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‘História no Paint’ defende uso de memes na educação

Criador da página, Leandro Marin explica porque é fundamental que educadores usem a linguagem da internet

Por Luccas Diaz
Atualizado em 8 mar 2021, 19h42 - Publicado em 15 nov 2020, 06h30

Quem diria que uma página no Facebook de memes com temática histórica se tornaria uma das mais famosas nas redes sociais e ainda viraria tema de discussão sobre a utilização das redes sociais no ensino? Leandro Marin, 24, criador do História no Paint, definitivamente não previa.

O jovem criou a página quando ainda era um estudante se preparando para o vestibular. Hoje ele cursa História na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). No começo, o objetivo era apenas compartilhar com os amigos o lado mais descontraído do conteúdo aprendido nas aulas de História. No entanto, o sucesso do História no Paint foi tanto que hoje a página é tema de palestras e teses de doutorado.

Em entrevista ao GUIA,  Marin defende o processo de ensino da marca que criou: “A página atrai a galera pelo humor, mas não deixa de ensinar e ajudar na compreensão” explica. “Por que não o professor fazer uma live assistindo um episódio de uma série sobre a Revolução Francesa junto com os alunos e ir pontuando os principais pontos?”.

A falta de preparo para o ensino remoto pegou parte dos professores de surpresa durante a pandemia da Covid-19. A batalha pela atenção dos estudantes teve como o inimigo todas as milhares de opção de distração online, que vão desde o grupo com os amigos no WhatsApp até as centenas de séries e filmes online.

É aí que o História no Paint entra no debate.

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Um dos posts compartilhado no perfil História no Paint, no Instagram (Leandro Marin/Reprodução)

Em 2016, durante as aulas do cursinho, um professor de História com jeito piadista inspirou Marin a criar montagens humorísticas no Paint que dialogassem com o conteúdo visto na sala.

Meme

A palavra meme foi utilizada pela primeira vez em 1976 pelo zoólogo Richard Dawkins em seu livro “O gene egoísta”. Ali, o sentido era de que o meme, que vem do grego mimeme (imitação), era o nome dado à unidade de replicação de conteúdo presente nos genes. Para a biologia darwinista, o meme seria todo e qualquer conteúdo ou ideia que possa ser replicado de forma viral.

A publicação dos memes é hoje um dos pilares da internet e se popularizou nas redes sociais no início da década de 2010, em plataformas como o Twitter, Facebook, Tumblr e Reddit. Desde então se tornou quase que um idioma próprio do meio digital e que prega que qualquer um pode fazer o seu e viralizar do dia para a noite.

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O brasileiro é tão apaixonado por memes que pesquisadores da UFRJ criaram o #MUSEUdeMEMES para catalogar e estudar as imagens, GIFS e vídeos que viralizam na internet.

“A gente tinha um grupo chamado ‘Caçando memes históricos’ e a galera pedia para eu fazer mais e me incentivava a criar uma página para postar todos os memes” conta Marin. O História no Paint foi uma das primeiras páginas brasileira a publicar memes de conteúdo histórico e, em poucos meses, já tinha mais de 100 mil curtidas.

“O meme em sala de aula surge para prender a atenção do aluno e para o professor ter alguma chance de competir com toda a internet. Não faz só o aluno prestar mais atenção, mas facilita o aprendizado e assimilação do conteúdo. Cria uma relação de identificação com o professor, como se ele falasse por meio do conteúdo que também gosta das coisas que os alunos gostam”.

Memes do História no Paint sendo utilizados em avaliações (Leandro Marin/Arquivo pessoal)

 

Memes do História no Paint sendo utilizados em avaliações (Leandro Marin/Arquivo pessoal)

 

Memes do História no Paint sendo utilizados em avaliações (Leandro Marin/Arquivo pessoal)

A hibridização das áreas de conhecimento na internet é debatida por autores como Henry Jenkins e Clay Shirky. Ambos afirmam que a utilização do entretenimento como forma unificadora de comunicação se reflete no crescimento do uso de artifícios da internet em ambientes fora do digital. Campos onde, até alguns anos atrás, a linguagem mais rebuscada era a única possível.

“A linguagem acadêmica é importante, mas dentro da academia. O meme tem um potencial de visualização surpreendente. Essas imagens passam uma informação… elas são acessíveis, têm uma linguagem quase universal” diz Marin.

A abordagem do História no Paint, que acumula mais de 2 milhões de seguidores nas redes, tem inspirado outros projetos semelhantes. A professora Gabriela Costa criou o projeto Revolta dos Memes como uma forma de engajar mais os alunos durante as aulas, já mesmo antes do ensino remoto.

“Encontrei no meme uma alternativa de compreensão da matéria mais eficaz do que uma simples lista de exercício. Para ser realmente engraçado o aluno tinha que ter o entendimento do fato histórico que o meme ajudava a revisitar” explica Costa, que, desde início, incentivou os alunos a também compartilharem suas criações.

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“Passei a desafiar os alunos a criarem memes de todos os conteúdos. O grupo de alunos que administram o perfil abraçou tanto a ideia, que hoje pra eles já é uma atividade extracurricular, em que sou apenas consultora”. A professora conclui que essa abordagem unificada com a linguagem da internet e dos jovens “é uma forma de compreensão da matéria que facilita o entendimento das questões sociais e políticas a serem refletidas.”

Marin diz que o História no Paint busca ao máximo incluir outros professores e educadores em seu trabalho, dando voz para a comunidade sem a formalidade da academia. O jovem ainda conta ter um grupo de amigos professores que servem como consultores para quando ele não tem certeza de um tópico.  Hoje a página expandiu sua atuação e tem também um podcast para refletir conteúdos históricos que conversem com o presente, o História no Cast.

O jovem, que se forma em 2021, pretende continuar com a página e usar cada vez mais os elementos da web em suas aulas. “É um desafio educacional da nossa geração. É inevitável que a educação comece a ser algo vinculado a internet. Do contrário, vamos perder essa luta e terá gente falando que a Terra é plana, que o Nazismo foi um movimento de esquerda. Os educadores precisam ocupar esse espaço virtual.”

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