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Por que este ano deve ser (de novo) o mais quente da História

Culpa do aquecimento global, é claro - e do El Niño, que resolveu aparecer. Entenda esse fenômeno climático e veja como ele costuma cair nos vestibulares

Por Taís Ilhéu
6 jul 2023, 17h48
sol no horizonte; calor
 (Unsplash/Reprodução)
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Quem vive no Brasil pode até não ter notado o acontecimento com ares catastróficos que atingiu o planeta nesta primeira semana de julho, mas os números coletados pelo Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos não abrem espaço para negacionismo: a Terra está, neste momento, atravessando os dias mais quentes de sua história recente. Na segunda-feira (3), a média da temperatura global bateu um primeiro recorde histórico e chegou a 17,01°C. Na terça-feira (4), subiu para 17,18°C. O aquecimento global e o El Niño, fenômeno meteorológico que ocorre de tempos em tempos, são os culpados.

Entenda quais foram os efeitos da temperatura recorde ao redor do mundo e por que o El Niño deve continuar influenciando a temperatura global nos próximos meses.

Hemisfério norte em chamas

Os dias mais quentes da Terra podem ter passado sem muito alarde no Brasil – já que, por aqui, os meses de junho e julho estão entre os mais frios do ano –, mas populações de outros lugares do mundo estão sentindo na pele o aumento da temperatura global. Nos Estados Unidos, os termômetros marcaram mais de 40ºC nas últimas semanas. Ao menos 13 pessoas já morreram por conta das altas temperaturas no país, que é agravado por um fenômeno chamado “domo de calor” – quando a atmosfera forma uma espécie de tampa que retém o ar quente.

As ondas de calor também preocupam na China e no Norte da África, onde as temperaturas estão chegando aos quase 50ºC. Mesmo os locais mais frios do globo estão registrando recordes nos termômetros, como a Antártida.

Além do calor em si, o anúncio das altas temperaturas acende o alerta para outros fenômenos como a seca e os ciclones – até porque eles estão intimamente relacionados com o outro culpado pelo caos da última semana, além do aquecimento global: o El Niño.

+ 8 sinais de que a catástrofe ambiental já começou

O que é o El Niño e o que ele promete para os próximos meses

Há cerca de sete anos, manchetes parecidas com as dos últimos dias estamparam os jornais: ondas de calor sem precedentes, temperaturas recorde, secas, queimadas. Não se trata de uma coincidência. Nesta época, como agora, o mundo estava sob efeito do El Niño, um fenômeno natural que tem potencial de afetar o clima de todo o planeta. Ele ocorre em períodos mais ou menos regulares de sete anos. Desta vez, o El Niño já está em curso e deve se estender pelo próximo ano. As projeções de especialistas para os meses pela frente não são muito otimistas.

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A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), espera que o fenômeno seja o mais agressivo dos últimos 70 anos. Já o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, deixa um alerta: os governos de todo o mundo devem começar a tomar medidas para proteger a saúde, o ecossistema e as economias.

Mas como pode um fenômeno meteorológico ser capaz de afetar tantos aspectos da vida no planeta?

Para responder, é necessário antes compreender o funcionamento do El Niño, que começa na atmosfera e acaba nos oceanos. Ele ocorre por conta de uma mudança na circulação atmosférica no planeta: os ventos alísios, que costumam soprar de leste para oeste no Pacífico, ficam mais fracos. Com isso, não conseguem carregar a água aquecida da região equatorial em direção à Indonésia, deixando que as massas de ar quente continuem estacionadas na costa da América do Sul.

Isso faz com que chova muito nas regiões sob influência dessas massas de ar – como a costa sul-americana do Pacífico, o sul dos Estados Unidos e o sul e sudeste brasileiros. Por outro lado, algumas regiões do mundo enfrentam uma seca rigorosa, como o sudeste da Ásia e, acredite, até a Amazônia.

Essa mudança intensa no clima e no regime de chuvas afeta a agricultura de muitos países. A Índia, por exemplo, produz arroz e necessita das chamadas monções – períodos longos de chuva e seca – para regular o cultivo. Com o El Niño, essas famosas chuvas também diminuem, e atrapalham as plantações. As perdas na produção impactam a economia, que também fica comprometida.

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Além disso, a devastação ambiental passa a ser uma preocupação ainda maior no atual contexto, em que os índices de desmatamento pioraram e o aquecimento global avança a passos largos. “Eu passei meses na Amazônia em 2015 [no período de El Niño] e foi traumático olhar tudo aquilo”, afirmou, em entrevista à BBC Brasil, a bióloga brasileira Erika Berenguer, pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster. “Tenho muito medo porque se acontecer algo semelhante agora, após tanto desmatamento, o El Niño pode causar uma verdadeira hecatombe ambiental”.

O El Niño nos vestibulares

Por se tratar de um fenômeno bastante abordado na disciplina de Geografia, o El Niño aparece com frequência nos grandes vestibulares. Em geral, as prova pedem que os estudantes expliquem o fenômeno e interpretem seus efeitos em diversas partes do mundo. Confira alguns exemplos de questões e a resolução pelo Curso Anglo.

ENEM 2012

Desde a sua formação, há quase 4,5 bilhões de anos, a Terra sofreu várias modificações em seu clima, com períodos alternados de aquecimento e resfriamento e elevação ou decréscimo de pluviosidade, sendo algumas em escala global e outras em nível menor.

ROSS, J. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003 (adaptado).

Um dos fenômenos climáticos conhecidos no planeta atualmente é o El Niño que consiste

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A. na mudança da dinâmica da altitude e da temperatura.
B. nas temperaturas suavizadas pela proximidade com o mar.
C. na modificação da ação da temperatura em relação à latitude.
D. no aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que altera o clima.
E. na interferência de fatores como pressão e ação dos ventos do Oceano Atlântico.

Gabarito: alternativa E

 

UNICAMP 2010

O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, porque altera padrões de vento em nível mundial. Desse modo, afeta regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. Com o auxílio da figura abaixo, responda às questões:

mapa el nino
(Unicamp/Reprodução)

a) O que acontece com a temperatura das águas do Oceano Pacífico quando ocorre o El Niño? Qual a razão para esse fenômeno ser denominado El Niño?

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b) Nos anos em que esse fenômeno ocorre, qual a consequência para a atividade pesqueira do Peru? Qual a alteração do tempo no Nordeste Brasileiro?

Gabarito: 

a) Durante o evento do El Niño as águas superficiais do Oceano Pacífico tornam-se anormalmente mais quentes. Como o fenômeno se inicia próximo ao final do ano, na época do Natal, seu nome seria uma referência ao “Menino Jesus”.

b) Há uma forte redução na atividade pesqueira no Peru associada ao El Niño e a região Nordeste no Brasil sofre momentos de redução nas precipitações.

FUVEST 2022

Os mapas A e B representam as alterações climáticas observadas na América do Sul durante os meses do verão (dezembro, janeiro e fevereiro), e o mapa C, as áreas suscetíveis à desertificação no Brasil.

questão sobre o el nino na fuvest mostra mapas e circula regiões
(Fuvest/Reprodução)

Busca de Cursos

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El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento em nível mundial, alterando, assim, o regime das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias. La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas às do El Niño e se caracteriza por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical.

A partir dos mapas e do texto, responda:

a) Qual dos mapas, A ou B, representa as alterações climáticas na América do Sul em anos de ocorrência de La Niña? Justifique a sua resposta.

b) Conceitue desertificação e descreva uma característica da vegetação predominante nas áreas suscetíveis à desertificação delimitadas no mapa C.

c) Cite uma alteração climática e uma consequência ambiental para a população nas áreas suscetíveis à desertificação em anos de El Niño.

Gabarito:

a) O mapa “B” representa as alterações climáticas que acontecem na América do Sul em anos de La Niña. O esfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, principalmente nas proximidades da América do Sul é uma anomalia climática denominada de La Niña. Com a intensificação dos ventos alísios, as massas polares e o fenômeno da ressurgência ficam mais fortes, assim, as temperaturas da superfície desta parte do mar ficam mais frias que o comum. Entre as consequências estão a presença de mais chuva no Nordeste e em parte do Norte do Brasil, seca e frio em países próximos à linha do Equador que são banhados pelo Oceano Pacífico, como apresentado no mapa “B”.

b) Desertificação é o processo de degradação do solo em regiões secas (baixa pluviosidade) onde ocorre a perda excessiva de nutrientes, resultando em uma paisagem semelhante a um deserto. Este processo é um fenômeno que pode ser tanto natural quanto causado e intensificado por ações antrópicas. Entre as características da vegetação presente na área do mapa C, estão plantas do tipo xerófilas, decíduas ou caducifólias.

c) Como consequência climática, em períodos de El Niño, a zona nordestina do Brasil representada no mapa sofre com a intensificação da seca. Já como consequência ambiental, podemos observar a alteração da fauna e da flora e o aumento das queimadas.

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