Neymar, Marta e a persistente desigualdade de gênero são tema no Enem
A questão gerou uma polêmica entre Bolsonaro e Marta, considerada seis vezes a melhor jogadora do mundo
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado neste último domingo (17) tratou em uma de suas questões sobre a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Seguindo a linha de exemplos presentes no cotidiano dos estudantes, a questão comparava os salários pagos para Neymar e Marta, principais nomes do futebol brasileiro.
O tema teve boa repercussão nas redes sociais, mas nesta segunda-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro fez críticas. “O banco de questões do Enem não é do meu governo, é de governos anteriores. Tem questões ali ridículas ainda, comparando mulher jogando futebol e homem. Por que a Marta ganha menos que o Neymar? Não tem que ter comparação. O futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil”, disse Bolsonaro.
O Enem usou dados de 2017. Marta recebia um salário anual de U$ 400 mil dólares (R$ 2,1 milhões de reais). Verificando o seu desempenho, a jogadora tinha 103 gols pela seleção brasileira, média de U$ 3.900 dólares (R$ 20 mil) por gol. Neymar recebia e U$ 14,5 milhões de dólares anuais e tinha 50 gols pelo Brasil, média de U$ 290 mil dólares (R$ 1,5 milhão de reais) por gol.
Após a fala do presidente, Marta postou uma mensagem em seu Instagram.
No futebol ou fora dele, a desigualdade salarial entre homens e mulheres é uma realidade.
Segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres brasileiras ganham menos do que os homens em todas as ocupações selecionadas no estudo. Houve uma queda na desigualdade salarial entre 2012 e 2018, mesmo assim, as trabalhadoras ganham, em média, 20,5% menos que os homens no país.
Em um relatório sobre desigualdade de gênero lançado em 2019, o Fórum Econômico Mundial estabelece quatro critérios (econômico, educacional, de saúde e político) para analisar países de todo o mundo. Embora tenha subido duas posições em relação ao ano anterior, o Brasil ocupava, no último relatório, um desalentador 92º lugar dentre 152 países. Na América Latina, somos o 22º país, na frente apenas de três de nossos vizinhos. De acordo com o Fórum, precisaríamos de 59 anos para eliminar as desigualdades de gênero no Brasil – sem considerar, é claro, possíveis retrocessos. Dados já mostram que, durante a pandemia, mais mulheres deixaram o mercado de trabalho.
GUIA já mostrou que o estudo de gênero e igualdade pode ser um caminho profissional. Em 2009, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi pioneira ao lançar o curso Estudos de Gênero e Diversidade, uma graduação na área de Ciências Humanas com duração de quatro anos. Olha só algumas matérias com as quais você se depararia no curso:
– Introdução ao Estudos de Gêneros;
– Gênero e Relações de Poder;
– Gênero e Violência;
– Gênero e Políticas Públicas
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