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É verdade que nunca chove em Lima, capital do Peru?

Relato nas redes sociais afirma que cidade não vê uma precipitação desde a década de 1970. Será mesmo? O que diz a meteorologia?

Por Luccas Diaz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 dez 2025, 19h00 •
Montagem com duas fotos de calçadas urbanas: à esquerda, uma ciclovia em dia seco destacada por um grande círculo e seta vermelhos; à direita, duas pessoas com guarda-chuvas atravessam a rua sob forte chuva.
É verdade que não chove na capital da Peru? (Cecília Olliveira/Freepik/Intervenção: Canva/Reprodução)
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  • Nos últimos dias, viralizou nas redes sociais o registro de uma mulher que ficou surpresa ao visitar Lima, capital do Peru, e descobrir que as ruas da cidade não dispõem de um sistema de escoamento de água. O mesmo acontece com os telhados, que não têm curvatura, são retos. Ao longo da viagem, a jornalista acabou descobrindo que essas características são resultado, sobretudo, da ausência de chuvas na região. Ela até se arriscou dizendo que não chove na cidade desde a década de 1970. Mas será isso mesmo? Por que não chove em Lima?

    Às margens do Oceano Pacífico e próxima da Linha do Equador, seria lógico imaginar uma cidade quente e chuvosa. Mas o que acontece é exatamente o oposto: Lima está localizada em uma região desértica e quase nunca vê chuva cair do céu. Claro que, desde a década de 1970, já choveu em momentos pontuais, mas a jornalista não estava errada. A ausência de chuva não é mito, nem fake news — é ciência, e tem explicações meteorológicas.

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    Nuvens de baixa qualidade

    Mapa político do Peru com o Departamento de Lima destacado em vermelho no centro-oeste do país, ao longo da costa do oceano Pacífico.
    Lima (em destaque), capital do Peru (Wikimedia Commons/Reprodução)

    O principal responsável por esse clima seco em Lima é a Corrente de Humboldt, uma corrente oceânica fria que percorre a costa da América do Sul. Em termos simples: a água do mar perto de Lima é mais fria do que se esperaria para aquela latitude. E quando o oceano é frio, a quantidade de água que evapora é muito pequena.

    Com menos vapor de água subindo para a atmosfera, as nuvens que se formam ficam de “baixa qualidade”: são baixas e fracas. Esse tipo de nuvem não cresce o suficiente para desaguar em chuva. Em vez disso, proporciona uma névoa fina e persistente, chamada localmente de garúa, como explica o Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Peru (SENAMHI).

    Dessa forma, as chuvas na capital são mesmo raras — mas acontecem, principalmente quando o fenômeno El Niño aquece as águas do Pacífico. Com o mar mais quente, há mais evaporação, as nuvens crescem mais e a chuva finalmente ocorre. Infelizmente, quase sempre em forma de eventos extremos.

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    A “barreira” natural criada pelos Andes

    Mapa da América do Sul com a cordilheira dos Andes destacada em verde ao longo da porção ocidental do continente, desde o norte da Venezuela até a região sul de Chile e Argentina.
    Localização aproximada da cordilheira dos Andes na América do Sul (Wikimedia Commons/Reprodução)

    Outro fator que contribui para a ausência de água caindo do céu é a cordilheira dos Andes, a maior cadeia de montanhas da América do Sul. Elas funcionam quase como uma parede natural atrás de Lima.

    A gente explica: a maior parte da umidade que entra no continente vem do Oceano Atlântico, trazida por ventos úmidos. Quando esse ar cheio de vapor de água encontra os Andes — esse grande “paradão” —, não vê outro caminho a não ser subir.

    Ao subir, esfria, e o vapor se transforma em gotas, que caem como chuva… mas do outro lado da montanha, principalmente na Amazônia (alô, clima Equatorial Úmido) e nas regiões mais orientais dos Andes. Quando o ar finalmente chega à costa do Pacífico, ele já perdeu quase toda a umidade. Esse efeito é chamado de “sombra de chuva”, isto é, a montanha “rouba” a chuva antes que ela chegue a Lima.

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    Um deserto… úmido

    Todas essas características criam uma situação ainda mais curiosa em Lima. A cidade é seca em termos de chuva, mas é úmida em termos de sensação.

    Sim, a umidade relativa do ar é alta por lá, dando aquela sensação de abafado. Isso se explica pela proximidade da capital com o mar e da névoa quase constante.

    Por esse motivo, é comum no inverno que as paredes fiquem úmidas e o céu cinza, mesmo sem chuva.

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    Mas e os bueiros?

    Cena de rua em Lima, Peru, mostrando uma calçada movimentada com pedestres, um motociclista parado junto a pequenos arbustos em canteiros e edifícios comerciais ao fundo em um cruzamento urbano.
    Vista de uma esquina em área comercial de Lima (Wikimedia Commons/Reprodução)

    Agora, será que é verdade que a cidade nunca precisou se preocupar com bueiros ou outras formas de escoamento da chuva? Podemos dizer que que sim e não.

    Como Lima recebe pouquíssima chuva ao longo do ano, historicamente os grandes sistemas de drenagem de águas pluviais nunca foram prioridade da prefeitura. O que não significa que eles não existam – apenas que não foram amplamente prioriziados como acontece no Brasil, um país de clima predominante tropical.

    Estudos de planejamento urbano e alertas do próprio SENAMHI, inclusive, mostram que, quando ocorrem chuvas fortes — especialmente em anos de El Niño — a cidade sofre com alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos (conhecidos localmente como huaicos).

    Relatórios climáticos, como os da NOAA e da Organização Meteorológica Mundial, mostram que os episódios de chuva tendem a ter consequências mais intensas na cidade justamente pela falta de adaptação a elas.

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    Ou seja: não é que a cidade foi projetada sem o devido escoamento, mas a ausência de chuva influnciou, sim, algumas prioridades.

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    Relato nas redes sociais afirma que cidade não vê uma precipitação desde a década de 1970. Será mesmo? O que diz a meteorologia?

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