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Literatura Brasileira: 5 livros contemporâneos que caem no vestibular

Todo aluno já reclamou de ler obras antigas e de escrita rebuscada. Conheça cinco obras de autores vivos que aparecem nas provas

Por Taís Ilhéu
28 abr 2023, 17h30
ilustração de capa do livro torto arado mostra duas mulheres negras segurando folhas da planta espada de são jorge
 (Linoca Souza/Todavia/Divulgação)
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Quando perguntam sobre grandes escritores brasileiros, quais são os primeiros nomes quem vem à sua mente? Talvez Machado de Assis, Graciliano Ramos, Drummond… São autores que, de fato, deixaram sua marca na literatura e eternizaram-se em livros como Dom Casmurro, Vidas Secas e Sentimento do Mundo. Mas a Literatura do Brasil não acaba nos clássicos – e até os vestibulares sabem disso.

+ Enem: 5 escritores brasileiros que você precisa ter em mente

De uns anos para cá, as listas das principais provas do país, incluindo a Fuvest e a Unicamp, passaram a cobrar também escritores brasileiros contemporâneos, que ainda estão vivos e atuantes. São livros que refletem diferentes aspectos da sociedade e cultura brasileira, tematizando desde questões raciais até filosóficas.

Confira alguns deles!

Dois irmãos, de Milton Hatoum

Publicado em 2000, o livro Dois Irmãos, de Milton Hatoum, tira a lista de obras obrigatórias da Fuvest da região Sudeste e Nordeste, onde tradicionalmente se passam as narrativas. Aqui, a história acontece em Manaus, capital do Amazonas. E mais: a família que compõe o núcleo principal da trama é de origem Libanesa.

Ao longo da história, o leitor é apresentado a um drama familiar que extrapola a realidade brasileira e amazonense, refletindo dilemas humanos seculares. Os gêmeos Yaqub e Omar tem uma relação conflituosa desde a infância, que vai se acentuando na adolescência até que a família decide mandar um deles – Yaqub – ao Líbano.

Conforme se torna adulto, o gêmeo segundos mais novo, Omar, é protegido pela mãe e desenvolve uma personalidade irresponsável e boêmia. Outros personagens atravessam a narrativa, como o pai dos meninos, a empregada que trabalha na casa – e que sofre um abuso – e os professores-mentores de cada um dos gêmeos.

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O escritor Milton Hatoum tem 70 anos e é considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos. Ele publicou outros contos, crônicas e romances importantes.

+ Leia o resumo e análise completos de Dois Irmãos

Olhos D’água, de Conceição Evaristo

Publicado em 2014, Olhos D’água é uma coletânea de contos da escritora mineira Conceição Evaristo. O livro foi premiado com o Jabuti – prêmio mais importante da literatura brasileira – em 2015 e traz como fio condutor de todas as histórias a questão racial. Nos quinze contes, o leitor conhece mulheres e homens negros que tiveram suas trajetórias atravessadas pelo racismo, pela desigualdade social e violência.

Mas o livro é também uma celebração da multiplicidade da população negra do país. No último conto, por exemplo, o nascimento da menina Ayoluwa, chamada de “a alegria do nosso povo”, representa a volta da esperança a uma comunidade que enfrentou e enfrenta muitos percalços.

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Há também a presença das culturas tradicionais da África por meio de referências a nomes e às religiões de matriz africana.

Conceição Evaristo é linguista e atuou como pesquisadora e professora. Seu livro Olhos D’água faz parte da lista de obras obrigatórias da Unicamp.

+ Leia o resumo e análise de Olhos D’água

Anos de chumbo, de Chico Buarque

Anos de Chumbo, publicado em 2021, é o mais recente livro do cantor, compositor e escritor Chico Buarque. A coletânea reúne oito contos que exploram temas latentes do cotidiano do Rio de Janeiro – e em certa medida, de todo o Brasil.

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Apesar do que sugere a capa, o único conto que de fato remete à Ditadura Militar é o próprio Anos de Chumbo, que dá nome ao livro. Nesta história, o leitor é transportado para a década de 1970, quando o governo ditatorial matou, exilou e perseguiu.

Nos outros contos, essa herança e identidade repressiva do Estado brasileiro se expressa de outras formas: na milícia, na arrogância das classes dominantes, na miséria de quem vive nas ruas.

Conhecido por ser um dos maiores nomes da música brasileira, Chico Buarque também tem lugar de destaque na literatura: escreveu livros premiados como Leite Derramado e ganhou diversos prêmios. Recentemente, foi agraciado com o Prêmio Camões, o mais importante da Língua Portuguesa.

Anos de Chumbo faz parte da lista de obras obrigatórias da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

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Torto Arado, de Itamar Vieira Junior

Torto Arado é um dos maiores fenômenos da história da Literatura Brasileira. É o romance de estreia de Itamar Vieira Junior, que até então era anônimo no meio literário e de repente se viu como um autores mais vendidos do país – até o momento, já foram mais de 400 mil cópias.

O livro de sucesso conta a história de duas irmãs que, na infância, se feriram com uma faca que era cercada de misticismo na família – segundo a avó, o objeto era amaldiçoado. Outras tragédias marcam a narrativa daí para frente, como o afastamento entre elas, a fome e a seca.

O espaço físico da obra, por sinal, também carrega muitos sentidos: de nome fictício Água Negra, a região é uma representação do nordeste brasileiro, castigado pelo clima majoritariamente seco e pelas chuvas raras, que também costumam ser devastadoras. O conflito de terras também é um tema de destaque na obra.

Torto Arado faz parte da lista de obras obrigatórias da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

+ Qual a razão do sucesso do romance Torto Arado?

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Chove sobre minha infância, de Miguel Sanches Neto

Chove sobre minha infância é daqueles livros que quase se confundem com uma autobiografia. Isso porque a narrativa, que é em partes ficcionais e uma leitura dos acontecimentos, é contada pelo protagonista, o autor Miguel Sanches Neto. Ele revisita alguns momentos-chave da sua infância – e, por isso, trata-se de um livro de formação, que fala do desenvolvimento do sujeito.

Natural da pequena cidade de Bela Vista do Paraíso, interior do Paraná, o menino protagonista, órfão de pai, se muda com a mãe e a irmã para a cidade de Peabiru. Pobre, ele sonha em ser escritor, mas se enxerga condenado a acabar trabalhando na lavoura. A obra retrata estes dilemas e sonhos pessoais, tematizando ao mesmo tempo elementos da realidade brasileira.

O livro Chove sobre minha infância faz parte da lista de obras obrigatórias da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

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