Curso de Educação Física da USP destaca aspectos biológicos da prática de exercícios
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Trabalhar o movimento do nosso corpo visando ao bem estar e à promoção da saúde é função do educador físico. Esse profissional estimula e prepara séries de atividades físicas para aqueles que querem aprimorar o conhecimento sobre o próprio organismo e suas capacidades, e também realiza treinamento físico de atletas e de pessoas com deficiência. No curso de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, avaliado em cinco estrelas pelo Guia do Estudante, o estudo dos aspectos biológicos da prática de exercícios ganha destaque.
Anualmente, a Escola de Educação Física e Esporte da universidade paulista (EEFE USP) recebe 100 novos alunos para cursar o ciclo básico da área de esportes e saúde, que tem duração de dois anos e engloba disciplinas gerais, como Anatomia, Bioquímica, Controle Motor, Biomecânica, Nutrição e Atividade Motora, e Dimensões Psicológicas da Educação Física. Ao final do quarto semestre, os estudantes optam, enfim, pela graduação que gostariam de fazer dentre as três oferecidas pela instituição: bacharelado ou licenciatura em Educação Física, e bacharelado em Esportes. A partir daí, o conteúdo da grade curricular se torna mais específico e relacionado a um dos departamentos da EEFE, que são Esporte, Biodinâmica e Pedagogia Sobre o Movimento Humano.
Para saber mais sobre a graduação – que é integral e tem ingresso pela Fuvest – conversamos com Vinícius Corrêa, aluno do terceiro semestre do ciclo comum e que pretende seguir a carreira de licenciatura em Educação Física. O estudante conta que uma das principais vantagens de estudar na USP é a infraestrutura da EEFE, que tem quadras, campo de futebol, piscina, academia e salão para atividades! Então, se você é apaixonado por esportes, aqui vai outra boa notícia: há ainda disciplinas que são ministradas no Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPE), um complexo esportivo que oferece programas gratuitos de educação física e recreação, com aulas e espaço de prática de atividades para os universitários e a comunidade externa.
Vinícius destaca também que, como se trata de uma escola de Educação Física, muitos alunos têm domínio sobre certos esportes e procuram compartilhar seus conhecimentos com outros estudantes por meio de aulas e oficinas de atividades esportivas. “Já fiz aulas de circo e de yoga, workshop de arco e flecha, de kung fu, e até mesmo uma oficina sobre a atividade de líder de torcida, que é muito retratada em filmes norte americanos!”, diverte-se. Mas praticar esportes não é nenhuma exigência prévia para ingressar no curso da USP. “Você será educador em escolas, treinador, preparador físico etc. O instituto forma diversos profissionais, mas não atletas”, lembra.
>> Saiba mais sobre a carreira em Educação Física
Confira a entrevista completa!
GUIA DO ESTUDANTE: Como e por que você decidiu fazer Educação Física? O que você diria para o leitor que deseja seguir essa carreira?
Vinícius Corrêa: Escolhi Educação Física porque tinha preferência pela área de Biológicas. A carreira é bem atrativa devido ao seu amplo mercado de trabalho e, principalmente, porque engloba atuações não muito monótonas! Para quem pensa em cursar, digo que é importante amar a área, amar o movimento humano, como a dança, a natação, o circo, as diferentes formas de experimentações corporais entre culturas… É legal que o aluno se interesse até mesmo pela análise do movimento humano, em aspectos físicos e psicológicos. Imagino ainda que o estudante deve ter afinidade com a Biologia, conciliada com a Química e a Física, porque vemos muitas matérias relacionadas a esses campos durante a faculdade.
GUIA: Qual o enfoque do curso da USP? Há diferentes habilitações na EEFE?
Vinícius: As matérias da EEFE são concentradas em três departamentos: Esporte, Biodinâmica e Pedagogia sobre o Movimento Humano, sendo que os aspectos biológicos da Educação Física ganham mais destaque ao longo do curso. A licenciatura tem enfoque no trabalho na escola, o bacharelado em Educação Física abrange toda a área do movimento humano, seja dança, academia, atividades de lazer, saúde pública e outras práticas corporais, e o bacharelado em esporte busca o alto desempenho, na formação de treinadores, técnicos e outros profissionais que se encaixam nesse perfil.
GUIA: A grade curricular equilibra prática e teoria? Como são feitas as avaliações?
Vinícius: No núcleo comum do curso são aulas basicamente teóricas com algumas disciplinas com demonstração prática sobre o assunto discutido. Na disciplina Dimensões Filosóficas da Educação Física, por exemplo, vimos concepções e aspectos que nunca pensei que discutiria na graduação, como as relações humanas dentro da prática do movimento, o questionamento do que pode o corpo e o que rodeia toda essa análise corporal. Há provas práticas, como em Anatomia ou Avaliação Corporal, mas as provas teóricas são muito mais frequentes. Há também disciplinas que a avaliação é feita por meio de trabalhos, discussões e até mesmo presença em sala de aula.
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GUIA: Como é a infraestrutura da EEFE? Vocês têm muitos laboratórios? Há espaços para prática e estudo de esportes, como quadras e piscina?
Vinícius: A infraestrutura é muito boa! Temos duas quadras dentro da nossa escola, um pequeno campo de futebol, tatame, academia, salão para atividades e piscina. Também em algumas disciplinas é usado o CEPE (clube da USP), que é um complexo esportivo esplêndido da América Latina. A escola também oferece ótimos laboratórios para quem se interessa por pesquisa científica.
GUIA: Quais são as principais áreas de atuação em Educação Física? Você já tem ideia de que campo de trabalho quer seguir quando se formar?
Vinícius: As principais áreas de atuação no campo são em ensino escolar, treinamento de alto rendimento e não podemos deixar de lado os treinos personalizados. Há dois mercados que vejo como muito promissores: o de marketing esportivo e o de saúde pública. O papel do educador físico sobre a saúde pública ainda é pouco conhecido, mas há anos esses profissionais trabalham, por exemplo, em unidades básicas de saúde e em hospitais, compondo equipes multidisciplinares da área da saúde para prevenção e tratamento de doenças. Eu mesmo pretendo cursar licenciatura e ministrar aulas escolares. Também quero me dedicar a pesquisas dentro da área, começando mestrado após a graduação.
GUIA: Existe alguma região do país que contrata mais profissionais?
Vinícius: Como o movimento humano é universal, não há limitações. São oferecidas oportunidades de trabalho em diferentes áreas, como em dança, luta e natação, em qualquer região do país. Apenas no campo esportivo o sudeste é mais promissor que outras áreas, pois há maior concentração de times e clubes grandes para se trabalhar.
GUIA: Agora uma dúvida de quem quer entrar no curso: vocês precisam praticar atividade física na faculdade?
Vinícius: Os alunos não precisam necessariamente praticar atividade física, aliás, isso nem é exigido. É comum atletas se interessarem pela graduação, porque são amantes do movimento humano e, muitas vezes, querem ter maior conhecimento sobre o que praticam. De acordo com sua escolha de curso você será educador em escolas, treinador, preparador físico e por aí vai… O instituto forma diversos profissionais, mas não atletas, já que não há nem necessidade de graduação pra se tornar um. Isso exige prática e desempenho sobre certa modalidade, dominando habilidades motoras exigidas.
GUIA: Mas é comum que os estudantes acabem se interessando por modalidades esportivas e prática de exercícios? Existe alguma atividade de pesquisa ou extensão nesse sentido?
Vinícius: O ambiente da faculdade nos oferece diversas oportunidades bem legais. Já participei de pesquisas em alguns laboratórios e também de modalidades esportivas, que todo aluno pode se ingressar, seja atletismo, handebol, vôlei, rugby, entre outras. O que gosto muito onde estudo é que há um aglomerado de alunos que conhecem diferentes práticas esportivas e isso não para por aí: muitos compartilham seus conhecimentos ministrando aulas, oficinas e workshop durante a semana. As atividades ocorrem normalmente no horário do almoço, que é universal e todos os alunos podem participar, é só comparecer. Nesse esquema, já fiz aulas de circo e de yoga, workshop de arco e flecha, de kung fu, e até mesmo uma oficina sobre a atividade de líder de torcida, que é muito retratada em filmes norte americanos!
GUIA: Uma última perguntinha. Como é a recepção dos calouros? Vocês, veteranos, são bonzinhos? Hehe.
Vinícius: Somos os melhores veteranos da USP! Aqui não tem trote violento e a semana de recepção é dedicada aos calouros. Damos festas, participamos de gincanas, fazemos brincadeiras no dia da matrícula e nos empenhamos para que haja integração dos calouros entre si e conosco, os veteranos. Normalmente cada calouro é adotado por dois veteranos e pode ter um pai e uma mãe ou dois pais ou duas mães, ou vários pais e várias mães… Por que não? Hahaha. Preconceitos aqui não são bem vindos!