Aluna nota mil na redação e medalhista em exatas conta como se preparou
Cássia Aguiar focou em redação dois meses antes do exame e apostou as fichas no que considerou ser o mais simples. Confira as estratégias de prova da aluna
Apesar da nota mil na redação do Enem 2021, a cearense Cássia Caroline Aguiar, 18, garante que nunca considerou a dissertação seu ponto forte. Na verdade, sua trajetória escolar sempre seguiu mais para o lado das exatas: Cássia coleciona medalhas em olimpíadas de Física e Química.
Apenas dois meses antes do Enem, ela decidiu mudar de rota para pleitear uma vaga de Medicina pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada). Nessa reta final, dedicou-se às áreas que considerava como suas fraquezas, aproveitando tudo que havia aprendido ao longo dos anos escolares. Com a bagagem de exatas acumulada há anos, conseguiu dar atenção total à redação e uniu o que muita gente considera impossível: uma boa nota em Matemática e Ciências da Natureza ao tão cobiçado mil na redação do Enem.
Histórico de medalhista
Desde o 9° ano do ensino fundamental, Cássia é medalhista em olimpíadas na área de exatas. Entre os títulos, ela conquistou ouro na competição Brasileira de Física (OBF, no 9º ano do ensino fundamental) e na Brasileira de Química (OBQ, no 3º ano do ensino médio). Em 2021, garantiu o bronze na Olimpíada Internacional de Química.
No ensino médio, entrou em um grupo de exatas do Colégio Master, em Fortaleza, focado na preparação para um dos vestibulares mais concorridos, o do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). No último ano, já estava certa que não gostaria de cursar Engenharia, mas ainda não sabia qual caminho seguir. Ela conta que até o segundo semestre do terceiro ano descartava a possibilidade de fazer Medicina – a ideia de fazer cirurgias e ter contato com sangue não a deixava muito confortável. Por outro lado, Cássia amava estudar Biologia.
“Conheci uma estudante de Medicina e ela me falou bastante sobre o curso”, conta Cássia sobre quando começou a mudar de ideia. “Eu percebi que seria o curso que mais ia me agradar. Além disso, acredito que vou acabar me acostumando com a parte do sangue ao longo da graduação”, completa.
Preparação na reta final
Como durante três anos Cássia acabou focando os estudos nas disciplinas de exatas, ela conta que, quando decidiu prestar o Enem, sabia que precisava dar um gás nas outras áreas com as quais teve menos contato durante sua formação. “Na reta final, praticamente estudei só Humanas para recuperar”, diz.
O tempo de revisão era bastante apertado, então a estudante usou a estratégia de pesquisar os conteúdos que mais caem no exame de acordo com o histórico da prova. Assim, garantia que saberia responder pelo menos sobre estes assuntos. Ela também fez também provas de edições passadas do Enem para se familiarizar com o estilo das questões.
Cássia ressalta a importância de ter se aprofundado nas características particulares do Enem para montar uma estratégia de prova. É o caso do método de correção usado pelo exame, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Esse método conhecido como “antichute”, divide a prova e analisa a coerência dos acertos do candidato. Não faz sentido o aluno acertar todas difíceis e errar as mais fáceis, por exemplo.
“No TRI, você tem que garantir as questões fáceis, mesmo que você consiga as mais difíceis. No Enem, quando eu encontrava uma questão difícil, pulava para uma mais fácil, e depois voltava nela. Já no ITA era diferente, quando encontrava uma questão muito difícil insistia nela”, conta.
+ Saiba mais sobre a Teoria de Resposta ao Item (TRI)
Redação
O primeiro passo de Cássia na preparação para a redação do Enem foi ler, atenciosamente, as competências de redação do Enem. “Busquei entender o que eles iam cobrar do meu texto e treinar para não cometer os erros destacados ali”, lembra a estudante.
Vale lembrar que a fórmula da redação do exame é composta cinco competências. Cada uma delas vale de 0 a 200 pontos, divididos em grupos de 40. Ou seja, você pode tirar 0, 40, 80, 120, 160 ou 200 pontos. No final, as notas de cada competência serão somadas e o resultado será sua nota final na redação. São elas:
– Competência 1: domínio da norma culta
– Competência 2: compreensão da proposta
– Competência 3: argumentação
– Competência 4: modelo dissertativo-argumentativo
– Competência 5: proposta de intervenção
Para entender o que é exigido em cada uma delas, acesse esse link.
Para treinar a escrita, a estudante fazia redações semanais com temas variados, sempre controlando o tempo.Ela conta que sempre gostou de ler, o que facilitou muito o domínio da gramática para o texto do exame. Outro hábito que ajudou Cássia foi analisar redações com a nota máxima de anos anteriores.
No cursinho onde ela estudava, as redações eram corrigidas por professores diferentes a cada semana. “Revezar quem corrige o texto dá uma perspectiva diferente, já que cada pessoa enxerga de um jeito”, observa a garota. A dica é, se possível, ter visões diferentes acerca dos textos e aproveitar o conselho de cada uma delas.
Nota 1000
Cássia relembra que quando abriu o caderno do Enem, no dia 21 de novembro de 2021, leu o tema da redação: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil” . E deu um branco. “Eu nunca consigo fazer assim que eu vejo o tema da redação, não vem nada na minha cabeça de imediato”, conta. A estudante, então, partiu resolver as questões e voltou para o texto depois de duas horas do início da prova.
Para começar, jogou as palavras chaves para conseguir montar os argumentos que seriam usados. “É bem importante que todas as palavras principais que estão na proposta de redação estejam no seu texto para evitar tangenciar a proposta”, pontua. A fuga total do tema proposto – que seria escrever sobre machismo, quando a proposta é falar sobre imigração, por exemplo – pode zerar a nota da redação. Mas fugir parcialmente da proposta, ou “tangenciar”, também tira alguns pontos do candidato.
No Enem de 2019, quando o tema era “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, muita gente falou sobre a história do cinema em si ou sobre a importância da cultura, quando a prova pedia que se discutisse o acesso aos espaços. Esses candidatos tangenciaram o tema.
Já quando o assunto é construção textual, outra estratégia que a estudante destaca é ter em mente uma diversidade de conectivos para usar nos parágrafos e montar um texto coeso.
Cássia é do time “faça simples e bem feito”, sem a necessidade de perder muito tempo pensando em argumentos fora da caixa . Na tese, a estudante cearense falou sobre negligência governamental e falta de informação. Dois tópicos, segundo ela, que encaixam em vários temas e estão presentes em muitas redações nota mil de anos anteriores. “Na conclusão, eu citei a responsabilidade do Ministério Público Federal de fiscalizar os outros órgãos governamentais e não permitir a negligência em relação ao tema”, afirma.
Cássia também optou por fazer pausas durante a escrita da redação. “Nunca consigo fazer direto, porque acabo me cansando. Fiz metade do texto, voltei para a prova e finalizei a dissertação faltando 30 ou 20 minutos para acabar a prova”. Apesar de ter considerado um tema difícil, a estudante diz que esperava uma boa nota quando saiu do local do exame, já que tinha seguido a estrutura e os requisitos da banca.
Ah, e para você que chegou até o final deste texto e quer muito passar no vestibular, vale lembrar que a trajetória e a realidade de cada estudante é única e não cabe comparações. Conhecer a história da Cássia e de outros candidatos que tiveram ótimo desempenho é uma ferramenta para se inspirar, pegar dicas de estudo e estratégias de prova, sempre adequando ao seu estilo e, principalmente, à sua realidade.
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