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5 eventos marcantes do último governo de Getúlio Vargas

Presidente fundou a Petrobras, dobrou o salário mínimo e enfrentou uma das maiores manifestações populares

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 26 ago 2024, 15h13 - Publicado em 26 ago 2024, 15h00
getúlio vargas
Getúlio desfilando em carro aberto pelas ruas de Vitória, Espírito Santo em 1951. (Correio da Manhã/Wikimedia Commons)
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Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas, em suas próprias palavras, “saia da vida para entrar na História”. Essa é a última e mais célebre frase da carta de suicídio deixada pelo estadista brasileiro, que tirou a própria vida em um cenário de forte pressão política e tensão social. Vargas, que já havia comandado o país antes por 15 anos, inclusive como ditador, cumpria agora um mandato como presidente eleito – mas nem por isso contava com amplo apoio popular.

O Brasil do último governo de Getúlio Vargas foi marcado por uma forte crise econômica, pela perda do investimento estadunidense, enfraquecimento entre as bases sindicalistas e pressão política. Em um período de apenas 4 anos, ocorreram eventos que marcariam para sempre a história do Brasil , como a criação da estatal Petrobras e, por fim, o suicídio de Getúlio Vargas, que chocou o país e levou multidões para as ruas.

Confira abaixo cinco destes eventos.

1. Greve dos 300 mil

A greve dos 300 mil foi, sem dúvidas, o grande evento que sinalizou a queda de popularidade de Getúlio Vargas entre a classe trabalhadora. Nos meses de março e abril de 1953, cerca de 300 mil trabalhadores – metalúrgicos, vidraceiros, marceneiros, gráficos, entre outros – foram às ruas de São Paulo protestar contra o aumento do custo de vida. O salário mínimo, criação do próprio Vargas, não conseguia acompanhar a inflação, e os trabalhadores também sofriam com a perseguição ao movimento sindicalista.

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A greve resultou em avanços significativos para os operários. Ao final, eles conseguiram 32% de aumento salarial e a criação do Dieese, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, que ainda hoje compila e divulga dados sobre a inflação e custo de vida. O movimento sindicalista também saiu fortalecido.

Apesar disso, cerca de 400 funcionários líderes dos protestos foram demitidos depois que o movimento se encerrou.

+ O que são e como funcionam os sindicatos no Brasil?

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2. Criação da Petrobras

Você já ouviu o slogan “o petróleo é nosso”? Saiba que ele surgiu exatamente na época da criação da Petrobras . O nascimento da maior estatal brasileira se deu em um contexto de disputa entre duas visões econômicas e políticas distintas: uma liberal, que defendia a abertura aos investimentos estrangeiros, e outra nacionalista, defensora da intervenção do Estado na exploração dos recursos brasileiros.

+ Adam Smith: quem era e o que realmente pensava o “pai da economia moderna”

Vargas pertencia ao segundo grupo, e por isso queria criar uma grande empresa estatal brasileira capaz de explorar o nosso petróleo – daí o lema “o petróleo é nosso”. Foi preciso uma grande mobilização nacional para que o plano saísse do papel, já que desagradava às elites do país. Em 3 de outubro de 1953 nasce a empresa Petróleo Brasileiro S.A, mais conhecida como Petrobras.

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3. Aumento de 100% do salário mínimo

Esse fato “curioso” do último governo de Getúlio Vargas envolve também uma outra proeminente figura da política brasileira: João Goulart. O Jango, que anos depois seria deposto pelos militares que deram início à Ditadura Militar brasileira, foi escolhido para chefiar o Ministério do Trabalho de Vargas em junho de 1953. Com isso, o então presidente tentava uma reaproximação com os trabalhadores e sindicalistas.

As medidas de Jango durante os nove meses em que foi ministro atenderam, de fato, a essa parcela da população. Em 1º de Maio de 1954, um Dia do Trabalho, ele propôs o aumento de 100% no valor do salário mínimo. A ideia, é claro, chocou os adversários de Vargas, sobretudo o Exército. A pressão foi tanta que Vargas negociou com Jango sua renuncia ao cargo. Mas manteve o maior aumento do salário mínimo na história.

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4. Atentado contra Carlos Lacerda

“O senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”. Essa declaração de Carlos Lacerda ajuda a dimensionar o tamanho de sua oposição a Getúlio Vargas, sobretudo durante o último governo. O jornalista, junto da UDN (União Democrática Nacional), buscou minar o governo de Vargas com acusações de corrupção. O desgaste já era grande, mas foi selado por um evento: o atentado da rua Tonelero.

Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda voltava para casa, na rua Tonelero, em Copacabana, quando foi atingido por um tiro. Sofreu apenas um ferimento no pé, mas seu guarda-costas, o major da Aeronáutica Rubens Vaz, acabou morrendo. Investigações ligaram o atentado a Gregório Fortunato, chefe de segurança do Palácio do Catete, e Vargas foi acusado por Lacerda de mandante do crime.

5. Suicídio de Vargas

Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração em seus aposentos no Palácio do Catete. Foi encontrado, entre outras pessoas, pelo seu então ministro da Justiça, Tancredo Neves. O ministro narrou as últimas horas de Vargas à Revista Manchete.

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Vargas deixou uma carta de suicídio, em que se dizia caluniado e perseguido, além de exaltar a defesa que fez dos “humildes”. Encerra dirigindo-se ao povo “Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”.

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