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“No seu pescoço”: resumo e análise do livro de Chimamanda Ngozi Adichie

Cobrado no vestibular da Unicamp 2026, a obra explora, em doze contos, questões da imigração, identidade e desigualdade racial

Por Redação
Atualizado em 14 jul 2025, 15h01 - Publicado em 10 mar 2025, 10h00
no seu pescoço chimamanda
 (Companhia das Letras/Canva/Reprodução)
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Imigração, identidade, desigualdade racial e os desafios impostos por uma sociedade cada vez mais globalizada. Esses são alguns dos temas centrais de “No Seu Pescoço“, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Publicado em 2009, o livro é uma coletânea de doze contos que mergulham em histórias de personagens africanos e imigrantes que buscam encontrar seu lugar em um mundo marcado por diferenças culturais e sociais. Se já valia a pena ler por esse enredo fascinante, quem se prepara para o vestibular tem uma razão a mais: a obra está presente na lista de leituras obrigatórias do vestibular da Unicamp 2026.

Adichie, autora aclamada internacionalmente por obras como “Americanah” e “Meio Sol Amarelo“, já é conhecida por sua escrita envolvente, que mistura elementos de sua própria vivência como mulher nigeriana e imigrante. Em “No Seu Pescoço”, a escritora se distancia da forma do romance e se reinventa como contista, explorando a complexidade das relações humanas por meio de narrativas curtas e impactantes.

Em suas obras mais longas a autora abordou a diáspora africana e as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes em busca de uma vida melhor, mas, dessa vez, aprofunda o olhar sobre o impacto da imigração e os dilemas da identidade, entrelaçando temas universais com questões da história de sua terra natal e dos novos mundos que seus personagens tentam habitar.

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A estrutura e os narradores de “No seu pescoço”

O livro é composto de 12 contos que abordam, de forma sensível e direta, a experiência de pessoas que se veem deslocadas entre duas culturas e, muitas vezes, forçadas a redefinir sua própria identidade.

São eles:

  1. A cela um
  2. Réplica
  3. Uma experiência privada
  4. Fantasmas
  5. Na segunda-feira da semana passada
  6. Jumping Monkey Hill
  7. No seu pescoço
  8. A embaixada americana
  9. O tremor
  10. Os casamenteiros
  11. Amanhã é tarde demais
  12. A historiadora obstinada
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Quanto ao estilo da narrativa, a obra se distingue pela clareza e pela objetividade. A autora não recorre a recursos estilísticos excessivos ou a uma prosa poética – como fazem, muito bem, outros autores africanos contemporâneos, a exemplo de Mia Couto ou Pauline Chiziane. Com isso, utiliza uma linguagem direta para descrever as realidades difíceis e os dilemas internos de seus personagens. Os contos também variam em relação ao narrador – por vezes personagem, como em “A cela um”, e por vezes onisciente, como em “Uma experiência privada”.

Cada história é uma janela para uma realidade complexa e multifacetada, onde a autora introduz temas como a violência policial, a corrupção, o consumismo e a busca por justiça social, de forma que o leitor é imediatamente capturado pela trama e pelas questões que ela propõe.

Embora a narrativa seja objetiva, ela não deixa de ser profundamente reflexiva. Cada história carrega uma carga emocional que força o leitor a confrontar suas próprias crenças e ideias sobre raça, identidade, imigração e desigualdade.

Os temas de “No Seu Pescoço”

Imigração

O conto que dá título ao livro é um exemplo claro da temática central da obra, a identidade de quem migra. A jovem protagonista nigeriana, ao chegar nos Estados Unidos, logo é confrontada com a dura realidade do racismo e das diferenças culturais que a separam dos americanos, seja no trabalho, na vizinhança ou na faculdade comunitária onde estuda.

Ao tentar encontrar seu lugar em uma sociedade tão distinta da que deixou para trás, ela se depara com um conflito profundo de identidade, ao mesmo tempo em que observa as contradições da vida americana – o desperdício de comida, a pobreza disfarçada de consumismo e a distância entre os ideais do “sonho americano” e a realidade enfrentada por muitos imigrantes. O conto aborda ainda as relações inter-raciais e a exotização sofrida pelos africanos.

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Em outros contos, como em “Réplica” e “Uma Experiência Privada”, a autora expõe o impacto da imigração sobre a vida das mulheres e como elas lidam com os desafios de se ajustar a um novo ambiente, ao mesmo tempo em que tentam manter suas raízes culturais e espirituais.

No caso de “Réplica” especificamente, uma mulher africana casada com um empresário bem-sucedido se vê presa em uma mansão nos Estados Unidos, vivendo a solidão de estar em uma cultura que não é a sua, e enfrentando a opressão de um casamento marcado por uma estrutura poligâmica que ela tenta, sem sucesso, conciliar com a vida moderna.

Identidade

Para além da imigração, a identidade é outro tema central do livro, especialmente aquela marcada pela diáspora. Chimamanda oferece uma visão crítica sobre a construção social da identidade no que diz respeito às relações de poder entre o colonizador e o colonizado. Essa reflexão é particularmente evidente em contos como “A Historiadora Obstinada”, que aborda o processo de aculturamento imposto pelos colonizadores, e “Fantasma”, no qual a protagonista se vê confrontada pelas escolhas que fez em sua vida e com o peso de um passado marcado pela violência e pela desigualdade.

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A autora faz um paralelo entre o passado colonial de seu continente e os desafios atuais que os africanos enfrentam ao tentarem reconstruir suas identidades em um mundo globalizado e marcado pela constante mobilidade de pessoas e ideias. Ao mesmo tempo, também questiona a construção da “história única” – conceito que ficou famoso após sua palestra homônima – e apresenta uma outra perspectiva, a do colonizado, sobre os eventos históricos e as estruturas de poder que definem quem somos e como somos vistos pelo mundo.

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Família e gênero

Outro aspecto importante que percorre “No Seu Pescoço” são as complexas dinâmicas familiares e as questões de gênero. Ao longo dos contos, Adichie explora como as relações familiares são afetadas pela migração e pelo choque cultural, mas também como as mulheres, muitas vezes em contextos de opressão, encontram formas de resistência e autoafirmação.

Em “Uma Experiência Privada”, por exemplo, duas mulheres – uma cristã e uma muçulmana – compartilham um momento de solidariedade durante um conflito étnico violento. A relação entre as duas, embora forjada em um ambiente de adversidade, representa a capacidade de diálogo e compreensão, além de expor a complexidade da convivência entre diferentes grupos religiosos e étnicos.

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Além disso, a obra faz uma reflexão sobre as dificuldades e as expectativas colocadas sobre as mulheres, especialmente aquelas que vivem em contextos patriarcais. Em “Casamenteiros”, a protagonista sofre com a imposição de um casamento arranjado, enquanto em “Amanhã é Tarde Demais”, a questão de gênero, das relações familiares e do luto são abordadas de forma sensível. Chimamanda revela, com sutileza, como as mulheres, mesmo em situações de subordinação, encontram maneiras de resistir e de reconstituir suas próprias histórias.

Quem é Chimamanda Ngozi Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie é uma renomada escritora e ativista nigeriana, que contribuiu para a literatura contemporânea e gerou reflexões sobre questões de identidade, gênero e política. Nascida em 15 de setembro de 1977 em Enugu, na Nigéria, Adichie se formou em comunicação e ciência política na Universidade da Nigéria e, posteriormente, conquistou um mestrado em escrita criativa na Universidade de Johns Hopkins. Sua obra é marcada pela exploração das complexidades da experiência africana e da diáspora.

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Entre suas obras mais influentes estão “Meio Sol Amarlo”, que retrata a Guerra da Biafra e suas consequências, e “Americanah”, que aborda questões de raça e identidade na experiência de imigrantes nigerianos nos Estados Unidos. Adichie também se destacou por seu ensaio “Sejamos todas feministas”, que se tornou uma referência essencial no debate sobre feminismo, explorando a necessidade de uma luta inclusiva e abrangente por igualdade de gênero. Este ensaio foi adaptado em uma popular palestra TED, ampliando ainda mais seu alcance.

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Estudo
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