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‘Os Rejeitados’: por que estudantes deveriam ver o filme indicado ao Oscar

Ambientando em 1970, o longa pode fazer o espectador se apaixonar por História – mas mostra que entender o passado não é tão simples assim

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 6 mar 2024, 11h39 - Publicado em 4 mar 2024, 19h00

Embora se passe a maior parte do tempo dentro de uma escola, retrate a relação entre professor e aluno, e discuta o papel da educação, “Os Rejeitados” está longe de ser um típico filme sobre sala de aula. Nada de professor herói ou de salvação pelos estudos. Indicado a cinco categorias do Oscar 2024, o filme de Alexander Payne surpreendeu espectadores e a crítica justamente por driblar estereótipos.

Ao longo de duas horas, quem assiste é confrontado com questões de classe e raça de forma complexa, reflete sobre o lugar da escola e da família e, sobretudo, sobre as relações humanas. Um prato cheio para estudantes. Veja abaixo três razões pelas quais vale a pena assistir ao filme.

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Olhar crítico sobre a História

cena do filme os rejeitados
(Seacia Pavao /FOCUS FEATURES LLC/Divulgação)

Ainda hoje, analistas apontam que uma das grandes razões para os Estados Unidos terem perdido a Guerra do Vietnã foi a desaprovação por parte dos americanos. Amplamente televisionado, o conflito foi parar dentro da casa de cada cidadão, com imagens de bombardeios, torturas e mortes – incluindo as dos próprios soldados estadunidenses convocados para lutar. Estima-se que 58 mil americanos morreram ou sumiram na guerra. Em “Os Rejeitados”, um deles é Curtis, filho da cozinheira Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph).

Por causa do emprego da mãe, o jovem pôde estudar no tradicional internato Barton Academy, dividindo sala com filhos de políticos e outras figuras influentes. Ao concluir os estudos, sonhava em ingressar na universidade, uma forma também de ganhar dispensa e não precisar servir na Guerra do Vietnã. O racismo e a desigualdade social, no entanto, foram implacáveis: não teve condições de arcar com os custos de uma faculdade e acabou morrendo na frente de batalha. Um destino bem diferente de outros estudantes brancos e ricos do colégio, que saiam de lá direto para as famosas universidades da Ivy League.

Embora evite maniqueísmos, o filme mostra como questões de raça, de classe e mesmo as geracionais influenciam no destino das personagens, provando que essa lente crítica é essencial para compreender não apenas os grandes acontecimentos do passado, mas também os do presente.

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Professores não são heróis. E isso não é um problema

professor Paul em Os Rejeitados
(Seacia Pavao /FOCUS FEATURES LLC/Divulgação)

Paul Hunham (Paul Giamatti) não se parece nem um pouco com outros professores inspiradores da ficção, como John Keating (Robin Williams), de “Sociedade dos Poetas Mortos“, ou mesmo Jennifer Honey (Embeth Davditz), a adorável professora de “Matilda”. Ranzinza, malquisto pelos alunos e conhecido pelo mau cheiro de peixe que exala, o professor é adepto de um ensino tradicional e ortodoxo. Não tolera atrasos e avalia os alunos sem concessões. Mesmo com suas contradições, no entanto, demonstra profundo comprometimento com a profissão.

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Ao revelar a humanidade do protagonista, feita de acertos e erros, “Os Rejeitados” ajuda a desconstruir a ideia de que professores precisam ser heróis e são responsáveis por consertar todos os aspectos da vida de seus alunos – um peso grande demais para se colocar sobre as costas de profissionais geralmente mal-remunerados e que enfrentam duras condições de trabalho. Afinal, não se espera o mesmo de outras classes de trabalhadores, como engenheiros ou publicitários.

No final do filme (alerta de spoiler), Paul Hunham acaba abrindo mão de seu trabalho para assegurar a permanência do pupilo Angus (Dominic Sessa) no colégio, mas a decisão não deixa de ser também uma maneira de assumir as rédeas da própria vida, e colocar-se, então, em primeiro lugar.

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Paixão pelo conhecimento

Angus e Paul em uma livraria em Os Rejeitados
(Seacia Pavao /FOCUS FEATURES LLC/Divulgação)

Uma única cena de “Os Rejeitados” é capaz de abalar as convicções de quem não é lá muito chegado em estudar História. Paul e Angus caminham pela sessão de Civilizações Antigas em um museu quando o jovem afirma não se interessar e tampouco ver sentido nas peças expostas, como dezenas de cerâmicas e outros objetos. Neste momento, o professor de História lhe aponta um artefato ilustrado com uma cena de sexo, assunto que evidentemente interessa ao adolescente em plena puberdade.

Paul dá uma verdadeira aula sobre como certas ideias e experiências humanas circulam há milênios – e, ainda assim, gerações com pouco conhecimento da História as reivindicam para si. Por isso, afirma, é tão importante conhecer o passado. O fascínio do professor pelo assunto convence Angus, e prova que todo conhecimento pode ser interessante dependendo da forma como é exposto.

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