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O livro clássico que critica a busca desenfreada pela juventude

Livro de Oscar Wilde publicado em 1890 critica a busca desenfreada pela juventude, a adoração exacerbada da beleza e a hipocrisia da sociedade vitoriana

Por Ludimila Ferreira
11 jul 2024, 10h00
O retrato de dorian grey
 (Canva/Biblioteca Azul/Reprodução)
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Eis um livro do século 19 que segue atual: “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde. A obra, que critica a obsessão pela beleza e juventude, sofreu censura na época em que foi publicado, já que um personagem era abertamente gay. Mais tarde, inclusive, o livro foi usado como argumento para condenar seu autor à prisão. O fato é que apesar de pautar as relações homoafetivas, o romance se concentra mesmo é na pressão estética que segue perseguindo a humanidade, desde os quadros pintados a óleo até hoje, com os filtros no Instagram e os inúmeros procedimentos estéticos.

Conheça a história de “O Retrato de Dorian Gray” e descubra qual a melhor edição para comprar no Brasil, sem a censura do período vitoriano.

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O retrato de Dorian Gray

O livro acompanha a amizade entre três homens: o pintor Basil Hallward, seu muso inspirador Dorian Gray, e Lorde Henry. A história tem início quando Basil finaliza o retrato de Dorian Gray. Em suas palavras, ele vê o jovem para além de um modelo. Dorian é alegre e de bem com a vida, porém muito vaidoso. Depois de uma conversa com Lorde Henry, amigo pessoal do pintor, acaba ficando obcecado por sua própria aparência.

Dorian Gray clama ao quadro que ele envelheça em seu lugar e seu desejo é atendido. Seu retrato começa a ficar com uma aparência grotesca enquanto o personagem leva uma vida dupla: por fora mantém uma bela aparência e exala virtude, enquanto por dentro e em suas ações se entrega aos prazeres de forma extrema.

O livro faz parte da literatura gótica, na qual há a presença de suspense e elementos do terror. Apesar de ser um clássico, é fácil de ler, com uma leitura fluida e envolvente.

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Dorian Gray e a era dos procedimentos estéticos

A pressão estética e o culto ao corpo padrão não são fenômenos recentes, como mostra o próprio protagonista do livro. A beleza é usada na sociedade como uma forma de controle, principalmente sobre as mulheres – Naomi Wolf fala mais sobre isso em “O Mito da Beleza”.

De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil foi o segundo país que mais realizou procedimentos estéticos em 2022. Entre estes procedimentos estão a toxina botulínica, preenchedores de ácido hialurônico e bioestimuladores de colágeno, tratamentos para rejuvenescer a pele, principalmente a do rosto.

Assim como Dorian Gray se vê distorcido a partir do momento que seu retrato fica pronto, se dando conta de que jamais será tão jovem quanto na pintura, no mundo contemporâneo as pessoas são bombardeadas com filtros nas redes sociais e passam a também enxergar-se de maneira distorcida.

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Censura

Ao ser publicado pela primeira vez, o livro foi rechaçado por parte da sociedade da época. Uma das razões foi a crítica ao modo de vida da Era Vitoriana, mas a principal era por ter um personagem abertamente gay. Oscar Wilde foi obrigado a reescrever várias partes e republicar a história um ano depois.

Por isso, a melhor edição traduzida para quem deseja ler esta obra é a versão da Editora Biblioteca Azul. Nela, Nicholas Frankel, organizador e autor das introduções e das notas, reconstitui o romance a partir da sua primeira publicação, eliminando toda a censura que o livro sofreu até que chegasse ao público.

Oscar Wilde

Nascido na Irlanda em 16 de outubro de 1854, Wilde foi à Inglaterra para se matricular na Universidade de Oxford, onde formou-se com louvor em 1878. Equilibrava uma vida dupla: era casado com uma mulher e pai de dois filhos, ao mesmo tempo em que acumulava romances extraconjugais com outros homens – algo comum na época, já que ser homossexual era crime. Morreu de meningite em 30 de novembro de 1900, depois de ser rejeitado por seu amante mais duradouro, lorde Alfred Douglas.

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O retrato de Dorian Gray

O retrato de Dorian Gray

  • Páginas: 352
  • Autor: Oscar Wilde
  • Editora: Biblioteca Azul
  • Ano: 2013
  • Gênero: Ficção
  • Tradução: Jorio Dauster
  • Organizador: Nicholas Frankel
  • Classificação indicativa: +16

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