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Quem foi Oscar Wilde, escritor preso no século 19 por ser gay

Sem medo de expressar quem era verdadeiramente por meio de sua arte, o escritor foi condenado e abandonado na prisão

Por Ludimila Ferreira
Atualizado em 9 jul 2024, 15h52 - Publicado em 28 jun 2024, 15h00
oscar wilde
 (Wikimedia Commons/Reprodução)
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Autor de um único romance, que virou polêmica em 1890 e chegou a ser censurado, o dramaturgo e poeta Oscar Wilde fez seu nome como escritor na Inglaterra do século 19 enquanto equilibrava uma vida dupla. Era casado com uma mulher e pai de dois filhos, ao mesmo tempo em que acumulava romances extraconjugais com outros homens– algo comum na época, já que ser homossexual era crime. Seus relacionamentos não tão secretos o levaram a ser preso por ser gay, e seu livro de maior sucesso acabou tornando-se também sua ruína.

Wilde morreu de meningite em 30 de novembro de 1900, depois de ser rejeitado por seu amante mais duradouro, lorde Alfred Douglas. Deixou como legado “O Retrato de Dorian Gray”, um livro que, 134 anos depois de sua publicação, continua atual, tecendo críticas à busca desenfreada pela juventude, à adoração exacerbada da beleza e à hipocrisia da sociedade vitoriana – e, por que não, dos dias de hoje.

Neste texto, o GUIA DO ESTUDANTE te apresenta um pouco mais sobre a vida do escritor.

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O homem sem medo

Foto de Oscar Wilde tirada por Napoleon Sarony em 1882.
Foto de Oscar Wilde tirada por Napoleon Sarony em 1882. (Wikimedia Commons/Reprodução)
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Nascido na Irlanda em 16 de outubro de 1854, Wilde foi à Inglaterra para se matricular na Universidade de Oxford, onde formou-se com louvor em 1878. Antes de “O Retrato de Dorian Gray” – seu maior sucesso, mas também responsável por sua ruína – o escritor se autopublicou com um livro de poemas em 1881. Nesta época, passou um ano nos Estados Unidos dando aulas de poesia e sendo alvo de piadas devido às suas roupas consideradas extravagantes e um culto “exagerado” às artes

Wilde consolidou-se principalmente na dramaturgia, escrevendo diversas peças e ensaios. Mas não é possível falar do autor sem mencionar seu único romance. “O Retrato de Dorian Gray” é publicado oficialmente em 1890, assim como idealizado pelo escritor, que sofre duras censuras devido ao conteúdo considerado imoral. Um dos personagens, o pintor Basil Hallward, é abertamente apaixonado por Dorian Gray, modelo de um dos seus retratos. Além das linhas homoeróticas no texto, Wilde ainda critica o modo de viver da sociedade vitoriana.

Oscar Wilde não tinha medo de expressar quem era, apesar dos perigos da época, nem de dar sua opinião sobre a sociedade da qual fazia parte. A Era Vitoriana, que fez parte do reinado da Rainha Vitória de Hanover entre os anos de 1837 e 1901, ficou famosa principalmente pela consagração do pensamento conservador e hipócrita. Este período foi marcado como um dos mais ricos da Inglaterra no qual a burguesia se preocupava com a moda, enquanto os operários morriam de tuberculose nas fábricas.

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Romance proibido

Oscar Wilde and Alfred Douglas em maio de 1893
Oscar Wilde (esquerda) e Alfred Douglas (direita) em maio de 1893. (Wikimedia Commons/Reprodução)

Um ano depois da publicação de “O Retrato de Dorian Gray”, Oscar Wilde conhece o lorde Alfred Douglas. É possível ver através das fotos uma grande semelhança física entre o amante de Wilde e seu personagem, Dorian. O autor e Douglas engatam em um relacionamento secreto até serem expostos pelo pai de Alfred, o marquês Queensberry, que acusa o escritor de sodomia. O marquês tem o apoio da esposa de Wilde, Constance, que também era contra sua vida dupla.

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Incentivado por Douglas, Oscar Wilde processa o pai de seu amante por difamação, porém o autor perde a ação. “O Retrato de Dorian Gray” é usado durante o julgamento do autor para provar suas práticas homossexuais, ao lado de duas cartas trocadas com Alfred. O escritor vai preso em 6 de abril de 1895, condenado a dois anos de reclusão na prisão de Reading.

Após a condenação de Wilde, a esposa e o amante o deixam à sua própria sorte. Alfred foge para a França e Constance sai da cidade, mudando o sobrenome dos filhos para que não carreguem a vergonha do pai. Depois de deixar a prisão, Oscar Wilde busca por seu antigo amante, porém é rejeitado em Nápoles, na Itália, após Alfred se converter ao catolicismo e condenar a homossexualidade.

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Sem medo de expressar quem era verdadeiramente por meio de sua arte, o escritor foi condenado e abandonado na prisão

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