Terremoto pode ser assunto de mais vestibulares que o comum, afirmam professores
Teor das questões deve ser o mesmo: mais conceito, menos decoreba
A impressão é que eles estão cada vez mais comuns. Em 13 meses, Haiti, Chile e Japão sofreram terremotos avassaladores, com consequências drásticas que chocaram o mundo. Mas isso não quer dizer que hoje há mais terremotos que no passado. O imediatismo das notícias e a cada vez maior influência das redes sociais deixaram acontecimentos assim mais próximos do nosso cotidiano.
Imagem de satélite mostra um tufão, em 2008, no Japão. |
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“Há 20 anos, se tivesse acontecido um terremoto como o do Haiti, demoraria uma semana para sabermos o que realmente aconteceu”, exemplifica Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora do cursinho Objetivo, de São Paulo. Mesmo assim, desde 2004, com o tsunami no Sudeste Asiático (e a consequente popularização do termo), questões assim são mais comuns nos vestibulares.
A professora lembra que todo ano questões sobre terremoto, vulcanismo e placas tectônicas caem nos vestibulares, pois são temas que fazem parte do conteúdo cobrado de geografia. “O que provavelmente pode acontecer esse ano é que mais vestibulares cobrem esse tema”, diz. Reinaldo Scalzaretto, supervisor de geografia do Anglo, também de São Paulo, concorda.
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Ambos dizem que a contextualização da tragédia deverá guiar a maioria das questões. “Um bom vestibular não pergunta decoreba, não vai cobrar do aluno que ele saiba quantos graus na escala Richter teve o terremoto do Japão – que, por sinal, foi de magnitude 9 -, mas, a partir da gravidade do terremoto, vai pedir que o estudante explique o conceito do tremor”, explica Reinaldo.
“Alguns vestibulares podem elaborar perguntas que abordem temas mais sociais ligados às tragédias. Podem, sim, fazer uma comparação do terremoto no Haiti e no Japão, mostrando o motivo de no primeiro local ter ocorrido uma grande destruição e no segundo não. Esse tipo de questão pode cair mais no vestibular da Unicamp, por exemplo, que costuma fazer mais questões sociais”, diz Vera Lúcia.
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A professora reforça a hipótese de que os vestibulares não aumentarão o espaço dedicado a questões ligadas a tragédias. “Na prova de geografia da Fuvest é bem pouco provável que caiam duas questões sobre terremoto ou tsunami”, opina.
Terremotos do passado
Reinaldo diz que é possível que grandes tragédias do passado apareçam nas provas. “É possível que o vestibular compare dois terremotos, do tipo, um que aconteceu hoje e outro há 100 anos, mas no fim, a questão será sempre sobre como acontecem os terremotos, por que acontecem, essas coisas”, explica o professor.
Um terremoto que sempre merece a atenção dos estudantes é o de Lisboa, em 1755, por conta de suas consequências históricas. O historiador britânico Edward Paice, no livro A Ira de Deus, explica que a tragédia que matou entre 30 mil e 40 mil pessoas provocou reviravoltas em lugares bem longe de Portugal, como o Brasil. O terremoto acelerou o crescimento do poder do marquês de Pombal, que tocou a reconstrução de Lisboa e naquela época já falava da mudança de capital do império, 53 anos antes da vinda de d. João VI ao Brasil. No poder, Pombal expulsou os jesuítas das colônias e instituiu a derrama, mecanismo de confisco nas regiões das minas de ouro que foi um dos motivos que levaram à Inconfidência Mineira.
Além disso, segundo Paice, o terremoto de Lisboa influenciou o filósofo Voltaire. “O terremoto foi o catalisador do pensamento ocidental”, afirma o historiador em entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE. “Foi o prenúncio do Iluminismo”.
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