Passar no vestibular não é uma tarefa fácil. Mas, diferentemente do que muitos imaginam, a dificuldade não está apenas em decorar aquela fórmula de Matemática, saber o que é uma metonímia ou classificar se algo é uma cetona ou um ácido carboxílico.
Um dos maiores desafios está em passar horas fazendo exercícios, abrir mão de certas atividades de lazer, ter diversas aulas em sequência, precisar superar o cansaço diário, sentir-se pressionado o tempo todo, repleto de dúvidas, medos e inseguranças. A ansiedade que muitos estudantes desenvolvem nessa fase precisa receber atenção e ser levada a sério.
Além disso, as comparações na família e na escola e a incerteza do resultado podem ser muito prejudiciais. “O ano de vestibular é um ano de intenso trabalho intelectual, portanto, muito cansativo. E mesmo o aluno mais dedicado não tem garantias de que seus estudos resultarão em aprovação”, explica Mayra Temperine, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico do Curso Anglo.
A ansiedade dos jovens pode ser desencadeada desde o momento em que ele percebe o tamanho da responsabilidade da primeira decisão: qual curso seguir. “Ao transitar para a fase adulta, em que existe toda uma pressão de estar se redescobrindo como indivíduo e buscando sua identidade, ele pode se perder um pouco nesse momento do vestibular” diz Cláudio Falcão, diretor do Sistema de Ensino pH. Ele ressalta que a família também tem papel importante em situações como essa, pois ela deve dar apoio ao estudante.
Segundo Falcão, uma alternativa importante é encontrar válvulas de escape para que se consiga se desligar um pouco desse ambiente de ansiedade. “Procurar fazer esportes, ir ao teatro, cinemas, ou até mesmo parar de estudar por um período caso o estresse esteja muito alto são opções que ele pode seguir”, diz.
Quando procurar ajuda?
Temperine alerta que quando a sensação de cansaço acentua-se e vira exaustão ou desmotivação ou se a ansiedade for recorrente ou com crises agudas frequentes, com prejuízo para a manutenção da rotina, é necessário procurar ajuda profissional. Além disso, se há mudanças de humor inesperadas ou irritabilidade recorrente, se atividades que proporcionavam satisfação e prazer deixam de promover esse bem-estar, uma avaliação com um profissional, psicólogo e/ou psiquiatra, é um bom caminho para iniciar um cuidado especializado.
A psicóloga separou algumas dicas para ajudar a reduzir a ansiedade ao longo do ano. Confira:
Desenvolver o hábito de estudar diariamente
O importante aqui é o equilíbrio. Nada de ter picos de estudo intercalados a dias que não se consegue nem encostar nos livros.
Rotina
Tenha uma rotina organizada e previsível, com horários preestabelecidos e coerentes com as tarefas a serem executadas. Isso também favorece o equilíbrio.
Aprender a identificar os próprios limites
O cansaço é inevitável, mesmo com uma rotina equilibrada, portanto, permitir-se descansar e ter momentos de lazer é fundamental para sustentar os estudos sob pressão, como na preparação para os vestibulares.
Saber qual seu ponto de partida
Você teve uma boa formação no Ensino Médio? Sua escola preparava bem para os vestibulares? Há déficits a serem sanados? A sua dedicação aos estudos é coerente com as exigências do curso escolhido e das instituições almejadas? Tenha isso em mente para saber quais serão seus maiores desafios.
Prioridades
Aprenda a identificar os conteúdos e pontos mais frágeis que serão exigidos nos vestibulares para dedicar-se a eles de maneira mais focada e eficiente – lidar com as dificuldades é fundamental para minimizar a ansiedade e para o crescimento acadêmico.
Trabalhar a resiliência
Mesmo com muita dedicação, não se acerta sempre e lidar com um erro de maneira consciente é uma das melhores maneiras para aprender – sentir-se capaz de superar as dificuldades será muito gratificante.
Além dos estudos
Lembre-se que equilíbrio na rotina também inclui momentos de lazer, prática de exercícios físicos, boa alimentação e sono regular.