Assine Guia do Estudante ENEM por 15,90/mês
Continua após publicidade

Israel e Palestina: entenda a origem do conflito

Dominação política, êxodos e guerras marcam a região há mais de mil anos

Por Danilo Thomaz, Alexandre de Melo
Atualizado em 9 out 2023, 09h49 - Publicado em 29 Maio 2021, 00h01

O conflito entre Israel e Palestina existe há muitos anos e afeta a vida de milhares de pessoas há décadas. Você não compreende o que está acontecendo na região? Realmente, recapitular os muitos capítulos do conflito não é uma tarefa fácil. O GUIA destaca a seguir os 5 principais pontos de estudo e para a compreensão de um dos maiores dilemas da humanidade.

1 – Criação do Estado de Israel

O conflito entre os dois países remonta à criação do Estado de Israel. Desde a década de 1940, um novo movimento sionista defendia a fundação de um Estado judeu na Palestina que, na ocasião estava sob domínio inglês. A criação de um Estado judeu seria uma resposta ao Holocausto nazista, que dizimou essa população e também ciganos, homossexuais, dissidentes políticos. 

Em 29 de novembro de 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprova a divisão da Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe. Líderes judeus aceitam a resolução da ONU, mas os países árabes não. Na época, viviam na região 1,3 milhão de árabes e 600 mil judeus.

As tropas britânicas deixam a Palestina e grupos sionistas  começam a organizar o Estado judeu. Em 14 de maio de 1948, o presidente da Agência Judia para a Palestina, David Ben-Gurion, anuncia  a formação do Estado de Israel.

O diplomata e político brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960) presidiu a sessão da ONU que deliberou sobre quais porções de terra ficariam com a Palestina e quais com o novo estado, de Israel.

Continua após a publicidade

++ SUPERINTERESSANTE: Como foi a fundação de Israel?

 

2 – Origens históricas do conflito – Diáspora judaica

Essa história, porém, não tem início no século 20. É um conflito que remonta à Antiguidade. E é importante ter em mente que a história do povo judeu, como a de outros povos e religiões, inflexiona mito e registro histórico – mesmo porque, na Antiguidade, a História não era uma ciência como hoje e nem tinha como função o apego aos fatos, mas, sim, a construção – ou destruição – de reputações, povos, civilizações. E que nossa explicação aqui não pretende ser a definitiva nem tampouco esgotar a história.

Ainda na Antiguidade, os grupos judeus dividiram-se em dois reinos: o de Israel e o de Judá. A cisão se deu em decorrência dos diferentes conflitos entre esses povos, que, por sua vez, os tornou mais vulneráveis às invasões estrangeiras – estamos falando da Antiguidade, não se esqueça.  

Israel foi dominada pelos assírios, submetendo os povos judeus da região à sua cultura. O Reino de Judá conseguiu manter-se independente até, no 596 a.C., a dominação pela Mesopotâmia.

A libertação dos judeus após meio século e a retomada das terras na região da Palestina, no entanto, não significou paz e liberdade. Houve ainda outros processos de dominação pelos macedônicos, liderados por Alexandre, O Grande e pelo Império Romano, em 63 a.C., que tornou a Judeia um reino associado. 

Continua após a publicidade

Apesar de viver sob domínio romano, a Judeia pôde preservar sua cultura até a ascensão do Cristianismo, no ano 70 d.C., quando ocorre, então, a diáspora judaica. Os judeus – que não viviam exclusivamente na Judeia –, ao longo dos séculos, espalham-se pela Europa, formando dois ramos: o sefardita – na Península Ibérica, na Holanda e na Turquia – e asquenazi, a maioria deles no Leste Europeu. 

A vida no Velho Mundo, no entanto, não seria fácil. Os judeus foram expulsos da Península Ibérica no século 16, por causa da Inquisição, e da Inglaterra. Parte dos judeus sefarditas, aliás, imigrou para o Brasil, ajudando a constituir parte da identidade cultural dos estados da região Nordeste. 

O antissemitismo e as guerras europeias levam a uma nova onda de imigrações na primeira metade do século 20 para todo o continente americano, em especial os Estados Unidos, a Argentina, país que também sofre forte influência judaica, e o Brasil. 

3 – Guerras

A criação do Estado de Israel, todavia, muda o eixo da imigração judaica. Judeus de vários países europeus adotam o novo país como sua pátria. O aumento da população judaica em uma nova nação num território que há séculos era de maioria árabe leva a guerras imediatas. 

Os povos árabes do Oriente Médio iniciaram uma ofensiva contra o Estado de Israel no mesmo ano de sua criação. A Primeira Guerra Árabe-Israelense foi liderada por Egito, Líbano, Síria e Transjordânia (hoje, Jordânia) contra o Estado de Israel que contou com o apoio militar dos Estados Unidos. Após o armistício na região, Israel ocupou novas áreas pertencentes aos palestinos.

Continua após a publicidade

Depois, vieram outras guerras, como a de Suez (1956), dos Seis Dias (1967) e do Yom Kippur (1973). A ascensão de forças radicais e fundamentalistas religiosos no mundo árabe e da direita nacionalista em Israel foi levando a uma crescente tensão.  

Veja um resumo em vídeo que o GUIA preparou com a Oficina do Estudante

4 – Questão Palestina

Do mesmo modo que o movimento sionista advogada um Estado israelense, a Palestina luta por seu reconhecimento como estado independente. Isso, no entanto, passa pela disputa em torno da cidade de Jerusalém, que o Estado palestino – composto formalmente pela Faixa de Gaza e a Cisjordânia e reconhecido por 138 dos 193 membros da ONU – advoga como sua capital. 

No entanto, Jerusalém é um ponto turístico religioso sagrado para as três grandes religiões monoteístas:  o islamismo,  o judaísmo e o cristianismo.

A expansão de Israel e seu poderio bélico tem levado a críticas mais severas ao estado israelense – algumas das quais chegam a considerar a ação de Israel como genocídio.

Continua após a publicidade
Territórios palestinos hoje: Faixa de Gaza e a Cisjordânia
Territórios palestinos hoje: Faixa de Gaza e a Cisjordânia. (Wikimedia Commons/Divulgação)

5 – Hamas

O Movimento de Resistência Islâmica, o Hamas, é o maior grupo político-militar islâmico de origem sunita na Palestina. O grupo surgiu  após o início da primeira intifada palestina contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em 1987.  O Hamas se compromete com a destruição de Israel em seu estatuto.

Quem está certo?

O escritor Amós Oz (1939-2018), um dos maiores nomes da literatura israelense, costumava afirmar que, no caso Israel e Palestina, os dois lados estavam certos. A solução para o caso seria a criação de dois Estados que, com o tempo, poderiam converter-se numa espécie de federação, nos moldes da União Europeia, por exemplo.

Bibliografia

Era dos Extremos (Companhia das Letras), Eric Hobsbawm
Compre aqui
Cleópatra, uma biografia (Zahar), Stacy Schiff
Compre aqui
Como curar um fanático (Companhia das Letras), Amós Oz
Compre aqui
Arrancados da terra (Companhia das Letras), Lira Neto
Compre aqui

 

REFERÊNCIAS

BBC – 10 perguntas para entender o conflito entre israelenses e palestinos

Busca de Cursos

Continua após a publicidade

Youtube: Jerusalém

Youtube: A guerra dos seis dias

O’Malley, Padraig –  The Two-State Delusion: Israel and Palestine-A Tale of Two Narratives. Viking, 2016

Publicidade
Israel e Palestina: entenda a origem do conflito
Estudo
Israel e Palestina: entenda a origem do conflito
Dominação política, êxodos e guerras marcam a região há mais de mil anos

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

DIGITAL
DIGITAL

Acesso ilimitado a todo conteúdo exclusivo do site

A partir de R$ 9,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.