Por que o Brasil é chamado de ‘celeiro do mundo’? Veja os produtos mais exportados
País é o maior exportador mundial de soja, café, algodão, frango, carne bovina, suco de laranja, açúcar e celulose

Mesmo com a agropecuária sendo apenas 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, sua produção responde por mais de 40% de tudo o que o Brasil exporta. Nosso país abastece o mundo com soja, café, carne bovina, frango, açúcar, algodão, suco de laranja e celulose, entre vários outros produtos vindos do campo – só que, nesses, é o líder mundial de exportações. Não é à toa que o Brasil é tido como um celeiro do mundo.
Se o nosso comércio exterior obteve um superávit de 74 bilhões de dólares em 2024 – diferença positiva entre o total de exportações e importações –, quase metade da receita veio do agronegócio (48,7%). As grandes culturas – sobretudo a de soja – são, em boa parte, destinadas ao mercado externo, na categoria de commodity (matéria-prima ou produto básico).
+ Qual a diferença entre agropecuária e agronegócio?
As exportações de soja em 2024 chegaram a 97 milhões de toneladas embarcadas, com pequena redução em relação a 2023, sendo a China o principal destino. O Brasil é também o maior produtor, segundo maior consumidor e o líder na exportação de café no mundo. As culturas de cana-de-açúcar (base para a produção de açúcar e de etanol), milho e algodão têm grande importância, tal como a pecuária bovina (de corte e de leite), suína e a criação de aves (carne e ovos).

Os números revelam uma fase de expansão geral do setor agrícola brasileiro no cenário global, o que traz impactos positivos para o país. Além de recursos a mais para a economia, o agronegócio hoje emprega diretamente mais de 20% dos brasileiros, segundo estudo das entidades do segmento.
As notícias vêm acompanhadas de uma perspectiva positiva para o futuro do setor. O Brasil vem conquistando a abertura de novos mercados para a produção da agropecuária nacional, com o foco não apenas nos produtos tradicionalmente exportados, mas em uma diversificação das vendas, atendendo ao objetivo oficial de ampliar e variar a pauta exportadora brasileira.
Globalização
Nem tudo são flores, porém, na organização produtiva brasileira. A capacidade e o desempenho do setor agrário não escondem a fragilidade do modelo econômico do Brasil no contexto da globalização. Na divisão do mercado mundial nas últimas décadas, cabe ao Brasil ser principalmente um fornecedor de matérias-primas, também conhecidas como commodities. As commodities são produtos básicos, como minério de ferro e soja, com características padronizadas a ponto de serem negociadas por cotação uniforme no mercado internacional.
Acontece que os países que dominam o mercado mundial e ficam com o grosso da riqueza do comércio internacional exportam principalmente produtos industrializados, que têm maior valor agregado – ou seja, que incluem no seu preço muito mais tecnologia, mão de obra e matérias-primas transformadas pelo processo fabril. Os países que dependem da exportação de produtos básicos ficam mais expostos às oscilações de preços, às quebras de safra ou à queda das atividades industriais nos países centrais (que provocam menos procura por produtos básicos).
No final, há uma relação econômica muito desvantajosa para um país como o Brasil, que exporta matérias-primas para as nações desenvolvidas e recebe delas produtos industriais feitos com a nossa própria matéria-prima, cujo custo é muito maior. É preciso exportar muita commodity para pagar as importações de produtos de alta tecnologia, como, por exemplo, equipamentos de computação. É o que estamos conseguindo fazer atualmente, mas com muito esforço exportador.
No mercado global, gigantes como a China ou os Estados Unidos podem interferir diretamente na cotação internacional de certos produtos, em prejuízo dos países produtores. Veja um exemplo de agora: em 15 de maio de 2025, uma granja do município gaúcho de Montenegro notificou um caso de gripe aviária. Rapidamente, a China proibiu toda a importação de carne de frango e derivados vindos do Brasil para evitar contaminações. Detalhe: o país é o principal destino das exportações brasileiras de frango, respondendo por mais de 10% do total (ou seja, mais de 1 bilhão de dólares ao ano).
Há duas décadas, a China era o quarto maior comprador de produtos brasileiros – atrás de Estados Unidos, Holanda e Alemanha. Hoje, com um forte desenvolvimento de sua economia industrial, os asiáticos lideram com folga esse ranking, e se tornaram o nosso principal parceiro comercial – tanto nas compras quanto nas vendas. Em 2024, a China comprou 94 bilhões de dólares de produtos do Brasil – mais do que a soma dos seis países que aparecem na sequência (EUA, Argentina, Holanda, Espanha, Singapura e México). Enquanto as matérias-primas pegam o caminho da China, pela rota oposta chegam insumos e componentes eletrônicos que abastecem a nossa indústria. A China é também a principal origem de nossas importações. Por enquanto, a relação é superavitária para o Brasil.
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