A ativista ambiental de Uganda, Vanessa Nakate, 24 anos, foi um dos grandes destaques da COP26, Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima. Ela tornou-se a dona da cena, ao participar de uma reunião com jovens ativistas que contou com a presença do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em discurso na manifestação que aconteceu durante a COP26, Nakate foi aplaudida por cerca de 100 mil pessoas que faziam parte de movimentos religiosos, partidos, movimentos contra o racismo, defensores de direitos humanos, e ativistas pró-refugiados.
A garota cristã está chamando a atenção por suas falas conciliadoras. “Três coisas devem permanecer enquanto continuamos a nos mobilizar, protestar e fazer greves: fé, esperança e amor. E das três a principal é o amor, porque se continuarmos a amar as pessoas e o planeta, essa será nossa força.”
No entanto, o ativismo de Nakate não começou na COP26.
Enchentes na África
Em maio de 2018, após um longo período de seca, uma temporada de fortes chuvas não trouxe a bonança, mas a tragédia para o Quênia, Somália, Uganda e outros países africanos. Eles foram tomados por fortes inundações que agravaram a situação de precariedade, fome, miséria e problemas de saúde que afeta grande parte da população do continente.
As enchentes foram como um despertar para a hoje ativista ambiental Vanessa Nakate. Na época, a jovem com 21 anos e seus irmãos pintaram cartazes e protestaram contra os desastres ambientais em Kampala, capital de Uganda, seu país natal.
Em seguida, graduou-se em Administração e Marketing na escola de negócios da Universidade Makerere, a instituição acadêmica mais tradicional de Uganda.
Friday For Future
Nakate também levou o Fridays For Future para Uganda. O movimento estudantil também conhecido como Juventude pelo Clima e Greve Global pelo Clima foi inaugurado em agosto de 2018 pela ativista sueca Greta Thunberg, que protestava contra o aquecimento global solitariamente nas tardes de sexta-feira em frente ao Parlamento sueco. O movimento de greve pelo clima se espalhou pelo mundo e também está presente no Brasil.
O ativismo de Nakate a levou para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019, a COP25, que aconteceu em Madrid, Espanha. Desde então, a ugandense vem intensificando o seu trabalho pioneiro numa das regiões que mais vem sofrendo com o desflorestamento, junto da Amazônia brasileira e do Sudeste asiático.
Racismo
Em 2020, Nakate ganhou fama mundial em decorrência de um episódio triste. Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a agência de notícias Associated Press cortou Nakate de uma foto que reunia ativistas presentes no evento. A indignação da jovem com a exclusão ganhou o noticiário do mundo.
“É a primeira vez na minha vida que entendo a definição da palavra racismo. Por que me removeu da foto? Eu fazia parte do grupo! A AP não apenas apagou uma foto, mas apagou um continente. Mas estou mais forte do que nunca”, escreveu Nakate nas redes sociais. A ativista era a única negra entre outras jovens suecas, alemãs e suíças, entre elas, Greta Thunberg.
A agência pediu desculpas. “Conversamos internamente com nossos jornalistas e aprenderemos com esse erro de julgamento”, disse Sally Buzbee, editora executiva da AP.
Ativista
O episódio não afetou a crescente credibilidade de Nakate nos debates do clima. Em outubro de 2021, a ativista foi capa da revista americana TIME. Ela assinou um texto em que trouxe uma questão pouco comentada na crise climática mundial: o desmatamento da floresta da Bacia do Congo.
De acordo com com a autora à revista, entre 2000 e 2014, a floresta perdeu uma área equivalente à Bangladesh. Há preocupação entre os ugandenses com a Amazônia – o que é justo –, mas ainda não se fala sobre o processo de desflorestamento do entorno da Bacia do Congo. Assim como a Amazônia, a Bacia do Congo vem sendo explorada em seus recursos naturais.
Além da repercussão do artigo, ainda em outubro, Nakate lançou “A Bigger Future”, livro em que discute a questão climática e suas consequências no Sul Global. A obra foi elogiada por nomes como Malala Yousafzai e a atriz Angelina Jolie, que tem um longo histórico de ativismo no continente africano.
O mundo começa a se estabilizar diante da maior pandemia em um século. O desastre ambiental é um dos grandes fatores para a proliferação de vírus. Nesse sentido, uma nova voz em defesa do meio ambiente é bem-vinda.
Assine o Curso PASSEI! do GUIA DO ESTUDANTE e tenha acesso a todas as provas do Enem para fazer online e mais de 180 videoaulas com professores do Poliedro, recordista de aprovação nas universidades mais concorridas do país.