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As guerras que fizeram os gastos militares baterem recorde no mundo

Despesas militares em 2023 chegaram a 2,2 trilhões de dólares, impulsionadas por conflitos em várias partes do globo

Por Paulo Zocchi
19 fev 2024, 12h04

Os gastos militares somados de todos os países atingiram no ano de 2023 um valor recorde, chegando a 2,2 trilhões de dólares (10,9 trilhões de reais), considerando os últimos 78 anos, desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945). O dado foi divulgado no relatório Balanço Militar 2024 (Military Balance), o principal levantamento internacional sobre o assunto, publicado anualmente pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), de Londres (Reino Unido).

O gasto com armamentos em 2023 cresceu 9% em relação ao ano anterior. A alta das despesas militares no mundo é impulsionada pela multiplicação de guerras, com destaque para a que opõe Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, e para o conflito na Palestina, com a atual escalada bélica iniciada em outubro de 2023, envolvendo o Estado de Israel e o grupo islâmico Hamas.

O gasto mundial com armamentos é maior do que o PIB (produto interno bruto) brasileiro em 2022, ou seja, maior do que o valor de tudo o que o Brasil (9ª maior economia do mundo) produziu naquele ano.

Maiores gastos

Os Estados Unidos são a grande potência militar do mundo, e concentraram 41% do total de gastos bélicos no ano passado, num total de 905 bilhões de dólares (cerca de 4,5 trilhões de reais). Boa parte da bilionária ajuda militar norte-americana à Ucrânia ocorre na forma de encomendas às empresas dos próprios EUA: as quatro maiores fabricantes de armamentos no mundo são norte-americanas.

O segundo país que mais gastou com armamentos em 2023 foi a China, com 219 bilhões de dólares (cerca de 1,1 trilhão de reais). Num plano imediato, o gigante asiático vê-se incomodado pela presença militar dos EUA no oceano Pacífico, sobretudo pela disputa com Taiwan (país apoiado pelos norte-americanos, e que a China não reconhece, pois considera uma província rebelde). Mas, num contexto mais amplo, a China, que possui a 2ª maior economia do mundo, enfrenta uma guerra comercial com os EUA que já se estende por anos, e reforça seu poderio bélico para impor suas posições, em primeiro lugar, na Ásia e no oceano Pacífico, mas também na África, onde estreita as relações comerciais e diplomáticas com diversos países.

A Rússia sustenta o terceiro maior gasto militar mundial, turbinado pelas operações da guerra com a Ucrânia, chegando a 108 bilhões de dólares (535 bilhões de dólares). Isso equivale a cerca de 25% do PIB russo, mostrando que a guerra iniciada com a invasão do território ucraniano está canalizando a produção econômica do país.

Ampliando significativamente seu gasto em 2023, a Índia é o quarto país da lista. Há décadas, enfrenta uma disputa de territórios com o vizinho Paquistão, pois contesta o controle paquistanês sobre a Cachemira, que considera seu território histórico. O conflito chegou ao ponto extremo de os dois países constituírem arsenais nucleares. Outro ponto que explica a ampliação de seu gasto militar é a vizinhança com a China e a disputa geopolítica no sudeste asiático.

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Economia de armamentos

Por sua natureza, a indústria de armamentos é um dos balões de oxigênio da economia mundial. Seu funcionamento é relativamente autônomo de mercados consumidores, pois depende sobretudo de encomendas governamentais. É assim que, para vários países ricos, a indústria armamentista dá a segurança de um segmento estável, mesmo com as oscilações do mercado e as crises econômicas globais, como a que foi aberta em 2008.

Para os países mais desenvolvidos, também é importante para garantir o peso geopolítico e a capacidade de se defender, em caso de ataque, ou de estar presente com as suas forças armadas em outros pontos do globo onde seus interesses diretos – políticos ou econômicos – estejam em jogo.

A guerra entre Rússia e Ucrânia vem levando a uma forte alta de gastos militares para os países europeus, principalmente os que integram a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, liderada pelos EUA). Há uma pressão da cúpula da Otan para que seus membros gastem, ao menos, 2% do PIB de cada país com o orçamento militar. Como resultado, os governos se veem levados a cortar destinações a outras áreas do orçamento público – educação, saúde, Previdência Social etc. –, destinando os recursos ao setor bélico. Com isso, crescem as tensões sociais e as crises políticas em diversos países europeus, como se pode acompanhar pelo noticiário.

Conflitos internacionais

Quase oito décadas após a Segunda Guerra Mundial (1945), e mais de 30 anos após a Queda do Muro de Berlim (1989), o mundo está longe de viver um cenário de paz, harmonia e colaboração entre os países. Há conflitos armados ou situações de forte tensão se mantendo ou eclodindo em todos os continentes, com motivações que se iniciaram, em geral, décadas atrás, como:

  • O conflito na Palestina, que remonta à fundação do Estado de Israel, em 1948; 
  • A Guerra na Ucrânia, cuja origem está nas condições de dissolução da União Soviética, em 1991;
  • O conflito Índia-Paquistão, originado no processo de independência da Índia e do Paquistão do domínio britânico, em 1947;
  • A forte tensão China-Taiwan, gerada desde a Revolução Chinesa e da separação de Taiwan, em 1949.

A Organização das Nações Unidas (ONU), criada ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, se vê em crise por não conseguir cumprir o papel de canal de pacificação e de fórum de debates e de resolução de conflitos em nível global. O poder de veto dos cinco membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido – faz com que a entidade não tenha conseguido aprovar medidas eficazes de ação nos dois grandes conflitos armados atuais, a Guerra na Ucrânia e o embate entre Israel e os palestinos.

Além dos conflitos citados, outros choques armados no mundo acontecem na Síria (Oriente Médio); na região de Nagorno-Karabakh (entre Azerbaijão e Armênia, no Cáucaso); no norte da África e na região do deserto do Saara e sua faixa sul (chamada de Sahel), envolvendo vários países e grupos armados; no Sudão e Sudão do Sul; na região da República Democrática do Congo, Burundi e Ruanda; na Somália; na costa leste africana (Tanzânia, Moçambique); no Iêmen (península arábica); nas Coreias do Norte e do Sul, entre diversos outros. Merece ainda menção a tensão crescente que envolve a pretensão da Venezuela de anexar a parte oeste do país vizinho, a Guiana, ambos na fronteira norte do Brasil.

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Esse panorama de tensão em nível internacional, com a multiplicação de focos de conflito, envolve como regra a disputa de países ou grupos armados pelo controle de recursos físicos – sobretudo fontes de energia, como petróleo ou minerais –, de rotas comerciais – sejam terrestres, marítimas ou por estruturas como gasodutos –, de mercados consumidores ou pela soberania política sobre territórios.

Um dos principais sintomas de seu agravamento é a elevação de gastos militares globais. Infelizmente, o relatório recente mostra um volume recorde desses gastos, dado que acaba sendo uma fonte de preocupação, de reflexão e de debate para todos que se preocupam com o futuro das relações internacionais.

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