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Como ler os ataques ao Congresso nos Estados Unidos

Entenda o contexto do que Joe Biden chamou de terrorismo doméstico

Por Giulia Gianolla
Atualizado em 8 jan 2021, 10h40 - Publicado em 7 jan 2021, 22h30

Na quarta-feira (6), grupos pró-Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos. A ação ocorreu durante uma sessão de contagem dos votos do Colégio Eleitoral, que buscava concluir o processo eleitoral e validar a vitória de Joe Biden na eleição. O ato aconteceu logo após Donald Trump discursar aos apoiadores dizendo, mais uma vez, que nunca aceitaria o resultado da votação. Ele afirma, sem provas, que houve fraude.

O GUIA conversou com Renato Piton, professor de Geografia da Oficina do Estudante, para analisar o impacto da ação para os Estados Unidos e para o mundo. Bora entender?

De onde veio esse ataque?

Uma invasão a uma das principais sedes do governo de um país não surge do nada. A proporção de pessoas envolvidas mostra que a revolta não vem de um grupo pequeno. “Essa invasão, nessa grandeza, não se esperava. Mas os protestos já vinham ganhando forma há algum tempo, com apoio do próprio presidente Donald Trump”, explica o professor Piton.

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“Inclusive, a ameaça à democracia mora muito mais nessa incitação populacional do presidente do que no pedido de recontagem de votos, que está no direito dele. Após Biden ter sido eleito, Trump continuou indo a público e falando em suas redes sociais que a eleição foi uma farsa e que o povo devia ‘se levantar, ser forte, que com fraqueza nada seria resolvido’. Desta forma, o movimento cresceu e, durante o ato no Capitólio, manifestantes atacaram polícia e imprensa”. 

O que a invasão representa?

Para Piton, é uma verificação do que se vê na atualidade americana. “É o reflexo de uma população que está sofrendo uma grande influência de um presidente extremamente populista.” Ao se referir a Trump como populista, ele explica: “É um presidente que discursa para uma grande massa, sem necessariamente respeitar as instituições legais e estatais”.

Protesto ou terrorismo? 

Ao intitular uma manifestação como vandalismo ou terrorismo doméstico, dá-se a ideia de traição das estruturas que dão base à sociedade da qual se faz parte, com o objetivo de impor medo a uma população ou governo. O professor destaca o modo de tratar dos dois candidatos em 2020.

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“Joe Biden não se refere ao ataque como protesto, mas sim como uma insurreição. Já Trump, mesmo pedindo para as pessoas retornarem às suas casas, continuou insistindo que as eleições foram fraudulentas, dando razão aos manifestantes.”

“Deixe-me ser muito claro: as cenas de caos no Capitólio não representam quem somos. O que estamos vendo é um pequeno número de extremistas dedicados à ilegalidade. Isso não é dissidência, é desordem. É quase uma rebelião e deve acabar. Agora.”

(Vale lembrar que os comentários de Donald Trump no Twitter foram apagados pela própria plataforma por incitação a violência e, por isso, não entram nesta reportagem).

E quais podem ser as consequências?

“Imagino que isso não tenha grandes consequências, além desse grande registro histórico do momento que estamos vivendo, da massificação da intolerância, da radicalização das populações no geral”, afirma Piton. Sobre os desdobramentos disso na eleição de Biden e nas estruturas democráticas dos EUA, o professor é um pouco mais otimista. Mesmo com a invasão, ele ressalta: “A eleição de Biden foi comprovada. A gente viu a população se manifestando, mas a instituição, de uma maneira geral, ainda prevalecendo.” 

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Quais são as motivações dos manifestantes?

“A motivação vem de uma insatisfação da população com sua própria vida”, expõe o professor de Geografia. “Quando a pessoa não está satisfeita com a própria seguridade financeira, a condição de educação, de saúde, alguns discursos mais inflamados populistas ganham força”.

O professor vê esse mesmo movimento em outras partes do mundo: “Alguns discursos nacionalistas, que a gente vê refletidos em vários pontos da América Latina, reacendem certas paixões por medo e por defesa. Assim também foi com o antipetismo e o combate à corrupção no Brasil. A alternativa que se apresentou foi o discurso, inclusive violento, de Jair Bolsonaro, que se apoiou no modelo de discurso e de propaganda de Donald Trump.”

O Brasil pode ver esse tipo de manifestação se repetir?

“A gente se preocupa com a repercussão que isso pode ter no Brasil”. O presidente brasileiro afirmou aos apoiadores, no Palácio da Alvorada, que “se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”.

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Sobre essa afirmação, Piton comenta: “Falou-se até sobre um possível janeiro de 2023, caso Bolsonaro não seja reeleito. Mas, já que há essa possibilidade, podemos antever isso e não deixar ter os mesmos desdobramentos aqui no Brasil.”

Quanto à resposta da parcela democrática para que extremistas brasileiros não cheguem ao ponto dos invasores americanos, ele afirma que ainda não há uma figura para capitanear a defesa da democracia: “A gente vê o peso para o lado antidemocrático se fortalecendo e o lado mais democrático muito rachado. Não tem uma liderança forte ainda que combata essa postura autocrática, mas é necessário que haja. Não que atraia votos passionais, mas que incite a calma e a perpetuação da democracia”.

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