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Pandemia e crise: estudantes contam como foi a preparação para o Enem 2021

O exame está marcado pela pandemia de covid-19 e a crise no Inep. Jovens contam como driblaram as dificuldades

Por Alexandre de Melo
Atualizado em 22 nov 2021, 14h19 - Publicado em 20 nov 2021, 10h00
Estudante está em um quarto com notebook, apostilas, celular e fone de ouvido. Mesmo com uma lâmpada, o quarto está escuro.
 (Mjro da Fotografia/Getty Images)
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Acompanhe a cobertura completa do GUIA sobre o Enem 2021: gabarito, redação, comentários dos professores e mais 

Em decorrência da pandemia de covid-19, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá a sua segunda realização em 2021 nos dias 21 e 28 de novembro. Além das dificuldades enfrentadas pelas aulas remotas, os estudantes farão o Enem 2021 em meio a uma grande crise no Inep. Por conta disso, a segunda edição do exame neste ano tem o menor número de inscritos desde 2007.

GUIA conversou com alguns estudantes para saber como foi a preparação atípica para o exame e quais são as expectativas.

Jade

Estudante Jade Beatriz usa máscara em uma mesa com computador e um caderno - Enem 2021
“Fiz cursinho da metade do ano pra cá, com ajuda de um amigo. Mas antes disso, era muito difícil estudar por conta própria, conciliar com trabalho e a rotina de casa”, conta Jade Beatriz. (Arquivo pessoal/Divulgação)

Jade Beatriz, 20 anos, mora em Fortaleza, Ceará. A jovem pretende entrar na Universidade Federal do Ceará e cursar Jornalismo. “Fiz cursinho da metade do ano para cá, com ajuda de um amigo. Mas antes disso, foi muito difícil estudar por conta própria, conciliar com trabalho e a rotina de casa”, conta.

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Jade diz que a maioria dos amigos da comunidade onde vive não se inscreveram para o Enem por conta da insegurança causada pela pandemia e pela crise econômica. “Os meus poucos amigos que se inscreveram no Enem têm a mesma sensação. Eles vão fazer o exame para pelo menos saber que tentaram”.  Mesmo com o contexto difícil, a jovem está confiante: “Será muito significativo ser a primeira da família a entrar na universidade. É um sonho coletivo da família”.

Luís Henrique

Estudante Luís Henrique Amaral Silva está em uma mesa com notebook, caderno e garrafa de água. Ele usa máscara e camiseta do Corinthians.
“Em casa tenho muito apoio familiar. Isso é importante para todos os estudantes e profissionais. Ninguém estudou na universidade na minha família porque foi mais importante trabalhar nessa fase estudantil, no caso deles. A mentalidade acerca do trabalho intelectual foi mudando e o apoio que estes me dão nos estudos são cruciais”, conta Luis Henrique (Arquivo pessoal/Reprodução)

Luís Henrique Amaral Silva, 19 anos. Mora na Vila Gustavo, Zona Norte de São Paulo. Ele quer prestar para faculdades de Medicina Estaduais e Federais por meio do Sisu. É o terceiro Enem que ele vai fazer e o segundo ano que se prepara no curso Anglo.

“Durante a pandemia, realizei provas de Enem e vestibulares anteriores e contei com a estrutura do cursinho. Fiz aulas e simulados na forma EAD e, recentemente, presencial”, explica Luis. O estudante conta que sentiu falta das aulas presenciais  “As restrições do isolamento foram muito importantes. Mas a limitação do contato entre alunos e professores reforçou a importância do sistema presencial para o aprendizado e  para preservar a saúde mental e física em momentos de lazer. Meu local de estudo durante o isolamento era o mesmo de descanso, ou seja, o quarto”.

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Hugo

Estudante Hugo Silva de Campo de Goytacazes, Rio de Janeiro
“Tenho muita confiança que eu e milhares de brasileiros seremos os primeiros da família a entrar na universidade e não seremos os últimos”, conta Hugo Silva, que vai fazer o Enem 2021. (Arquivo pessoal/Divulgação)

Hugo Silva, 18 anos, mora na zona rural de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.  “A pandemia afetou diretamente meus estudos. O sinal e qualidade da internet por aqui é péssimo. Por isso, minha preparação para o Enem foi conturbada. Eu divido o quarto com minha irmã e moro com outras 4 pessoas. Eu fiz simulados gratuitos nos computadores da escola porque não puder fazer cursinho. Contei com a ajuda de professores. Eles passavam atividades a mais para me preparar”, conta.

Na sua casa, o estudante é o primeiro da família a completar o ensino médio. “A expectativa da minha família é que eu seja o primeiro a entrar na universidade”. Hugo que usar a nota do Enem para cursar Direito e gostaria de entrar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Yasmin

Yara, estudante da Bahia segura um cartaz e usa máscara
Yasmin decidiu que vai tentar uma vaga em Direito, curso que ama, mesmo que essa não seja a expectativa de parte da sua família. (Arquivo pessoal/Divulgação)

Yasmin Barreto da Silva, 16 anos, mora em Jequié, Bahia. Ela quer estudar Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A escolha foi motivo de uma pequena crise. “Minha família tem uma expectativa muito alta. Existe uma cobrança e o desejo que eu faça Medicina. No entanto, eu amo Direito. Entendi que devo seguir aquilo que me realiza e não apenas ir pela expectativa deles. Preciso estudar e lutar por meu futuro pensando naquilo que eu sou e almejo ser”, reflete a jovem.

Ela conta que a pandemia afetou a sua tranquilidade para estudar, mas essa não foi a única preocupação na preparação do Enem. “Viver em um país onde o sucateamento da educação é constante e que existe negacionismo científico e o desmonte das nossas perspectivas afetou diretamente no estímulo para os estudos.”

“Percebo um desânimo e baixas expectativas dos estudantes. A pandemia gerou uma insegurança do nosso preparo, mas continuo torcendo por todos e com a esperança de um Brasil e um futuro melhor”, analisa.

 

Pedro Leite

Pedro Leite voltou a ter aulas presenciais no cursinho Oficina do Estudante, em Campinas (SP)
Pedro Leite voltou a ter aulas presenciais no cursinho Oficina do Estudante, em Campinas (SP). (Oficina do Estudante/Divulgação)

Pedro Leite de Farias, 19 anos, reside em Sumaré (SP). Ele quer usar a nota do Enem para cursar Medicina. “Meu foco com o Enem é utilizar a nota para o Sisu.  Miro as federais do Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A minha preparação foi boa. Devido ao contexto da pandemia, tive aulas online, mas foi tranquilo. Contudo, comemorei quando retornamos ao formato presencial em agosto. A covid-19 afetou bastante o nosso gradiente de estudo. O isolamento tirou nossa rotina, perdemos a forma original de estudar”, analisa.

O jovem fez uma série de simulados no cursinho para aprender a controlar e otimizar o tempo de prova. Pedro espera que a crise no Inep não modifique o exame ao ponto de prejudicar a forma como se preparou. “Fico pensando se haverá ou não alguma mudança brusca no exame, alternando um formato para o qual venho me preparando, sabe? Além do receio que na prova o conteúdo não esteja contextualizado com a verdadeira realidade atual do País.”

Confira os protocolos de segurança da covid-19 durante o Enem 2021

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