6 livros de escritores brasileiros contemporâneos para você conhecer

Durante a preparação para o vestibular, é normal o estudante resumir o seu contato literário às obras cobradas nas provas – que, em sua maioria, são clássicos de autores mais antigos, como Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade. Mas a verdade é que não precisa ser assim. Mergulhar em livros contemporâneos, sobretudo nacionais, são uma ótima oportunidade para reunir repertório, compreender melhor a realidade brasileira e, de quebra, ainda melhorar a redação.

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Separamos seis ficções de autores brasileiros contemporâneos que tratam de temáticas sociais relevantes. São obras acessíveis, acerca de distintas realidades e que abordam questões presentes na sociedade brasileira.

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1. “O som do rugido da onça”, de Micheliny Verunschk

O romance de Micheliny Verunschk, vencedor da categoria “Romance Literário” do Prêmio Jabuti de 2022, cria uma narrativa fictícia a partir de um fato histórico. No século 19, os exploradores alemães Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Martius desembarcaram no Brasil em uma missão para “explorar” o território nacional. Na volta ao velho continente, a dupla levou consigo objetos, iguarias – e, acredite se quiser, duas crianças indígenas. O livro narra a história deste sequestro a partir do ponto de vista de uma das crianças. A autora ainda traça um paralelo com o presente ao mostrar a jornada de uma jovem entrando em contato com suas raízes após conhecer a história das duas crianças em uma exposição.

2. “Solitária”, de Eliana Alves Cruz

Em “Solitária”, somos apresentados a duas mulheres negras: Eunice e Mabel, mãe e filha. Eunice é empregada doméstica e, ao lado da filha, divide um cômodo na casa dos patrões brancos em um condomínio de luxo. Certo dia, a funcionária se torna a testemunha-chave de um crime ocorrido na residência. Neste romance, Eliana Alvez Cruz explora as heranças estruturais deixadas pela escravidão no Brasil – que tanto permeiam as relações entre patrão e funcionário no âmbito doméstico. Uma narrativa ágil, intensa e sem meias palavras, que trata ainda de temas como ações afirmativas e direitos reprodutivos.

3. “A pediatra”, de Andréa del Fuego

Uma pediatra que odeia crianças? Esta é a ideia principal do terceiro romance da autora Andréa del Fuego. A pediatra Cecília é tudo o que não se espera de uma médica que cuida de crianças: não tem paciência nenhuma, e demonstra zero afeto pelos pequenos. Mesmo assim, a médica tem um consultório bem-sucedido, cheio de pais satisfeitos. Tudo muda quando ela começa a se afeiçoar – de forma perturbadora – a um de seus pacientezinhos, e do pai da criança. É um romance que questiona o papel cuidador das mulheres na sociedade, além da própria maternidade e o mito do amor materno.

4. “O sol na cabeça: contos”, de Geovani Martins

Elogiado por Chico Buarque, Milton Hatoum e João Moreira Salles, o livros de estreia de Geovani Martins é um marco da literatura contemporânea nacional. Ao longo dos treze contos da obra, o autor narra, com a veracidade de quem viveu aquela realidade, como é crescer no lado menos favorecido do Rio de Janeiro. Em “Rolézim”, por exemplo, um grupo de jovens decide ir à praia no verão de 2015 e acaba cercado pela polícia fluminense, que age em nome de frear os arrastões que assombram a cidade. Geovani Martins transita pela língua falada e pela norma padrão da língua com maestria e cria um compilado de histórias curtas envolventes e sagazes.

5. “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório

Outro vencedor da categoria “Romance Literário” do Prêmio Jabuti nesta lista. “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, narra a história de Pedro, um homem em luto pelo pai que foi assassinado em uma abordagem policial. Em um processo para curar sua dor – e também descobrir a si mesmo – ele inicia uma jornada para refazer os caminhos dou pai. Nesta obra, o autor explora um Brasil marcado pelo racismo, pela desigualdade social e por um sistema educacional falido, mas sem deixar de lado as delicadezas que cercam os relacionamentos entre pais e filhos. Um livro brutal e sensível, na medida.

6. “Salvar o fogo”, de Itamar Vieira Junior

Se você já leu, ou pelo menos ouviu falar de “Torto Arado”, deve entender o sucesso do autor Itamar Vieira Junior. No seu primeiro livro após o hit astronômico de “Torto Arado”, Itamar retorna ao mesmo universo e entrega a segunda parte de sua trilogia rural. “Salvar o fogo” conta a história de Moisés, um garoto órfão que mora em uma comunidade rural de origem afro-indígena no interior da Bahia, que vive sob as regras rígidas da Igreja Católica. Quem cuida dele é Luzia, sua irmã mais velha que, mesmo estigmatizada pela comunidade, trabalha como lavadeira no mosteiro local. O livro apresenta uma narrativa misteriosa, épica e lírica, que vai se revelando ao poucos ao leitor.

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