Na última segunda-feira (3), estudantes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) se juntaram em protesto a algumas mudanças ocorridas na universidade nos últimos meses. Entre as reivindicações, os alunos pediam a revogação da norma que passa a impedir que estudantes autodeclarados pretos ou pardos oriundos de escolas particulares participem do ingresso via Enem.
Desde 2019, a universidade destina 20% do total de vagas ofertadas no processo seletivo a estudantes que prestarem o Enem no ano vigente ou anterior. Até o processo seletivo do ano passado, essas vagas eram distribuídas da seguinte forma:
- 25% das vagas da modalidade Enem-Unicamp eram destinadas a estudantes autodeclarados pretos ou pardos que estudaram o ensino médio em escolas particulares;
- 25% a estudantes autodeclarados pretos ou pardos egressos de escolas públicas;
- E os outros 50% eram destinadas a estudantes de escola pública, sem distinção racial.
Com a alteração na regra, que foi aprovada pelo Conselho Universitário em agosto deste ano, os 25% destinados aos autodeclarados pretos ou pardos oriundos de escolas particulares deixam de ser ofertados, e passam a integrar a porcentagem de vagas étnico-raciais apenas a estudantes da rede pública.
Na nova divisão, as vagas na modalidade Enem-Unicamp ficam divididas meio a meio: 50% são destinadas a estudantes do ensino médio de escola pública sem o critério racial, e os outros 50% a estudantes negros e indígenas de escolas públicas.
Em entrevista ao G1, José Alves de Freitas Neto, diretor da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), explicou que uma das motivações para a mudança foi ampliar a oportunidade para egressos de escolas públicas.
“A mudança se deve a dois objetivos: primeiro, ampliar e dar maior oportunidade para estudantes de escola pública; segundo, fazer com que a concorrência seja mais adequada, considerando que nós temos mais candidatos de escola pública pretos e pardos do que candidatos de escola privada pretos e pardos concorrendo a 5% de vagas em cada um dos nichos anteriores”, disse o diretor.
Na modalidade tradicional do vestibular, a reserva para estudantes que se enquadrem em cotas étnicas-raciais e/ou de escola pública segue inalterada, e o diretor da Unicamp incentiva que os candidatos negros e indígenas oriundos de escolas privadas concorram pela reserva de vagas.
Semelhanças com a USP
Algo semelhante ocorre com a Fuvest, o vestibular da USP (Universidade de São Paulo). Além da prova tradicional, a universidade admite o ingresso na universidade via Sisu, onde a nota utilizada é a do Enem.
Nesta opção, porém, as vagas disponíveis são majoritariamente destinadas a candidatos que estudaram em escolas públicas, com uma porcentagem delas para autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.
O que nova regra da Unicamp determina é o que já acontece com o vestibular da USP: a modalidade de ingresso que envolve a nota do Enem passa a ser destinada a estudantes de escola pública.
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