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COP-26: qual é a importância da conferência do clima?

O principal evento sobre o clima pode resultar em medidas para frear a crise que afeta o mundo. E mais: veja bons argumentos caso o tema caia na redação

Por Jennifer Ann Thomas
Atualizado em 5 out 2021, 20h19 - Publicado em 24 set 2021, 12h51
Jovens seguram cartazes e protestam nas ruas de Roma semanas antes da COP-26
Jovens protestam nas ruas de Roma na sexta-feira (24), semanas antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, que acontece em Glasgow em novembro. A demonstração é parte do movimento #FridaysForFuture, que teve início em agosto de 2018 quando Greta Thunberg matava aula para protestar em frente ao parlamento sueco contra a falta de ação do governo no combate à crise climática. E você, o que tem feito pelo mundo? Crédito: (Antonio Masiello/Getty Images)
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A crise climática é o assunto do momento. Incêndios assustadores, temperaturas recordes, crise hídrica e previsões cada vez mais calamitosas para as próximas décadas. Para quem assiste de fora, fica a dúvida: como resolver essa bagunça ambiental que está acontecendo em diversos lugares do mundo?

O principal espaço político para debater compromissos e soluções para frear as mudanças do clima é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, também conhecida como COP, que é realizada anualmente. Em 2020, ela foi adiada por causa da pandemia de coronavírus. Neste ano, durante as primeiras semanas de novembro, a COP-26 será sediada (até segunda ordem!) em Glasgow, na Escócia, de 1º a 12 de novembro.

Depois de um ano de espera para a realização do encontro, o clima está quente para o debate sobre as mudanças climáticas. Em agosto deste ano, o primeiro capítulo do Sexto Relatório de Asseguração do IPCC, o AR6, foi divulgado, e as conclusões destacadas no documento não são nada animadoras.

Na verdade, ele confirma aquilo que cientistas climáticos vêm falando há muito tempo: as ações antrópicas, causadas pela espécie humana, são responsáveis pela alteração nos padrões climáticos. Isso quer dizer que cabe às diferentes sociedades, representadas pelos seus sistemas políticos e econômicos, tomar atitudes para reverter o cenário.

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Até o momento, o planeta já aqueceu cerca de 1,1ºC em comparação a níveis pré-industriais. Durante a COP-21, realizada em Paris em 2015, foi assinado o Acordo de Paris, que estabeleceu a meta de tentar manter o aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC e evitar que o aquecimento global ultrapasse 2ºC.

Para que essas metas sejam alcançadas, todos os países precisam fazer a sua parte. Na COP-26, espera-se que lideranças políticas, econômicas e da sociedade civil consigam finalizar as negociações para colocar o Acordo de Paris em prática. 

Em fevereiro deste ano, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que “até a COP26, no mais tardar, todos os países precisam apresentar contribuições significativamente mais ambiciosas, determinadas nacionalmente, com metas para 2030 e consistentes com uma trajetória de neutralidade de carbono”.

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O chefe da ONU fez um alerta para os países: as metas apresentadas até o momento não vão fazer com que os objetivos do Acordo de Paris sejam atingidos. 

Meio ambiente
As ações antrópicas, causadas pela espécie humana, são responsáveis pela alteração nos padrões climáticos. Isso quer dizer que cabe às diferentes sociedades, representadas pelos seus sistemas políticos e econômicos, tomar atitudes para reverter o cenário. (Aksh Kinjawadekar/Pixabay)

E eu com isso?

COP-26, Acordo de Paris, IPCC, ONU… Os termos e as siglas fazem com que o assunto pareça inatingível, uma daquelas coisas que são muito de adulto…

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Mas quem não estava no planeta Terra quando a internet conheceu Greta Thunberg, a jovem sueca que começou a matar aula todas as sextas-feiras, sozinha, para protestar contra a crise climática em frente ao Parlamento de seu país? Pouco a pouco, outros jovens se juntaram a ela e assim surgiu o movimento Fridays For Future

Não, esse não é um convite para matar aula. A Greta representa a possibilidade de ação de pessoas de qualquer idade em prol daquilo que elas acreditam para mudar o mundo. Em mais de uma ocasião, Greta criticou publicamente a postura de diversos países, inclusive a do Brasil, em relação ao enfrentamento da mudança climática. Nos últimos anos, uma verdadeira legião de jovens ativistas ganhou maior visibilidade por causa do movimento encabeçado por ela.

No fim do ano passado, mais de 300 adolescentes e jovens adultos de cerca de 140 nações organizaram uma espécie de versão online da COP-26 para debater o meio ambiente. As gerações mais jovens estão mostrando ao mundo que não deixarão de lutar pelo bem-estar da natureza, e que há pressa para mudar a atitude em relação ao aquecimento global.  

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O ativismo é apenas uma das maneiras de se envolver com a agenda ambiental. Atingir os objetivos do Acordo de Paris significa trabalhar para minimizar as mudanças do clima, como o aumento do nível do mar, a ocorrência mais frequente de eventos extremos e a alteração nos padrões climáticos. Mesmo longe da COP, participar de projetos de preservação ambiental é uma maneira de contribuir com ações práticas na sua realidade local.

O Brasil na COP-26

O ambiente está longe de ser favorável para a delegação do governo brasileiro na COP-26. O desmatamento na Amazônia atingiu níveis altíssimos nos últimos anos, e a imagem que o mundo tem do Brasil é a de que as cadeias produtivas são contaminadas por ilegalidades que ocorrem na floresta, como a grilagem e o garimpo ilegal. Além disso, um dos principais pontos que serão debatidos na COP-26 é sobre o artigo 6 do Acordo de Paris, que fala sobre o mercado de créditos de carbono. 

Como alguns países emitem mais gases de efeito estufa do que outros, aqueles que conseguem reduzir emissões, ou desenvolver projetos de sequestro de carbono, podem negociar créditos. Por outro lado, as nações que não conseguem limpar as suas cadeias podem comprar os créditos para alcançar a meta proposta no Acordo de Paris.

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Em 2019, durante a COP-25 em Madri, o Brasil foi um dos países que atrapalhou as negociações para avançar na regulamentação do mercado de créditos de carbono por defender a dupla contagem. Ou seja, o governo queria que fosse permitido incorporar à sua própria meta os resultados obtidos graças ao investimento feito por outro país.

Neste ano, que será o primeiro do atual ministro do Meio Ambiente, Joaquim Pereira Leite, a expectativa é a de que o Brasil não será uma peça-chave nas negociações. Ao mesmo tempo, representantes do agronegócio e do setor privado querem mostrar para os investidores estrangeiros que a maior parte dos empresários age dentro da lei e tem interesse em proteger a floresta. Em um cenário de recuperação econômica pela pandemia de coronavírus, a colaboração internacional e parcerias com investidores estrangeiros pode ser essencial para melhorar a situação do país.

 

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