Em coletiva de imprensa após a aplicação da primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio 2020, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o presidente do Inep, Alexandre Lopes, divulgaram que mais da metade dos estudantes inscritos não compareceram aos locais de prova. Neste domingo (17) a prova aplicada tinha uma proposta de redação e 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas.
Este ano, foram 5.523.029 inscritos para a versão impressa tradicional, dos quais 51,5% não compareceram no dia da prova. É a maior taxa de abstenção da história do Enem, que já tem duas décadas. A edição que mantinha esse recorde até então era a de 2009, ano em que o índice de faltas foi de 37,7%.
Questionado sobre a ausência de tantos estudantes, o ministro Milton Ribeiro comentou: “Qualificamos como sucesso porque, no meio de uma crise, uma pandemia, conseguimos mobilizar milhões de pessoas com segurança, pra mim isso é um sucesso”. Ele lembrou o índice do ano anterior foi o menor da história: 23%. “Uma situação normal do Enem tem em torno de 20% de abstenção. Esse momento não é normal.”
Ele citou também como uma das causas para a frequência mais baixa nesta edição o movimento #AdiaEnem: “Um trabalho de mídia contrário ao Enem, muito injusto. Não foi o mesmo trabalho de mídia feito, por exemplo, contra a Fuvest.” A Fuvest reuniu 130 mil estudantes no estado de São Paulo no último dia 10. Sobre a decisão de manter a data do Enem em 17 e 24 de janeiro, o ministro disse que “essa atitude demonstra a sensibilidade do MEC, que foi tido como um ministério insensível”.
Ao longo do dia, estudantes relataram nas redes sociais que houve aglomeração em alguns locais de prova e alguns chegaram a ser impedidos de fazer o exame por causa da superlotação. No entanto, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, considerou a aplicação da prova bem-sucedida e adicionou: “Não tivemos nenhum local de prova interditado por questões sanitárias. As normas de segurança do Inep foram cumpridas e as pessoas conseguiram fazer a prova com tranquilidade.” Segundo ele, a vigilância sanitária visitou a UFSC, mas “permitiu a aplicação porque percebeu que havia condições da realização. A vigilância entendeu que estávamos cumprindo as medidas sanitárias e que podíamos continuar com a prova.” No sábado, uma reportagem do Estadão revelou que havia previsão de 80% de ocupação em salas da UFSC para a aplicação da prova, o que gerou um novo pedido da Defensoria Pública da União pelo adiamento do Enem, negado pela Justiça.
A reaplicação do Enem em 23 e 24 de fevereiro deve acontecer para os 160 mil estudantes no Amazonas, estado que optou pelo adiamento da prova por causa da situação de calamidade pública e do colapso do sistema de saúde. Junto a eles, outros 8.180 participantes do país já tiveram sua transferência de data deferida pelo Inep por apresentarem sintomas de Covid-19. Segundo o Inep, ainda é possível pedir a reaplicação da prova anexando documentos comprobatórios de infecção por doenças contagiosas, entre elas a covid-19, no período de 25 a 29 de janeiro.