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Qual é o perfil do estudante de Ensino Médio no Brasil?

O estudante tem melhores condição de entrar na universidade hoje? Veja o que alguns dados mostram

Por Danilo Thomaz
14 ago 2021, 00h01

Você está no Ensino Médio? Já parou para pensar em quantas pessoas na mesma idade que você estão matriculadas nas escolas e quantas têm ou não acesso à internet? Pois é. Guia fez esse levantamento – com base nos dados disponíveis. Leia até o fim – temos assuntos importantes a tratar. 

 Quem faz o Ensino Médio no Brasil? 

A maioria dos jovens com idade para isso. Cerca de 89,2% da população de 15 a 17 anos frequenta a escola. Em 2020, segundo o Censo Escolar, foram realizadas 7,55 milhões de matrículas no Ensino Médio, um ligeiro avanço (1,1%) em relação a 2019. O pequeno aumento – em pleno ano da pandemia – interrompeu uma trajetória de queda. Entre 2016 e 2019, o número de matriculados foi de 8,2%.

Todos os estudantes matriculados terminam o Ensino Médio?

Infelizmente, não. No Brasil, segundo o Panorama da Educação  do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas 53% dos ingressantes no Ensino Médio em 2014 concluíram essa etapa de ensino em sua duração teórica (de três anos). Cerca de 60%, dos ingressantes daquele ano o concluíram até 2018. Um problema histórico que persiste, apesar dos avanços do país na área. A  média de estudantes que concluíram o período completo entre os países analisados pelo estudo é de 72%.  

Neste caso, a situação dos meninos é pior que das meninas, de acordo com o mesmo índice. Isso acontece no mundo todo. “O percentual médio de conclusão do Ensino Médio (em sua duração teórica) das mulheres (76%) é maior do que o dos homens (67%) […]. Considerando a duração teórica do programa mais dois anos, as mulheres alcançam 84% e os homens 78%”, afirma o relatório.

Onde estudam?

Do total de estudantes, 83,3% dos alunos do Ensino Médio estudam no período diurno e 16,7% no período noturno. A expressiva maioria – 94,8% – frequentam escolas urbanas.

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Na idade certa?

Outro dado preocupante diz respeito à distorção idade-série, ou seja, o percentual de alunos que cursa uma série que, em tese, deveria ter cursado em outra idade. Esse índice foi de 26% em 2020. Mas houve avanços consideráveis. Em 2006, início desta série histórica, o índice era de 45%. Os dados abrangem escolas públicas e privadas.  

A desigualdade na distorção idade-série é visível quando se analisa alunos de escolas particulares. Nestas, a distorção é de somente 7%. Enquanto nas escolas públicas foi de 29%. 

Onde esses alunos estão matriculados? 

Do total de estudantes matriculados no Ensino Médio, 84,1% estão matriculados nas escolas das redes estaduais.  A rede privada, com cerca de 926 mil alunos, tem uma participação de 12,3% nas matrículas. 

As escolas da rede pública lideram também no número de alunos matriculados em período integral – e esse número, felizmente, vem avançando. Em 2016, 6,7% dos alunos do Ensino Médio estavam matriculados no ensino de período integral. Em 2020, o número mais que dobrou, passando a 13,8%. Na rede privada o crescimento foi menor: de 3,8% para 5,4%. 

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Acesso à internet

A desigualdade no acesso à internet, um dos assuntos mais discutidos em 2020, revela duas realidades. A primeira é a desigualdade entre a rede pública – estadual e municipal – e a rede privada. A segunda é a desigualdade dentro do universo das escolas públicas.  

 Segundo o Censo Escolar, há pouca diferença nos números de escolas com acesso à internet. Os dados apontam que 99,8% das escolas federais, 95,8% das escolas estaduais, 92,9% das municipais e 99,3% das escolas particulares têm acesso à internet. 

 As discrepâncias começam a surgir quando entram os dados de acesso à internet de banda larga. Enquanto 98,2% das escolas federais acessam esta rede – número maior que o das particulares (92,5%) – nas escolas estaduais e municipais esses percentuais caem para, respectivamente, 80,4% e 78,1%. 

 Os dados de desigualdade são ainda piores quando se observa o acesso à internet para os alunos. Neste ponto, as escolas federais lideram isoladas, com um percentual de 98%. As particulares, em segundo lugar, trazem um percentual de 69,8%. As estaduais e municipais têm, respectivamente, índices de 64,6% e 46,4%. 

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 Cerca de 99% das escolas federais têm computador de mesa para alunos – número bem maior que nas escolas particulares (80%). Já nas estaduais o índice é relativamente menor que nas particulares – 79,3%. Apenas 71,6% das escolas municipais têm computadores de mesa para os alunos.  Os índices caem consideravelmente quando se olha os dados de computadores portáteis e tablets para alunos. Neste caso, as escolas particulares lideram com percentuais de, respectivamente, 53,5% e 31,8%. As escolas federais, em segundo lugar, apresentam (na mesma ordem) índices de 48,1% e 27,5%. No caso das instituições estaduais, 36,3% têm computadores portáteis e 13,1% tablets. Em último lugar, as municipais têm percentuais de, respectivamente, 35,5% e 4,9%. 

Quanto se investe em educação?  

Neste ponto, o Brasil vai bem, em comparação com os demais países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2017, nosso índice era de 5,1% do PIB, segundo o Panorama da Educação do INPE. Entre países membros e parceiros do órgão, o índice é de 4,1%.  

Quantos professores há por aluno? 

Neste dado também vamos bem. A chamada razão aluno-professor no Brasil é uma das maiores entre os países membros e parceiros da OCDE. Nos anos iniciais do ensino fundamental, enquanto a média dos países é 15 alunos por professor, no Brasil, é 24. Já nos nos anos do Ensino Fundamental e nos anos do Ensino Médio, a média dos países é 13 alunos por professor. No Brasil é 25 e 24, respectivamente. 

 

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Estamos, então, rumando para o futuro? 

Há avanços, que devem ser considerados e devem ser defendidos. 

Uma pesquisa divulgada pelo IBGE em 2020 mostrou que, em 2018, 50,3% dos alunos das universidades públicas declaravam-se negros. Pela primeira vez na nossa história, a proporção de negros era maior que a de brancos. Como no Brasil a questão étnica se inflexiona com a social, não estamos somente falando em representatividade, mas também em inclusão.  

No entanto, estamos vivendo retrocessos preocupantes em algumas áreas: a crescente deterioração das universidades, que vem sofrendo cortes orçamentários ao ponto de terem seu funcionamento inviabilizado; a queda no número de inscritos no Enem, em razão da pandemia de Covid-19, de questões orçamentárias do governo e até mesmo da situação financeira dos estudantes, que vêm enfrentando uma série de dificuldades para obter a isenção nas taxas de inscrição. O número de inscritos no Enem 2021 foi de pouco mais de 4 milhões de estudantes, o menor número desde 2007. A queda, em comparação a 2020, foi de 2 milhões de pessoas. 

Sem uma política continuada de acesso ao ensino – que comece na educação infantil até a pós-graduação – e medidas de estímulo econômico que permitam a esses estudantes terem segurança financeira para estudar e, uma vez formados, possam se inserir no mercado de trabalho, os avanços recentes podem ter sido em vão. E o futuro adiado mais uma vez.  

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Para saber mais
(-----------------------/Divulgação)

Acesse os relatórios completos 

Censo Escolar 2020 

Panorama da Educação 

QEdu

 

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