“Rustin”, filme indicado ao Oscar 2024, conta a história de um ativista que, por muito tempo, foi apagado da história. Bayard Rustin teve grande influência na luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos ao lado de Martin Luther King, mas por ser homossexual acabou escondido dentro do próprio movimento. O loga-metragem de 2023 é um “acerto de contas” e resgata a atuação de Rustin.
Produzido pela Higher Ground, produtora de Barack Obama e Michelle Obama, o filme mostra como Rustin foi um homem carismático e inteligente, e retrata as mudanças sociais ocorridas na época. O evento mais importante abordado no longa-metragem é a Marcha de 1963. Os espectadores acompanham os bastidores do grande ato e os desafios enfrentados pelas lideranças envolvidas na organização.
Para além de uma luta por direitos, o longa mostra como o movimento pelos direitos civis também foi marcado por uma batalha de egos. Realista, esta obra biográfica mostra o que Bayard Rustin enfrentou até enfim ser reconhecido por seu trabalho.
Conheça a história desse ativista e saiba onde assistir ao filme.
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A Marcha de 1963
Bayard Rustin foi o responsável por organizar a marcha por direitos civis dos negros de Washington que aconteceu em 1963. O objetivo era pedir empregos e liberdade para a comunidade negra. Foi nesta marcha que Martin Luther King fez seu famoso discurso “Eu Tenho um Sonho”. O filme mostra como Rustin organizou a marcha em apenas dois meses com a ajuda de duzentos voluntários – um grande feito para uma época em que a comunicação era mais lenta, e se dava por telefones fixos e máquinas de escrever.
Apesar de ter grande influência no movimento, o ativista não foi aceito como o rosto da revolução por não performar os padrões de gênero aceitos naquele momento, já que ele era abertamente gay. Para os outros militantes, pessoas negras precisavam mostrar seu “melhor lado” para conquistar direitos, então era necessário que o principal representante se encaixasse nas expectativas sociais. Rustin foi substituído Martin Luther King, um homem heterossexual e que tinha uma família.
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Homossexualidade vista como crime e doença
Rustin foi preso algumas vezes enquanto ativista e uma delas foi por se relacionar com um homem. Em 1963, nos Estados Unidos, a homossexualidade era vista como perversão e crime. Batidas policiais em bares gays eram comuns, e clientes e funcionários eram espancados e detidos. A luta da comunidade LGBTQIAP+ norte-americana só começou oficialmente depois da Revolta de Stonewall, em 1969, quando as pessoas reagiram contra um ataque truculento da polícia.
Além disso, na década de 1960 nos Estados Unidos, a homossexualidade era vista como um transtorno mental. Alguns estados impunham leis que discriminavam essa parcela da sociedade e negavam direitos básicos. Por estas razões, era comum que muitos não assumissem sua sexualidade – diferentemente do caso de Rustin.
O filme, por fim, coloca em pauta a importância da interseccionalidade, teoria que evidencia como algumas minorias podem sofrer ainda mais opressão. No caso de Rustin, além de ser um homem negro que, assim como seus companheiros de luta, sofria com o racismo, ele também era gay e precisava lidar com a homofobia. Uma das falas mais marcantes do filme é “no dia que nasci negro, eu também nasci homossexual”, evidenciando que uma luta não exclui a outra.
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Onde assistir ‘Rustin’
O filme está disponível na Netflix e tem 1h48 de duração.
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