Unicamp 2025 aborda suspensão do X no Brasil; veja outros temas que caíram na prova
Prova trouxe questões sobre atualidades, incluindo a suspensão do X no Brasil, discussões acerca da censura e os impactos ambientais dos protetores solares
O primeiro dia da segunda fase do vestibular Unicamp 2025, realizado neste domingo (1º), trouxe questões atuais, que, como de costume da prova, exploraram temas contemporâneos de grande relevância social. Entre os destaques estiveram a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil, contexto ligado ao embate entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, a visão filosófica acerca da Inteligência Artificial, o impacto ambiental dos protetores solares, além de uma relação entre a gíria “tankar” e o etarismo (preconceito baseado na idade).
“Esse primeiro dia da segunda fase teve como principal característica a atualidade do exame”, declara Felipe Mello, professor de História do Colégio Oficina do Estudante. “Um candidato conectado aos principais assuntos veiculados nos meios de comunicação, teria a capacidade de resolver a prova. O nível da prova foi médio.”
Na redação, os candidatos puderam escolher entre um comunicado sobre os riscos dos jogos de azar eletrônicos entre crianças e um Projeto de Lei para combater a desigualdade de gênero na política. As temáticas da prova só reforçam a proposta da universidade de integrar debates contemporâneos e selecionar os candidatos com bom pensamento crítico.
Veja uma breve um resumo dos principais temas abordados na prova, que pode ser conferida integralmente aqui.
Suspensão do X (antigo Twitter)
O principal destaque da prova – que mostra o quanto a Unicamp valoriza os estudantes antenados nas atualidades – pedia a interpretação de uma charge de Raphael Nascimento que faz referência à suspensão da rede social X no Brasil. Um ato que escalou para momentos de atrito entre o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
No primeiro item, o candidato deveria explicar a metáfora de “jogo da velha” para identificar os envolvidos na disputa e quem venceu a partida, simbolizando a vitória de um dos lados. No segundo item, a questão questionava o uso do termo “Decolonial” na arte de Raphael Nascimento, pedindo uma reflexão sobre o prefixo “DE-” como um movimento contra a colonialidade, criticando as estruturas de poder e dominação.
“Chama a atenção que os atritos foram entre o poder judiciário e a plataforma digital, já o enunciado aponta que os embates ocorreram entre o X e o poder legislativo, isso, eventualmente, pode ter confundido o candidato”, opina Mello.
“Exigia-se que o candidato dominasse o conceito de ‘decolonialidade’, enquanto um conjunto de práticas, estudos, pesquisas e conceitos que visam diminuir ou reverter os efeitos da colonização nas sociedades. Porém, a obra destacada apresenta mais do que uma resistência teórica, mas uma garantia da soberania nacional perante os interesses econômicos da plataforma internacional.”
Censura do livro “O Avesso da Pele”
Outra questão bem atual envolveu três textos relacionados ao romance “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório. O primeiro apresentava a capa do livro com uma legenda explicativa. O segundo, um trecho do romance, no qual o narrador reflete sobre o “avesso”, que se refere à essência invisível do indivíduo além da cor da pele. O terceiro texto era uma notícia sobre a retirada do livro das escolas, gerando um debate sobre censura.
A questão propunha que o candidato analisasse o conceito de “avesso” e sua relação com a imagem da capa e a legenda, abordando temas como identidade e censura.
Obras literárias
Apenas uma obra literária cobrada na lista deu as caras na prova desse primeiro dia: “Casa Velha“, de Machado Assis. A questão explorava uma análise das relações sociais no Brasil do período da Regência, destacando a heroína Lalau e sua mãe viúva, que tentam separar os jovens amantes. O texto pedia uma reflexão sobre as barreiras de classe e status da época.
Em outra questão, foi abordado o poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, ainda que não presente na lista. O estudante deveria analisar a maneira como a obra inspirou o poema homônimo de José Paulo Paes, e a canção “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim.
Inteligência Artificial
Uma questão abordou a visão do filósofo René Descartes sobre a natureza humana e a possibilidade de máquinas pensantes. Segundo Descartes, os seres humanos são compostos por duas substâncias: o corpo físico, que pode ser estudado objetivamente, e a mente, que só é acessível por introspecção. O texto destacava que, para Descartes, o processamento de linguagem é o fator determinante para a inteligência, e que uma máquina seria capaz de pensar de forma verdadeira se pudesse processar conceitos e gerar pensamentos de maneira independente, como um ser humano.
Impactos ambientais de protetores solares
Houve uma questão tratando da radiação solar ultravioleta (UV) e os seus efeitos no corpo humano. No primeiro item, pedia-se o cálculo da faixa de frequência da radiação UV que atinge a derme (pele), com base nas faixas de comprimento de onda e usando a relação entre velocidade da luz, comprimento de onda e frequência.
No segundo item, a questão discute o impacto ambiental dos protetores solares nos ecossistemas marinhos, especialmente nos corais. O uso desses protetores pode prejudicar organismos aquáticos, pois os produtos químicos presentes neles interferem na fotossíntese dos corais e afetam a saúde dos ecossistemas marinhos.
“Tankar” x etarismo
Outra questão de Língua Portuguesa tratou da efemeridade das gírias e as suas implicações sociais. No primeiro item, o candidato deveria identificar exemplos de gírias que funcionam como marcadores sociais: uma que indique a idade do falante, como “mancada”, e outra que sinalize pertencimento a um grupo específico, como “tankar”.
No segundo item, a analogia entre o ciclo de vida das gírias e o humano é destacada, mostrando que, assim como as palavras nascem e morrem rapidamente, as gírias também seguem um ciclo efêmero. A crítica ao etarismo se refere à ideia de que, ao envelhecer, o uso de gírias antigas é visto de forma negativa, como uma “gafe” na sociedade atual.
Prova continua amanhã
A segunda fase acontece nos dias 1º e 2 de dezembro, com cinco horas de prova por dia. O exame inclui no total 30 questões dissertativas, todas formuladas para avaliar habilidades analíticas, comparativas e interpretativas. Cada enunciado é apresentado em forma de texto e exige duas respostas por pergunta, além da redação baseada em uma das propostas apresentadas.
Cronograma Unicamp 2025
- Pedido de isenção da taxa: de 13 de maio a 7 de junho
- Resultado do pedido de isenção: 30 de julho
- Inscrição no vestibular: de 1 a 31 de agosto
- Primeira fase: 20 de outubro
- Segunda fase: 1 e 2 de dezembro
- Prova de Habilidades Específicas (Música): setembro
- Prova de Habilidades Específicas (demais cursos): dezembro
- Divulgação do resultado: 24 de janeiro
Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso GUIA DO ESTUDANTE ENEM e tenha acesso a todas as provas do Enem para fazer online e mais de 180 videoaulas com professores do Poliedro, recordista de aprovação nas universidades mais concorridas do país.