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Aprenda sobre a Revolução Islâmica no Irã com uma HQ consagrada

Persépolis, autobiografia de Marjane Satrapi, mostra com bom humor como é a República Islâmica implantada em 1979

Por Paulo Zocchi
Atualizado em 19 abr 2024, 17h38 - Publicado em 14 mar 2024, 19h00
Ilustração de Persépolis, da iraniana Marjane Satrapi, uma autobiografia em quadrinhos
Ilustração de Persépolis, da iraniana Marjane Satrapi, uma autobiografia em quadrinhos (Companhia das Letras/Reprodução)
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Pense que você é uma menina de dez anos, que, de um dia para o outro, é obrigada a usar véu para ir à escola, e as salas de aula passam a ser separadas por sexo. Sua família vai se vendo obrigada, ao sair de casa, a seguir diversos preceitos religiosos, sob pena de agressão na rua ou coisa pior. Isso aconteceu com a quadrinista Marjane Satrapi quando ocorreu a Revolução Islâmica no Irã, em 1979. Sua difícil experiência pessoal deu origem a uma autobiografia em quadrinhos, Persépolis, famosa no mundo todo por mostrar, a partir da própria vivência da autora, a realidade turbulenta de seu país, com bom humor e ironia.

Ilustração de Persépolis
Ilustração de Persépolis (Reprodução/Divulgação)

Revolução islâmica

Persépolis é uma ótima maneira, leve e divertida, de aprender sobre um país fascinante. O Irã é um dos protagonistas do cenário global. Sua importância econômica vem do fato de que possui uma das maiores reservas globais de petróleo. Politicamente, o país é um dos líderes do mundo islâmico, em tensão com os Estados Unidos (EUA) e os países ocidentais há mais de quatro décadas. Sua história milenar vem da Antiguidade, quando era conhecida pelo nome de Pérsia. Nos últimos anos, vive em constante tensão interna e externa.

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A história em quadrinhos de Marjane Satrapi narra a história do país dos anos 1970 até a década de 1990. E, com muita irreverência, apresenta também episódios do passado mais remoto do país, bem como de sua própria família, que já havia tido problemas políticos bem antes de seu nascimento.

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De 1953 até 1979, o Irã viveu sob uma ditadura chefiada pelo xá Reza Pahlevi, com apoio dos EUA e do Reino Unido, e favorecimento às multinacionais do petróleo. Neste período, o modo de vida dos países ocidentais influenciou muito a sociedade iraniana.

No início de 1979, os sofrimentos impostos pela ditadura levaram a uma onda de protestos, que virou uma revolução e derrubou o governo. O xá fugiu. O principal líder religioso iraniano, o aiatolá Khomeini, voltou do exílio e assumiu o poder. Em 1º de abril de 1979, o Irã tornou-se uma República Islâmica, o que significa que as leis e as instituições passaram a ser regidas pelas regras do Alcorão, livro sagrado da religião muçulmana, e deveriam ser seguidas por toda a população.

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Ilustração de Persépolis
Ilustração de Persépolis (Reprodução/Divulgação)

Narrativa irreverente

Persépolis retrata esse período convulsionado. Para Marjane, é como se o povo iraniano tivesse pulado da frigideira para o fogo. O novo regime implanta uma atmosfera sufocante e autoritária, e Persépolis apresenta esse cotidiano opressivo dos iranianos, que tinham de conviver com torturas e assassinatos. Na escola, o clima era de vigilância pesada. Instigado pelos EUA, o Iraque inicia uma guerra contra o Irã, seu vizinho, em 1980, que dura 8 anos e provoca terríveis privações para a população iraniana. A família de Marjane, de classe média, vê sua vida piorar muito.

Os dilemas da adolescência de Marjane se desenvolvem numa cena que opõe os preceitos religiosos vigentes aos valores liberais de sua família. Em certo momento, acreditando que dariam uma educação melhor à filha, os país de Marjane a mandam para a Áustria. Ali, porém, a menina enfrenta a solidão, o preconceito e um forte choque cultural, e acaba voltando para casa.

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O impacto de Persépolis lhe conferiu repercussão mundial e muitas premiações. Sua versão cinematográfica repetiu o sucesso dos quadrinhos e venceu o prêmio do júri no Festival de Cannes de 2007. No Brasil, Persépolis foi publicada em 4 volumes, que agora estão reunidos num único, pela Quadrinhos na Cia.

 

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