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Segundo Enem foi mais adequado ao tempo de prova, diz professor

Contas mais simples em Matemática e enunciados mais curtos garantiram tempo menos apertado na segunda aplicação

Por redação
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h31 - Publicado em 6 dez 2016, 13h36

Segundo Enem foi mais adequado ao tempo de prova, diz professor

A segunda aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 ocorreu no último fim de semana, 3 e 4 de dezembro. De acordo com o professor Marcos André Tomaz Lima, diretor de ensino do Colégio Ari de Sá, a prova foi, no geral, mais “adequada” em termos de tempo do que a primeira aplicação.

Segundo ele, o tempo foi menos apertado por conta de contas mais simples na prova de Matemática, textos mais curtos em Linguagens e questões mais acessíveis em Ciências da Natureza. Veja, abaixo, o comentário individual dos professores do Colégio Ari de Sá e do Curso Positivo para cada uma das quatro provas objetivas e a redação.

Ciências Humanas

“As duas aplicações estiveram orientadas pelo eixo sociedade, cultura e poder. Houve uma relativa paridade de dificuldade entre as provas. Na primeira aplicação, a prova de Ciências Humanas apresentou 17 questões de geografia, 14 questões de história e 14 questões de filosofia e sociologia. Na segunda aplicação foram 17 questões de história, 16 de geografia e 12 de filosofia e sociologia. Houve, em nosso entendimento, um grau de dificuldade maior da segunda aplicação em relação à primeira em história, e ocorreu o contrário na parte de geografia, que teve uma dificuldade menor na segunda aplicação abordando principalmente meio-ambiente, geopolítica, migrações e questões sociais.” Professor Marcos André Tomaz Lima, do Colégio Ari de Sá

“A segunda prova do Enem demonstra que a ideia de um banco de questões pré-testadas e o uso da TRI são a melhor forma de organizar avaliações em grande escala no Brasil. Os temas continuaram na linha da prova cidadã, destacando textos e perguntas que ‘forçam’ os candidatos a refletirem sobre preconceito, sustentabilidade, movimento negro, pluralidade religiosa, etc., usando fontes modernas e plurais, indo de Bobbio a Locke, de Hobsbawn a Pierre Verger, entre outros, incluindo muitos textos retirados da internet. Sobre a dificuldade da prova, não vejo diferença no nível de dificuldade porque, na verdade, a prova é construída em torno de uma ‘régua’ de dificuldade que ‘espalha’ questões com vários níveis de mediação cognitiva ao longo da prova.” Professor Daniel Medeiros, do Curso Positivo

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Ciências da Natureza

“Em química, de modo geral, a primeira aplicação apresentou uma variedade menor de assuntos, sendo mais técnica e conteudista. Achamos que a segunda aplicação teve uma variação maior de conteúdos (eletroquímica, metalurgia, química ambiental, lixo e reações inorgânicas). Biologia, em nosso entendimento, foi mais acessível aos alunos e com questões mais bem distribuídas entre os temas abordados. A primeira prova teve textos mais longos, tornando a prova mais cansativa e restrita na cobrança de temas associados à proteção ambiental. Já a prova de física teve níveis parecidos nas duas aplicações, mas percebemos uma dificuldade menor na segunda em relação à aplicação dos cálculos, considerados mais simples.” Professor Marcos André Tomaz Lima, do Colégio Ari de Sá

“A prova da segunda aplicação pareceu menos abrangente em conteúdos. Quanto às habilidades e competências, que são a base principal da elaboração do Enem, a distribuição da prova foi ampla e, portanto, adequada. Vale ressaltar que, especialmente em física e química, a maioria das questões estava com enunciados mais diretos que os da primeira prova. Os textos eram mais curtos, o que deixou o exame mais conteudista e requereu menor capacidade de interpretação dos alunos. Já na Biologia, notou-se um cuidado em escolher questões que exigiam melhor leitura e maior capacidade de relacionar temas de diferentes disciplinas.” Professor Euler de Freitas Silva, do Curso Positivo

Linguagens

“Em inglês, das cinco questões, três foram elaboradas a partir de textos publicitários e de conscientização que combinavam elementos verbais e não-verbais, facilitando, assim, a compreensão leitora do candidato. Em espanhol, a prova da segunda aplicação contemplou temas esperados, como: a violência contra a mulher, xenofobia, situações comportamentais e complexos diários. Já em português, é importante destacar que as duas provas obedeceram claramente às proposições dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Tanto a primeira quanto a segunda aplicação utilizaram diversos gêneros textuais (crônica, conto, teatro, poesia, editorial, notícia, carta, texto publicitário, gêneros digitais). Esses gêneros estabelecem importantes vasos comunicantes com as competências e habilidades. Partindo desse princípio, podemos inferir que ambas apresentam o mesmo nível de dificuldade, pois há diversidade de gêneros nas duas. No entanto, é válido lembrar que os textos da primeira aplicação eram mais longos e isso tornou a primeira prova mais cansativa, enquanto a segunda aplicação trabalhou – considerando algumas exceções – com textos mais curtos e construiu enunciados mais objetivos e diretos.” Professor Marcos André Tomaz Lima, do Colégio Ari de Sá

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Matemática

“A segunda prova deste ano foi mais elementar, com muitas questões de razão, proporção, análise simples de gráfico. Alguns conteúdos que apareceram na primeira não foram cobrados na segunda. Além disso, os cálculos desta última foram bem mais simples, o que garantiu uma maior tranquilidade aos alunos. Consideramos que a prova deste domingo foi muito mais adequada ao modelo de 45 questões.” Professor Marcos André Tomaz Lima, do Colégio Ari de Sá

Redação

“Em um intervalo de quase dez anos, tivemos o desafio de se conviver com as diferenças (2007), o Brasil recebendo imigrantes (2012), a intolerância religiosa no primeiro exame de 2016, e agora os caminhos para se combater o racismo no Brasil. Respeitando a ideia de variações de um mesmo assunto, o exame de redação da segunda aplicação do Enem não causa surpresa quanto ao modelo de tema e a discussão exigida. Nos últimos anos, milhões de alunos no Brasil seguramente discutiram – ou, pelo menos, deveriam ter discutido – o tema do racismo em um país que se orgulha de sua “democracia racial”, mas a todo momento é cenário de atos de preconceito, intolerância e racismo. Assim, ainda que não se possa negar aquele caráter de algo repetitivo quanto à escolha do tema, também é inegável o salutar valor da discussão numa sociedade que tem 54% da população declarada negra convivendo com o preconceito e o racismo. Para a argumentação, é de se reconhecer que infelizmente exemplos concretos de preconceito e de racismo pipocam a toda hora nos noticiários, nas mídias sociais, seja com pessoas públicas ou anônimas: goleiro de futebol ofendido em estádio, jornalista e atriz alvos na internet, professor universitário vítima na própria universidade em que trabalha, além da massa de pessoas comuns que passam a ser conhecidas, muitas vezes por meio da internet, por conta das agressões que sofrem. Enfim, trata-se de um tema bem objetivo, não dificultando a proposição de formas de enfrentamento em relação ao problema.” Professor Yeso Osawa Ribeiro, do Curso Positivo

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