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Vanessa Nakate, a ativista que foi destaque na COP26

Ativista ugandense faz o mundo enxergar os riscos do processo de desflorestamento na África

Por Danilo Thomaz
Atualizado em 20 nov 2021, 10h16 - Publicado em 18 nov 2021, 19h20
Em outubro de 2021, Vanessa Nakate participa da manifestação do grupo Fridays of the future, em Milão, Itália.
Em outubro de 2021, Vanessa Nakate participa da manifestação do grupo Fridays of the future, em Milão, Itália. (Elena Di Vincenzo / Archivio Elena Di Vincenzo / Portfólio Mondadori/Getty Images)
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A ativista ambiental de Uganda, Vanessa Nakate, 24 anos, foi um dos grandes destaques da COP26, Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima. Ela tornou-se a dona da cena, ao participar de uma reunião com jovens ativistas que contou com a presença do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em discurso na manifestação que aconteceu durante a COP26, Nakate foi aplaudida por cerca de 100 mil pessoas que faziam parte de movimentos religiosos,  partidos, movimentos contra o racismo, defensores de direitos humanos, e ativistas pró-refugiados.

A garota cristã está chamando a atenção por suas falas conciliadoras. “Três coisas devem permanecer enquanto continuamos a nos mobilizar, protestar e fazer greves: fé, esperança e amor. E das três a principal é o amor, porque se continuarmos a amar as pessoas e o planeta, essa será nossa força.”

No entanto, o ativismo de Nakate não começou na COP26.

Enchentes na África

Vanessa Nakate, a ativista que foi destaque na COP26
“Precisamos continuar a responsabilizar os líderes por suas ações. Não podemos ficar calados sobre a injustiça climática”, escreveu Vanessa Nakate durante a COP26. (Instagram/Divulgação)

Em maio de 2018, após um longo período de seca, uma temporada de fortes chuvas não trouxe a bonança, mas a tragédia para o Quênia,  Somália, Uganda e outros países africanos. Eles foram tomados por fortes inundações que agravaram a situação de precariedade, fome, miséria e problemas de saúde que afeta grande parte da população do continente.

As enchentes foram como um despertar para a hoje ativista ambiental Vanessa Nakate. Na época, a jovem com 21 anos e seus irmãos pintaram cartazes e protestaram contra os desastres ambientais em Kampala, capital de Uganda, seu país natal.

Em seguida, graduou-se em Administração e Marketing na escola de negócios da Universidade Makerere, a instituição acadêmica mais tradicional de Uganda. 

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Friday For Future

Greta Thunberg e Vanessa Nakate em momento descontraído no Instagram
Greta Thunberg e Vanessa Nakate em momento descontraído no Instagram (Instagram/Divulgação)

Nakate também levou o Fridays For Future para Uganda. O movimento estudantil também conhecido como Juventude pelo Clima e Greve Global pelo Clima foi inaugurado em agosto de 2018 pela ativista sueca Greta Thunberg, que protestava contra o aquecimento global solitariamente nas tardes de sexta-feira em frente ao Parlamento sueco. O movimento de greve pelo clima se espalhou pelo mundo e também está presente no Brasil. 

O ativismo de Nakate a levou para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019, a COP25, que aconteceu em Madrid, Espanha. Desde então, a ugandense vem intensificando o seu trabalho pioneiro numa das regiões que mais vem sofrendo com o desflorestamento, junto da Amazônia brasileira e do Sudeste asiático.  

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Racismo

Vanessa Nakate acusa AP de racismo, após ser cortada de foto junto de outras ativistas pelo clima.
Vanessa Nakate acusa AP de racismo, após ser cortada de foto junto de outras ativistas pelo clima. (Twitter/Reprodução)

Em 2020, Nakate ganhou fama mundial em decorrência de um episódio triste. Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a agência de notícias Associated Press cortou Nakate de uma foto que reunia ativistas presentes no evento. A indignação da jovem com a exclusão ganhou o noticiário do mundo.

“É a primeira vez na minha vida que entendo a definição da palavra racismo. Por que me removeu da foto? Eu fazia parte do grupo! A AP não apenas apagou uma foto, mas apagou um continente. Mas estou mais forte do que nunca”, escreveu Nakate nas redes sociais. A ativista era a única negra entre outras jovens suecas, alemãs e suíças, entre elas, Greta Thunberg.

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A agência pediu desculpas. “Conversamos internamente com nossos jornalistas e aprenderemos com esse erro de julgamento”, disse Sally Buzbee, editora executiva da AP.

Ativista

Vanessa Nakate na revista Time
Vanessa Nakate na capa da revista TIME. (Pinterest/Divulgação)

O episódio não afetou a crescente credibilidade de Nakate nos debates do clima. Em outubro de 2021, a ativista foi capa da revista americana TIME. Ela assinou um texto em que trouxe uma questão pouco comentada na crise climática mundial: o desmatamento da floresta da Bacia do Congo

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De acordo com com a autora à revista, entre 2000 e 2014,  a floresta perdeu uma área equivalente à Bangladesh. Há preocupação entre os ugandenses com a Amazônia – o que é justo –, mas ainda não se fala sobre o processo de desflorestamento do entorno da Bacia do Congo. Assim como a Amazônia, a Bacia do Congo vem sendo explorada em seus recursos naturais.

Além da repercussão do artigo, ainda em outubro, Nakate lançou “A Bigger Future”, livro em que discute a questão climática e suas consequências no Sul Global. A obra foi elogiada por nomes como Malala Yousafzai e a atriz Angelina Jolie, que tem um longo histórico de ativismo no continente africano.

O mundo começa a se estabilizar diante da maior pandemia em um século. O desastre ambiental é um dos grandes fatores para a proliferação de vírus. Nesse sentido, uma nova voz em defesa do meio ambiente é bem-vinda.

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