estado de São Paulo em 2003. A concessão de bolsas é realizada através de um convênio com instituições particulares de ensino superior. Em contrapartida, o estudante contemplado deverá atuar como educador universitário em uma escola participante do programa durante oito horas aos finais de semana. Para se candidatar a uma bolsa é preciso verificar se a faculdade em que ele está matriculado faz parte do convênio, ter disponibilidade para trabalhar aos sábados ou domingos e não possuir nível superior completo.

Outra opção para bolsas é o GUIA DO ESTUDANTE Bolsas, portal lançado este ano pelo GE que reúne descontos e bolsas de estudos em mais de 900 instituições de ensino superior de todo o Brasil. Não é preciso comprovar renda, basta fazer a inscrição por meio do site e já ter acesso ao desconto. Saiba mais aqui.

O estudante também pode procurar diretamente a instituição que gostaria de estudar e perguntar sobre opções de financiamentos e bolsas de estudo. Nos últimos anos, houve um aumento no número de opções privadas devido aos recentes cortes sofridos pelo Fies. O programa federal passou por limitações no número de vagas – de 732 mil em 2014 para aproximadamente 325 mil em 2016. “As instituições estão buscando parceiros para viabilizar a permanência dos estudantes e estão resgatando programas de financiamento internos e o oferecimento de bolsas”, explica Amabile Pacios, diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).

Para aqueles que buscam um financiamento privado como alternativa, o consultor financeiro Erasmo pede cautela ao assumir uma grande dívida: “As outras opções têm taxas de juros bem mais caras, gosto sempre de lembrar que diploma de graduação não é garantia de emprego”, alerta.

Rafael Domingos, coordenador do Cursinho Popular da ACEPUSP, acredita que iniciar uma faculdade é algo sério, que exige cuidado e reflexão. Para ele, muitas vezes o estudante alimenta um certo senso de urgência em iniciar a faculdade, sem pesar muito essa escolha. “Existe uma expectativa social a respeito da universidade, que muitas vezes leva pessoas a se matricularem num determinado curso sem realmente compreender as consequências dessa decisão”, afirma.

Caso não seja possível esperar mais um ano para tentar novamente uma vaga em uma universidade pública, Rafael Domingos orienta que o estudante preste atenção às cláusulas do contrato na hora de assinar o financiamento privado. “Procure sempre transformá-las em situações concretas. Quer dizer, o que aquele determinado parágrafo ou artigo do contrato pode impactar na sua realidade?”, aconselha o coordenador. Para ele, é importante não alimentar ilusões e fazer todas as perguntas, sem medo ou vergonha, antes de assinar o contrato.

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