Com a cabeça apoiada em um cabo de vassoura, estudantes giravam até ficarem tontos. Na sequência, pulavam numa piscina de lama com legumes, folhas, galhos e lixos. “Assim aconteceu mais um trote sujo na UnB (Universidade de Brasília)”, relatou o portal de notícias da instituição na última terça-feira (13).
Estudantes de Agronomia fazem o ‘elefantinho’ na UnB; universidade classifica brincadeiras de ‘humilhantes’ |
A festa organizada para os novos estudantes de Agronomia irritou a direção da universidade. Essa não é uma maneira adequada de dar boas vindas. Os novos alunos não devem ser submetidos pelos veteranos a atitudes vexaminosas, disse reitor José Geraldo de Sousa Junior.
A nota publicada no site oficial da UnB relata o episódio em tom de reprovação. “Molhado e tremendo de frio, o calouro Felipe Abreu não parecia confortável com a experiência. Quando entrevistado, disse que ‘por enquanto estava tranquilo’. Já o colega Emanuel Rodrigues disse não “curtir muito esse tipo de trote’. ‘Mas entrei na onda do pessoal’”, diz o texto.
Segundo o relato, uma das brincadeiras era lamber leite condensado de uma linguiça encapada com um preservativo. Não foi divulgada a data em que ocorreu a festa.
Estudantes giram até perder o equilíbrio; universidade condena brincadeiras |
BRINCADEIRA
“É como se fosse uma iniciação mesmo. Depois do trote, acaba a divisão entre calouros e veteranos”, se defendeu Vitor Dias, 2º semestre de Agronomia, um dos participantes da festa.
Segundo o estudante, ficar sujo é uma tradição. “Já que é para ficar sujo, que seja com os amigos. Vai ser um momento que todo mundo vai lembrar pro resto da vida”.
Sobre os xingamentos, ele afirmou que não passavam de ‘brincadeiras entre amigos’. “Pode perguntar pra qualquer um aqui que eles vão dizer que estão felizes. Esse momento só enaltece o curso”.
O calouro Sérgio Fernandes gostou da brincadeira. “Sou a favor do trote, pois diferencia o mundo acadêmico do ensino médio é o trote”, destacou. “É o único dia da nossa vida em que vamos fazer isso”.
Muitos estudantes tinham as bocas roxas, pintadas com um corante antimicótico. “Uma corneta a gás embalava a ‘brincadeira’ em pleno horário de aula”, diz o texto do site da UnB.
O relato prossegue: “Depois de brincar, os alunos da Agronomia seguiram de ‘elefantinho’ – fila indiana em que os participantes caminham agachados com as mãos por baixo das pernas – para os jardins do prédio gritando palavras de ordem e desmoralizando a vida acadêmica”.
SEM GRAÇA
Paulo Ramón, agrônomo formado pela UnB, assistiu a todo o trote. “Sou totalmente contra. Nunca dei trote e acho que, de um modo geral, esse tipo de comportamento prejudica a imagem da UnB”, disse.
“Eu acho esse tipo de trote ridículo e sem criatividade. Isso não cativa os calouros”, condena Marcelo B., do 10º semestre. “Acho que tinha que ser alguma coisa para fazer o bem. Olha o tanto de alimentos que gastaram sujando os calouros que poderiam ter sido usados para outro fim”, disse.